A BESTA ÁRIDA: UMA PERSPECTIVA “ANTINEOLÍTICA” ENTRE OS AWÁ-GUAJÁ, TUPI NO MARANHÃO

Renata Otto

Resumo


Originários da região do interflúvio Xingu-Tocantins, os Awá-Gujá, tupi-guarani, empreenderam uma migração, mudando-se para sua região atual no vale do Pindaré, no estado do Maranhão. Ao mesmo tempo, deixaram um modo agricultor/aldeado e adotaram um modo forrageiro/desaldeado. Ou seja, passaram por um acontecimento histórico (ou evento) e efetuaram uma transformação estrutural. Discutimos os argumentos que afirmam que tal transformação seja decorrência do evento. Em nossa hipótese, todos os eventos são transformações, isto é, são atualizações, em níveis conversíveis, de uma mesma cosmopolítica. Desta maneira, as transformações deixam de ser
explicadas como efeito de uma constrição externa e passam a aparecer mais como uma “escolha”, um modo próprio de ordenar as contingências por meio de padrões anteriores. Sustentamos ainda que esta escolha (esta transformação) particular da sociedade awá-guajá é marcada por um caráter paradoxal (aliás, como o dom, livre e obrigatório, ao mesmo tempo): ela se realiza, de acordo com o sugerido por Lévi-Strauss, como uma “perda vantajosa”. Trata-se, enfim, de apreciar como vantagem o abandono (ou a perda), recusando a acumulação (de quantidades do mesmo) em favor da diversificação ou diversidade (das qualidades).


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