Platão-Diálogos
Os manuscritos contendo os diálogos platônicos
A ordem na qual foram classificados os diferentes escritos de Platão variou durante os séculos. Pouco após sua morte, Filipe de Oponto se teria encarregado de editar as Leis, que ele teria dividido em doze livros e complementado com o Epínomis. Uma edição acadêmica foi feita ainda na época em que Xenócrates era escolarca, ou seja, trinta anos após a morte de Platão. Um trabalho de edição e revisão foi efetuado em Alexandria por Aristófanes de Bizâncio (2570-180 aC.); nesta edição, dita Alexandrina, os diálogos foram classificadas por grupos de três (trilogias). Já a divisão em grupos de quatro (tetralogias) poderia remontar à edição anotada encomendada, em Roma, por T. Pomponius Atticus, amigo de Cícero. Em 1483-1484, Marsílio Ficino traduz toda a obra de Platão. A primeira edição do texto grego data de 1534. Em Genebra, em 1578, Henri Estienne (ou Henricus Stephanus), o impressor do rei Henrique III, publica a edição a partir da qual foi convencionado o modo como nos referimos aos textos de Platão. Nos três tomos que compõem essa edição, cada página tem duas colunas: na da direita está impresso o texto grego, e na da esquerda a tradução latina de Jean de Serres. No meio, entre as duas colunas, encontramos cinco letras: a, b, c, d e e, que dividem cada coluna em cinco parágrafos. Essa disposição explica o modo pelo qual citamos Platão: o título do diálogo (em itálico), o número do livro (se for o caso), a página, o parágrafo (letras) e as linhas. Por exemplo: República VII 532A1-B5 , Sofista 253C6-8. Comentários, sínteses e escólios antigos Comentários 1. Anônimo médio-platônico – comentário anônimo ao Teeteto, de inspiração médio-platônica, que chegou-nos em papiro. Edição: Anonymer Kommentar zu Platons Theaetet (Papyrus 9782), nebst drei Bruchstücken philosophischen Inhalts (Pap. n.8; Papp. 9766, 9569), unter Mitwirkung von J. L. Heiberg, bearbeitet von H. Diels und W. Schubert, ("Berliner Klassikertext hrsg. von der Generalverwaltung der kgl. Museen zu Berlin", Herft II), Weidmann, Berlim, 1905 (sobre o qual ver a recensão de Praechter, em "Göttingische Gelehrte Anzeigen", 171 [1909], p.530-547, agora em Kleine Schriften, Herausgegeben von H. Dörrie, Hildesheim, 1973, p.264-281). 2. Calcídio – filósofo neoplatônico do séc. IV dC.; de sua obra, chegou-nos uma tradução (parcial) em latim com comentário do Timeu. Edição crítica: J. H. Waszink; P. J. Jensen. Timaeus a Calcidio translatus commnetarioque instructus ("Platus Latinus", vol. IV). Brill, Leiden, 1962; 1975. Bibliografia: BOEFT, J. den. Calcidius on Demons, Leiden, 1977. BOEFT, J. den. Calcidius on fate, his doctrine and sources. Leiden, 1970. WINDEN, J. C. M. van. Calcidius on matter, his doctrine and sources. A chapter in the history of Platonism. Leiden, 1959, 1965. 3. Damácio de Damasco – filósofo neoplatônico, do séc. VI d.C., último diádoco da escola de Atenas. Obras: Problemas e soluções sobre os primeiros princípios e um Comentário ao Parmênides; extratos e fragmentos da Vida de Isidoro, conservados sobretudo por Fócio; estudos recentes atribuem a Damácio o Comentário ao Filebo, antes atribuído a Olimpiodoro; boa parte do Comentário ao Fédon de Platão, também atribuído a Olimpiodoro, é agora atribuído a Damácio. 4. Hérmias de Alexandria – filósofo neo-platônico, séc. V d.C., autor de um comentário ao Fedro 5. Jâmblico de Cálcides – filósofo neo-platônico, fundador da escola siríaca; n. circa met. séc III d.C. / m. terceiro decênio do séc. IV. Por autores diversos, foram conservados fragmentos de comentários aos diálogos platônicos: Alcibíades Maior, Fédon, Crátilo, Sofista, Fedro, Filebo, Timeu, Parmênides. LARSEN, Dalsgaard B. Jamblique de Chalcis exégète et philosophe,. Appendice: Testimonia et fragmenta exegetica, Universitetsforlaget i Aarhus 1972. (reúne tanto os fragmentos dos comentários aos esotéricos de Aristóteles como os dos comentários aos diálogos platônicos) DILLON, J. M. Iamblichi Chalcidensis in Platonis dialogos commentariorum fragmenta ("Philosophia antica" 23), Brill, Leiden 1973. (recolhe o que existe dos comentários aos diálogos de Platão, traduzidos para o inglês) 6. Olimpiodoro de Alexandria – filósofo neoplatônico, séc. VI dC., discípulo de Amônio filho de Hérmias Obras: Comentário ao Fédon ( atribuição questionável; hoje atribuído a Damácio); Comentário ao Alcibíades Maior; Comentário ao Górgias. WESTERINK, L. G. The Greek commentaries on Plato's Phaedo, Vol. I: Olympiodorus. Amsterdã-Oxford-Nova Iorque: North-Holland Publishing Company, 1976. WESTERLINK, L. G. Olympiodorus commentary on the First Alcibiades of Plato, Critical texts and indices. Amsterdã: North-Holland Publishing Company,1956. WESTERLINK, L. G. Olympiodory in Platonis Gorgiam commentaira. Lípsia, 1970 (col. teubneriana). 7. Proclo de Constantinopla – filósofo neo-platônico da escola de Atenas, n.410-m.485 dC. Obras: Comentários aos seguintes diálogos: Timeu, República, Parmênides, Alcibíades e Crátilo. Teologia platônica, em 6 livros Antigas sínteses e introduções ao pensamento de Platão 1. Albino de Esmirna - filósofo médio-platônico, séc. II d.C. Obras: Prólogo; Didascálico; De qualitatibus incorporeis, geralmente atribuído a Galeno, atualmente atribuído a Albino, por Orth. 2. Apuleio de Madaura – literato e filósofo médio-platônico, séc. II d.C. Obras: Sobre o deus de Sócrates; Em torno a Platão e sua doutrina; Sobre o cosmo 3. Diógenes Laércio – doxógrafo, primeira metade do séc. III d.C. Obra:Vidas dos filósofos, III Escólios 1. Hermann, Platonis Diaologi, VI, p.223-396 2. Schola Platonica contulerunt atque Investigaverunt Fredericus De Forest Allen, Johannes Burnet, Carolus Pomeroy Parker, omnia recognita praefatione indicibusque instructa edidit Guilielmus Chase Greene, in lucem protulit Societas Philologica Americana, Haverfordiae in civitate Pennsylvaniae 1938. 3. M. Carbonara Naddei, Gli scoli greci al Gorgia di Platone, Bolonha 1976. Fontes Coleção de traduções recentes dos diálogos: Platon. Paris : GF-Flammarion. ALLINE, P. Histoire du texte de Platon. Paris : Champion, 1915. Bibl. de l’Ecole des Hautes Etudes, fasc. 218. CANTO-SPERBER, M. (Dir.) Philosophie grecque. Paris: PUF, 1997. REALE, G. História da Filosofia Antiga. Vol 5. Trad. H. C. L. Vaz; M. Perine. São Paulo: Loyola, 1995.
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