Waeny, M.F.C. (2005) Bibliografia de Ignace Meyerson. Memorandum, 9, 132-140. Retirado em   /  /  , do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a09/waeny03.htm

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Bibliografia de Ignace Meyerson

 The Ignace Meyerson’s bibliography

 Maria Fernanda Costa Waeny
Brasil
 

Resumo
O artigo oferece uma breve biografia de Ignace Meyerson e reproduz, em língua portuguesa, a bibliografia deste psicólogo. O objetivo é facilitar um primeiro contato com a obra desse autor e promover o conhecimento sobre sua obra. Da bibliografia merecem destaque as conferências e colóquios realizados pelo Centro de Pesquisas de Psicologia Comparativa e os títulos dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. A variedade dos assuntos das ementas dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais fornecem uma visão geral sobre a diversidade e a amplitude temática da psicologia histórica proposta pelo autor.

Palavras-chave: psicologia histórica; história da psicologia; história das ciências humanas; história das idéias; Ignace Meyerson

Abstract
The article offers a brief biography of Ignace Meyerson and reproduces, in Portuguese, the bibliography of this psychologist. The aim is to facilitate a first contact with the work of that author and to promote the knowledge of his work. In the bibliography, the conferences and colloquys which took place in the Comparative Psychology Research Center and the titles of the courses that were taught at the Practical School of Advanced Studies/ School of Advanced Studies in Social Sciences received special attention. The variety of the subjects of the menus of the courses taught at the Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais supply a general view regarding the diversity and thematic breadth of the kind of historical psychology proposed by the author.

 Keywords: historical psychology; history of psychology; history of human sciences, history of ideas; Ignace Meyerson

 

Introdução
 
O polonês Ignace Meyerson (1888-1983) chegou a Paris em 1905, onde concluiu os cursos de Medicina e Filosofia. Trabalhou no asilo clínico de Saint Anne e nos laboratórios de fisiologia da Sorbonne e do Museu de História Natural. Em 1907 se inscreveu no partido Socialista, e na I Guerra Mundial atuou como médico auxiliar da Legião Estrangeira. Na década de 1920 trabalhou na Salpêtrière, foi assitente de Henri Piéron no Laboratório de Psicofisiologia do recém-criado Instituto de Psicologia de Paris, foi eleito secretário da Sociedade francesa de Psicologia e do Jornal de Psicologia Normal e Patológica, começou a trabalhar na Escola Prática de Altos Estudos, iniciou a tradução do livro de Freud e empreendeu uma pesquisa com Paul Guillaume sobre o comportamento animal. Na II Guerra Mundial ele foi para Toulouse, onde participou da resistência, mudou de nome (Jean Julien Montfort, Jean Charles Montes) e dirigiu o jornal clandestino Armada Secreta do Sudoeste. Após 1945 sua atenção se volta exclusivamente para a psicologia histórica (1).
 
Ignace Meyerson é um autor ainda pouco conhecido, apesar da extensão e originalidade de sua obra. O ponto central de sua produção intelectual foi a tese As funções psicológicas e as obras, defendida em 1947 e publicada em 1948. Daí em diante sua atenção se dirigiu para as pesquisas em psicologia histórica, abrangendo cerca de trinta anos de cursos à Escola Prática de Altos Estudos/Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais; a fundação do Centro de Pesquisas de Psicologia Comparativa, em 1953; a organização de ciclos de conferências e de três colóquios interdisciplinares. Entre suas atividades científicas destacam-se cerca de setenta artigos, mais de mil resenhas, prefácios e traduções. Ele foi também professor universitário em Paris e Toulouse; secretário da Sociedade francesa de Psicologia e membro do Conselho Nacional de Pesquisa Científica; secretário e depois diretor do Jornal de Psicologia Normal e Patológica; e integrou o comitê de organização do XI Congresso Internacional de Psicologia, em 1935.
 
Grande parte da bibliografia de Ignace Meyerson é disponível em nossas bibliotecas. Nesses acervos encontram-se obras de relevância como: Trabalho, ocupações, emprego (Meyerson, 1955); Problemas da cor (Meyerson, 1957); Problemas da pessoa (Meyerson, 1973); Psicologia comparativa e arte. Homenagem a I. Meyerson (1972), Escritos 1920-1984. Por uma psicologia histórica (Vernant, 1987); A inteligência plena (Meyerson, 1951); o prefácio ao livro Psicologia diferencial do adolescente (Zazzo, 1966); a versão francesa de Interpretação dos sonhos (Freud, 1950); e a maioria de seus artigos, que foram publicados no Jornal de Psicologia Normal e Patológica.
 
É provável que os primeiros textos sobre Ignace Meyerson e sobre a psicologia histórica sejam Sobre as pesquisas de psicologia comparativa histórica (Vernant, 1960) e História e psicologia (Vernant, 1965). O crescente reconhecimento da obra de Meyerson tem aumentado consideravelmente as publicações sobre o assunto. São artigos, livros, cronologias, comunicações científicas e eventos, alguns deles disponíveis na internet. Os livros mais recentes infelizmente não constam de nossos acervos: a série artigos sobre comportamento animal, reunidos sob o título Pesquisas sobre o uso do instrumento entre os macacos (Meyerson & Guillaume, 1987); o colóquio Psiquismo e história, publicado sob o título Technologies, idéologies, pratiques (1989); o livro Por uma antropologia histórica do mundo antigo (Di Donato, 1990); a coletânea Forma, cor, movimento nas artes plásticas (1953-1974) (1991); a reimpressão da tese As funções psicológicas e as obras (Meyerson, 1995) e o respectivo posfácio, Um homem, um livro (Di Donato, 1995); os textos de Jean-Pierre Vernant sobre Meyerson, Passado e presente. Contribuições para uma psicologia histórica (Di Donato, 1995); o colóquio Por uma psicologia histórica. Escritos em Homenagem a Ignace Meyerson (Parot, 1996); o curso que Meyerson ofereceu em 1975/1976, Existe uma natureza humana? Psicologia histórica, objetiva, comparativa (Parot, 2000); o inventário do acervo, 521 AP 1 à 67. Archives d’Ignace Meyerson (1888-1983), elaborado por Parot e colaboradores (s.d.). Estes mesmos volumes remetem a muitos outros textos (artigos, necrológios e biografias) sobre Meyerson e noticiam a tradução da tese para o italiano.
 
Há alguns textos disponíveis em língua portuguesa. Dois deles são traduções: Ler Meyerson (Vernant, 2002) e Psicologia histórica e experiência social (Vernant, 2002). Já os textos redigidos em português parecem ter acompanhado o crescimento da produção internacional, dentre os quais pode-se citar: Psicologia e história (Penna, 1982); As funções psicológicas e o tempo (Penna, 1988); Psicologia e história: a psicologia histórica (Penna, 1991); A psicologia histórica de Ignace Meyerson (Waeny, 1997); A psicologia histórica de Ignace Meyerson (Waeny, 1998); História, memória e abordagens históricas: situando um problema (Waeny, 2002); e Ignace Meyerson (Waeny, 2003).
 
Há certo consenso quanto à bibliografia de Ignace Meyerson (Leroy, 1986; Vernant, 1987; Di Donato, 1995; Parot, s.d.). Algumas delas incluem resenhas e necrológios que o biógrafo considerou importantes. De fato, a competência intelectual de Meyerson por vezes transformou alguns desses textos em verdadeiras jóias do ponto de vista histórico e conceitual, mas outros são simples resumos. Mas o número de resenhas é alto e o conteúdo diversificado, de modo que é preciso analisar e definir graus de importância antes de incluir algum desses textos em uma análise bibliográfica. O mais citado é sem dúvida a resenha de Meyerson sobre a comunicação de Marcel Mauss feita à Sociedade de Psicologia, intitulado As relações entre sociologia e psicologia (Meyerson, 1924).
 
Claire Bresson, secretária e herdeira universal de Ignace Meyerson, depositou o acervo do psicólogo nos Arquivos nacionais de Paris e iria transferir a biblioteca particular dele para a Universidade de Paris XII (Créteil). Pode-se consultar o relatório desse acervo na sala de inventários dos Arquivos nacionais; os papéis e documentos estão em Fontainebleau, mas para copiar ou publicá-los é preciso que Claire Bresson, Jean-Pierre Vernant ou Émile Poulat autorizem. Sobre a biblioteca de Meyerson consultar Queyroux & Queyroux (1986) e Roche (1996); sobre os arquivos consultar Charmasson (1996); sobre os encontros do Centro de Pesquisas em Psicologia Comparativa consultar Leroy (1986), Poulat (1996).
 
As pesquisas no acervo pessoal de Ignace Meyerson são promissoras: Vernant apresentou o manuscrito Dois inéditos encontrados nos arquivos: “Deve haver uma história da vontade” (citado em Parot, 1996); e Parot (1996) relacionou dois novos textos: As ciências no século XX e Um sociólogo americano. Eu também descobri um outro provável inédito. Promissora também é a pesquisa na correspondência: cerca de vinte mil cartas que muito têm a contar sobre os pioneiros da psicologia, sobre a história da psicologia e suas instituições da segunda metade do século XX.
 
As referências ao autor tendem a crescer, mas o consenso quanto às atividades de Ignace Meyerson permite estabelecer uma cronologia básica e relativamente completa das atividades do autor, a seguir relacionada:
 
Os cursos na Escola Prática de Altos Estudos (Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, desde 1975):
 
1950/1951: Psicologia e tecnologia.
 
1951/1952: I. Aspectos do pensamento mítico. II. Formas antigas das categorias do poder, da ação, da vontade.
 
1952/1953: I. A obra e o fazer. Modos do fazer. O signo e suas características. II. A experiência e a objetivação em ciências naturais, na física clássica, na física atual.
 
1953/1954: I. O pensamento experimental: construção, formalização, matematização. II. A função espacial na arte plástica (escultura, pintura).
 
1954/1955: I. O pensamento experimental: o pensamento na experiência comum; a química medieval e a alquimia. II. Formas antigas da representação do espaço; o sol e a orientação nos mitos arcaicos.
 
1955/1956: I. Estudo do pensamento histórico. II. Estudo comparado das religiões em relação aos fatos de civilização. Psicologia das sociedades atuais.
 
1956/1957: I. História e psicologia: análise das formas do tempo nas instituições antigas. Atividades e obras afetadas de temporalidade. II. Problemas da história das noções de espaço e de tempo.
 
1957/1958: I. A noção de experiência, de objeto, de espaço. A história das classificações em ciências naturais, nos princípios de conservação em física, a formalização e a matematização da física experimental. II. O tempo na historiografia, nos historiadores da Antiguidade, no Novo Testamento, em Santo Agostinho, nos historiadores dos séculos XVIII, XIX e XX. O homem e o meio geográfico: as temporalidades histórico-geográficas, os fatores industriais: Canal de Suez, Panamá.
 
1958/1959: I. Psicologia animal e o que ela pode trazer para o estudo objetivo do homem. A natureza humana, as obras e os atos do homem, os sistemas do homem, a história do homem interior, exploração e organização da experiência, aspecto histórico das funções. II. As funções psicológicas em: 1. O mito: as noções de ação, de poder, a vontade de ordem 2. A ciência experimental: a experiência, o espaço, o objeto. III. As disciplinas históricas: a memória, o tempo, esboço de uma história do pensamento histórico, o homem e o meio geográfico. A cidade, a grande cidade: Marselha, Londres. O meio geográfico, a cobertura vegetal.
 
1959/1960: I. O símbolo e o signo. A função simbólica. Aspectos da função simbólica na história religiosa grega, no cristianismo. II. O signo lingüístico. Concepções de Saussure, Sapir, Buyssens, Wartburg, Ullman, Brice Parain. III. Características do signo em geral.
 
1960/1961: I. Aplicação do princípio de identidade em matemática. O pensamento matemático e o concreto; a generalização em matemática, o papel das operações, as definições dos seres matemáticos, crítica das evidências, transformação das noções de número, distância, intervalo, linha, superfície, espaço. Teorema de Pitágoras, história da noção de número, teoria dos conjuntos, jogo do princípio de identidade em matemática.
 
1961/1962: I. Problemas da pessoa: o corpo, os sentimentos corporais, os julgamentos sobre o corpo, as técnicas do corpo, os atos, as ações e os sentimentos interpessoais, o conhecimento de outrem. Variações e história da pessoa. II. Princípios de uma ciência do individual, problemas psicológicos: Höffding, G. Kofka, Mauss, Seignobos, Rickert, Max Weber; alguns escritores: Schwob, etc.
 
1962/1963: I. Teorias psicológicas da causalidade em Michotte, em Metelli confrontadas com as análises de Émile Meyerson, de Brunschvig. II. A pessoa no jornal íntimo: começo do jornal. Constant. Seu Jornal, O caderno vermelho, Cecile, Adolfo. Conteúdo do Jornal.
 
1963/1964: I. A história e a estrutura em lingüística: Saussure, Sapir, Wartburg, Ullman, Vendriès. II. A pessoa no jornal íntimo. Benjamin Constant; aspectos políticos de sua conduta, temas políticos em seus escritos.
 
1964/1965: I. Narrativa histórica e escrito literário: perspectivas diferentes sobre o homem. O tempo na história e no romance, no jornal íntimo. Os escritos íntimos e o jornal de Sthendal, 1801-1830.
 
1965/1966: I. Estudo da pessoa através dos escritos autobiográficos e a correspondência de Sthendal: textos de 1830 a 1842.
 
1966/1967: I. Estudo do movimento e do gesto no homem. Técnicas do corpo, técnicas artesanais, industriais. O gesto, o gesto na arte, linguagem por gestos (a pintura e o teatro).
 
1967/1968: I. A expressão da pessoa nos escritos literários, biográficos ou autobiográficos; a historicidade da pessoa. Nenhum tipo de escrito é privilegiado, nem mesmo o jornal íntimo. Estudo dos diferentes tipos de escritos em Sthendal.
 
1968/1969: I. A pessoa nos romances de Sthendal e na Vie de Henry Brulard. II. Teorias da arte no renascimento: Alberti, Leonardo, Michelangelo, Vasari.
 
1969/1970: I. Significação psicológica do pensamento histórico: ele representa uma mutação mental, uma invenção nos domínios da memória e do tempo. Aparição das diversas histórias; a história das funções psicológicas do homem se enquadra nesta série. II. Estudo de alguns aspectos da especificidade da pintura: níveis do quadro; desaparição do tema, do objeto. III. Retorno à expressão da pessoa nos jornais íntimos: diferença entre Constant e Sthendal; outras diferenças entre modernos: Renard, Valle Inclàn, Machado.
 
1970/1971: Elementos da pintura. Relações da pintura com as outras grandes instituições: religiões, fatos sociais, ciência, literatura. Evolução da pintura para a autonomia O quadro-objeto. Pintura e realidade. Os grandes componentes da pintura: conteúdo cultural, tema, objeto. Dados plásticos. História da figuração da luz na pintura italiana do século XIII ao XVI.
 
1971/1972: Aspectos da pessoa através da correspondência de Madame de Staël: Lettres à Narbonne, Ribbing, O’Donnel. Pluralidade de aproximações da pessoa. Papel do escrito em um escritor.
 
1972/1973: Análise do quadro como objeto físico, técnico, artístico, estético, social. O sutil, a camada, o corante e o diluente, a transparência, o verniz, a introdução do óleo; o efeito da técnica sobre fatos plásticos, problemas plásticos: forma, colorido, luz, profundidade e volume, composição, temas sócio-culturais.
 
1973/1974: Os conteúdos culturais e os temas em pintura. Os conteúdos-séries (por exemplo, vida de um santo); procedimentos de justaposição de vários episódios no mesmo quadro. Ilustração de alguns temas religiosos, morais, sociais: temas da morte.
 
1974/1975: Evolução da temática e do estatuto da pintura do século XV ao XVIII. Passagem à natureza morta na Holanda, França, Espanha. História da paisagem desde Cimabue, Duccio, Canaletto, na arte da Toscana, de Veneza.
 
1975/1976: Conhecimento do homem. Ensaio de psicologia comparativa. Traços característicos principais do nível humano de base.
 
1976/1977: Sobre o método em psicologia histórica. Pluralidade e especificidade. Os tipos principais de obras. Os fatos de arte; autonomia, as formas, a matéria. O emprego da cor na pintura através dos escritos dos pintores.
 
1977/1978: A especificidade nas diversas classes de arte plástica. A gravura. Importância do material e da técnica sobre a expressão. A limitação voluntária das possibilidades obriga o artista a tirar o máximo de efeito dos meios que lhe são dados.
 
1978/1979: Porque o psicólogo é conduzido a estudar questões de arte? Pluralidade essencial respondendo a uma pluralidade de obras: cada tipo de obra é específica, intraduzível uma pela outra. Estudo da obra de alguns gravuristas do século XVI ao XX.
 
1979/1980: A noção de objeto. O homem produz objetos, cria obras, as conserva. Criação de um meio humano. Criação de um mundo outro: a arte. Análise de escritos de Kandinsky, Lapicque, Léger. A tapeçaria: seu destino, sua textura. Dificuldades técnicas e realização. Algumas tapeçarias do século XIV ao XVI.
 
1980/1981: Conhecimento do homem. O nível humano. Os mediadores mentais. Crítica dos métodos em psicologia: introspecção, psicologia dos comportamentos. Análise de dois autores que tomaram seu eu como tema de reflexão: Montaigne, Maine de Biran. Estudo comparativo dos Essais e do Journal de Maine de Biran.
 
1981/1982: A pessoa e os meios de expressão. A pessoa tem uma história. O indivíduo, a pessoa, o eu. O conhecimento de si na Antiguidade grega. As Confissões de Santo Agostinho. Montaigne: o indivíduo humano como tal. Fim dos séculos XVIII e XIX: reflexão sobre o lugar do indivíduo na sociedade; novas formas de escritos; confissões, memórias, ensaios, jornais íntimos. Características do jornal íntimo. Crítica da sinceridade. Oposição entre pessoa e personagem: F. Krull de Th. Mann, A. Berget em Caméléon de Bojer, análise de Si j’étais vous de Julien Green.
 
1982/1983: O ato. I. Os atos e seus conteúdos. II. Caráter puntiforme de certos atos, pluralidade da pessoa. III. Os atos graves isolados tidos como atitudes profundas ou duráveis. IV. Os atos e os comentários: atos e linguagem. V. O peso dos atos e a responsabilidade. VI. Os atos e a pessoa. VII. Construção de formas. As formas dos atos e da pessoa criados pelos escritores. Análise das obras de Pirandello: Six Personnages, Henri IV, Un, Personne et cent mille. Análise das obras  de Gide: Paludes, Prométhée mal enchaîne, Les Caves du Vatican.

Os ciclos de conferências do Centro de Pesquisas de Psicologia Comparativa:

 

1954-1955: História do trabalho como função psicológica
1954-1955: Organização dos poderes sobrenaturais
1956-1957: Questões psicologia religiosa
1961-1962: Análise sistemática de alguns problemas de arte plástica
1962-1963: Problemas de psicologia do trabalhado
1962-1963: Os sistemas de signos: contração, liberdade, mudança
1963-1965: Os conceitos de história
1965-1967: Análise psicológica e técnica das questões de arte e de literatura
1966-1969: Patologia da linguagem
1967-1968: Relação da pintura e do teatro
1967-1969: Limitação dos atributos e dos poderes dos deuses em algumas grandes religiões
1969-1970: As perspectivas da psicologia histórica sobre as instituições escolares
1969-1971: Alguns aspectos da especificidade nas artes plásticas
1971-1973: Fenômenos sociais entre animais
1972-1973: Problemas da linguagem
1973-1974: Problemas do mimetismo entre os animais
1974-1975: Do inato e do adquirido nas ciências do comportamento
1975-1976: Problemas da visão
1976-1977: Os animais brincam?
1977-1978: Criações humanas e produções animais
1978-1979: A olfação
1979-1980: Percepção das cores, das formes e dos movimentos na série animal
1980-1981: Estudo de problemas plásticos e técnicos do emprego das cores em pintura
 
Os colóquios
 
1941: O trabalho e as técnicas (publicado em 1948)
1954: Problemas da cor (publicado em 1957)
1960: Problemas da pessoa (publicado em 1973)
1962: O signo e os sistemas de signos (não publicado)
O primeiro foi organizado pela Sociedade de estudos psicológicos de Toulouse (fundada por Meyerson em 1941); os outros foram organizados pelo Centro de Pesquisas de Psicologia Comparativa.
 
Artigos e demais textos publicados

Pesquisas sobre a excitabilidade das fibras inibidoras do pneumogástrico (1912)

Pesquisas sobre a excitabilidade do pneumogástrico. (com L. Lapicque) (1912)

A adição latente na excitabilidade do pneumogástrico. (1914)

Sobre uma condição do esforço estático. (1914)

Interpretações corroídas pelo tempo. (1920)

A orientação dos signos gráficos na criança. (com P. Quercy). (1920)

Desordem nos sentimentos e a noção de espaço. (1920)

Um devaneio de defesa. (com P. Chaslin). (1920)

Notas sobre alguns casos anormais de melancolia. (com P. Chaslin). (1921)

Relatório sobre os fenômenos produzidos pelo médium I. Guzik. (com P. Langevin, E. Rabaud, H. Laugier, A. Marcelin). (1923)

Do tempo de latência às bruscas acelerações longitudinais. (com M. François e H. Piéron). (1925)

Traduction A ciência dos sonhos. (1926)

Algumas pesquisas sobre a inteligência dos macacos. (com P. Guillaume). (1928)

Imagens relâmpago. (1929)

As imagens. (1929)

Sobre a psicologia dos macacos. (com P. Guillaume). (1929)

O uso do instrumento entre os macacos (Filme dirigido por F. Franck). (1930)

Pesquisas sobre o uso do instrumento entre os macacos. I. O problema do desvio. (com P. Guillaume). (1931)

Pesquisas sobre o uso do instrumento entre os macacos. II. O intermediário ligado ao objeto. (com P. Guillaume). (1934)

Pesquisas sobre o uso do instrumento entre os macacos. III. O intermediário independente do objeto. (com P. Guillaume). (1934)

Notas para uma teoria do sonho. Observações sobre o pesadelo. (1935)

O caráter simbólico dos atos no homem. (1936).

Pesquisas sobre o uso do instrumento entre os macacos. IV. Escolha, correção, invenção. (com P. Guillaume). (1937)

Sobre a análise dos atos no homem e o nível humano. (1937)

XI Congresso Internacional de Psicologia. Relatórios e resumos. (com H. Piéron). (1938)

Recuperar o esforço. (com P. Guillaume). (1946)

Um tipo de raciocínio de justificativa. (com M. Dambuyant). (1946)

A inteligência plena. (1947)

Pierre Janet e a teoria das tendências. (1947)

Descontinuidades e encaminhamentos autônomos na história do espírito. (1948)

As funções psicológicas e as obras. (1948)

O trabalho, uma conduta. (1948)

Comportamento, trabalho, experiência, obra. (1951)

E entrada no humano. (1951)

Alguns aspectos da pessoa no romance. (1951)

As metamorfoses do espaço em pintura. A propósito das pesquisas de P. Francastel. (1953)

Problemas de história psicológica das obras: especificidade, variação, experiência. (1953)

Temas novos de psicologia objetiva:história, a construção a estrutura. (1954)

Sobre as construções autônomas no mundo da cor. (1954)

O espaço na escultura de Robert Jacobsen. (1955)

O movimento na arte. (1955)

O trabalho, função psicológica. (1955)

Os aportes de Maurice Leenhardt à psicologia histórica. (1955)

Sobre a especificidade da arte e de seus objetos. (1955)

O tempo, a memória, a história. (1956)

Quando o ferro fala. (1957)

Geometria sensível e criação de um mundo pictural. (1960)

A pessoa e sua história. (1960)

Pintura e realidade. A propósito de um livro de Étienne Gilson. (1961)

Notas sobre o objeto. (1961)

O pensamento psicológico de Louis Gernet. (1963)

O signo e os sistemas de signos. (conferência à rádio). (1963)

Notas sobre as formas em pintura. (1964)

Prefácio a Lazer criativo entre os metalúrgicos toulousianos. (1965)

Prefácio a Um simples padre. (1965)

Prefácio a A psicologia diferencial do adolescente. (1966)

Prefácio ao catálogo da exposição de Jean Deyrolle. (1966)

Pintura e teatro. Especificidades e convergências. (1967)

Realidade nas artes plásticas e real percebido. (1968)

O retângulo encantado. (1973)

O mito da máquina, segundo Lewis Mumford. (1974)

Prefácio ao catálogo da exposição de Libéraki. (1974)

Les macacos falam? (com Y. Leroy) (1980)

Sobre os primeiros indícios de delírio. (1980)

Expressão da pessoa e fato literário nos escritos autobiográficos e na correspondência de Stendhal. (1983)

A noção de objeto. (1983)

 

Observações finais

Os títulos dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais relacionam os tópicos mais relevantes; as ementas originais são textos mais longos, alguns deles com até quatro páginas, que podem ser consultados nos Anuários da própria instituição. Por outro lado, todos os colóquios publicados constam de nossos acervos. Os periódicos nos quais Ignace Meyerson publicou as resenhas foram tão importantes para a psicologia da época que temos acesso a quase todos os fascículos. Também importante e disponível é a comunicação de Meyerson à XIII Semana de Síntese, em 1947: ela contém o esboço da tese defendida em seguida. Há ainda diversos artigos sobre Ignace Meyerson, ou que mesmo indiretamente tratam dele, que podem ser localizados em nossos acervos.
 
A pesquisa sobre Ignace Meyerson, sobre a psicologia histórica, está começando. Este artigo cumpre a dupla função de atualizar a produção nacional através de uma versão traduzida da obra de Ignace Meyerson e apresentar alguns títulos significativos sobre o tema. Há também dados disponíveis na internet, cujas entradas preferenciais são Ignace Meyerson ou psicologia histórica.

Referências bibligráficas

Charmasson, T. (1996). Les archives d’Ignace Meyerson à l’Université de Paris XII. Em F. Parot. Pour une psychologie historique. Écrits en hommage a Ignace Meyerson. (pp. 33-43). Paris: PUF.

Di Donato, R. (1982). Invitto alla lettura dell’opera di Ignace Meyerson. Psicologia storica e studio del mondo antico. Annali della scuola normale superiore di Pisa, XII (2), 603-664.

Di Donato, R. (1990). Per una antropologia storica del mondo antico. Firenze: La nuova Italia.

Di Donato, R. (1995). Postface. Em I. Meyerson. Les functions psychologiques et les œuvres. (pp. 223-287). Paris: Albin Michel.

 

Di Donato, R. (Org.) (1995). Passé et présente. Contribuitions à une psychologie historique. Roma: Edizioni di Storia e Letteratura.

 

Forme, couleur, mouvement dans les arts plastiques (1953-1974). (1991). Paris: Adam Biro.

 

Freud, S. (1950). La science des rêves. (I. Meyerson, Trad.). Paris: PUF. (Original publicado em 1899).

 

Leroy, Y (1986). Éléments pour une biographie d’Ignace Meyerson. Le centre de recherches de psychologie comparative: trente ans de psychologie historique. Journal de psychologie normale et pathologique, 1-2, 93-101.

 

Meyerson, I. (1924). Compte rendu Marcel Mauss. Rapports réels et pratiques de la Psychologie et de la Sociologie. L’Année psychologique, 25, 381-384.

 

Meyerson, I. (1948). Les fonctions psychologiques et les œuvres. Paris:PUF.

 

Meyerson, I. (1951). L’Intelligence plenière. Em Valeur philosophique de la psychologie de l’adult. (pp.129-137). Paris: Albin Michel.

 

Meyerson, I. (1957). Problèmes de la couleur. Paris: S.E.V.P.E.N.

 

Meyerson, I. (1973). Problèmes de la personne. Paris: La Haye, Mouton.

 

Meyerson, I. (1995). Les fonctions psychologiques et les œuvres. 2a ed. Paris: Albin Michel.

 

Meyerson, I. (2000). Existe-t-il une nature humaine? Psychologie historique, objective, comparative. Paris: Sanofi-Synthélabo.

 

Meyerson, I & Guillaume, P. (1987). Recherches sur l’usage de l’instrument chez les singes. Paris: Vrin.

 

Parot, F. (org.) (1996). Pour une psychologie historique. Écrits en Hommage a Ignace Meyerson. Paris: PUF.

 

Parot, F.; Charmasson, T.; Demélier, D.; Vermès, G. (s.d.). 521 AP 1 à 67. Archives d’Ignace Meyerson (18888-1983). Paris: CNRS.

 

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Nota

(1) Um artigo com a biografia de Ignace Meyerson, em elaboração, vai completar e ampliar este breve panorama. [volta]
Nota sobre a autora

Maria Fernanda Costa Waeny é Doutora em Psicologia Social pela PUC-SP e pequisadora da obra de Igance Meyerson desde 1995. Contato: fernandawaeny@uol.com.br

Data de recebimento: 24/08/2005

data de aceite: 28/09/2005

Memorandum 9, out/2005
Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a09/waeny03.htm

 

 

 

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