Os filósofos
debruçaram-se
sobre o
problema das
relações
entre
memória,
imaginação,
crença e
julgamento, reconhecendo a
importância das
qualidades subjetivas
que caracterizam a
capacidade de
recordar
eventos
específicos.
Tais
argumentos fundamentaram a
teorização
em
ambos os
contextos epistemológico e
psicológico.
Entretanto, a
introdução da
investigação da
memória na
psicologia experimental caminhou na
direção
oposta.
Por
um
lado, Wilhelm Wundt descartou a
memória do
seu
projeto de
psicologia fisiológica
por tratar-se de uma
faculdade
excessivamente
complexa, inadequada ao
estudo experimental dos
elementos
mentais.
Por
outro, Hermann Ebbinghaus, no
seu
trabalho
pioneiro de 1885,
Memória: Uma
contribuição à
psicologia experimental,
influenciaria
perenemente
não
só o
estudo da
memória,
como
toda a
psicologia
científica (Ebbinghaus, 1885/2005).
Ebbinghaus desenvolveu
um
método de
controle e quantificação
que, se permitia
estudar a
memória de
forma experimental,
também ocasionou uma
tendência de redução da
memória à
performance
em
tarefas de aprendizagem, relegando
o
aspecto experiencial da recordação. Essa
direção
em
psicologia
não foi
unívoca: Francis Galton estudava
recordações
conscientes de
eventos
pessoais
desde o
século XIX (Galton, 1880/2005), e
Frederic Bartlett criticou
nos
anos 1930 a
linhagem experimental
que
desde Ebbinghaus desprezava o
aspecto
significativo e
subjetivo dos
processos
mentais, a
começar
pela
memória (Bartlett, 1932).
Contudo,
mesmo
com a
atividade desses
estudiosos, a
experiência de recordação
permaneceu
em
segundo
plano na
pesquisa
psicológica. Os
dados da
experiência
fenomenal
não eram considerados confiáveis,
os
eventos
pessoais eram de
difícil
verificação, e
era
igualmente
difícil
obter
controle
sobre os
fenômenos estudados (Brewer, 1986).
É interessante
ressaltar
que,
em
última
instância, o
trabalho de Bartlett
sobre
esquemas cognitivos acabaria
influenciando
muito
fortemente a
ciência cognitiva
após os
anos 1950.
Por
sua
vez, os
experimentos de Galton
sobre
imaginação (os
mais
célebres
são os de
lembrança do
café da
manhã e de
associação de
memórias a palavras-chave)
são comumente citados
como
exemplares das primeiras
investigações
em
memória
autobiográfica,
um
campo de
estudos
contemporâneo,
para
não
dizer
recente.
O
retorno à
memória
como
experiência de
recordar
As
qualidades da
experiência
consciente de
lembrar permaneceriam
em
segundo
plano
até
que, num
trabalho
crucial
para a
nascente
ciência cognitiva, Endel Tulving
(n1925) ressaltaria o
princípio da
dissociação da
memória de
longo
prazo
em
dois
sistemas
independentes,
embora relacionados:
memória
episódica e
memória
semântica (Tulving, 1983).
Embora seja
cedo
para
avaliar o
impacto da
obra de Tulving, a
sua
influência
teórica e epistemológica tende a
ser
quase
tão
fundamental
para as
ciências cognitivas
quanto a de Ebbinghaus foi
para a
psicologia. Essa
influência verifica-se
pela
introdução do
conceito de
memória
episódica (teoria)
e
pela
implementação da
abordagem de
dupla
dissociação de
sistemas cognitivos (epistemologia).
Outrossim, o
aspecto
fundamental da
psicologia da
memória retomado
por Tulving é o
retorno às
qualidades
fenomenais da
experiência de recordação
consciente (conscious
recollection) na
definição
funcional do
sistema de
memória
episódica. A recordação
episódica define-se
por
um
conjunto de
características
fenomenais: revivência do
evento
original;
senso de “viajar
de
volta no
tempo”;
crença
em
que o
evento
realmente aconteceu; e
lembrança do
evento
em
lugar de “saber”
da
sua
ocorrência. O
primeiro
valor
funcional dessa
capacidade é
que
por
mais
vívida e “presente”
que seja
em
suas
imagens, uma
memória de
um
evento
passado
não se confunde
com a
percepção do
mundo
presente,
nem
com
outros
estados,
sob
pena da
inadequação do
comportamento às
condições ambientais. O
problema de
discernir as
memórias das
idéias da
imaginação, relacionado à
crença
ou
sentimento
que temos do
caráter de “passado”
ou “familiaridade”
das
memórias,
já estava
presente na
formulação de Aristóteles, passando
por James e Russell (Westbury &
Dennett, 2000).
Tulving (1983) ressalta
que
lembrar de
eventos do
passado é uma
experiência
universalmente
familiar, e
também unicamente
humana,
tudo indicando
que
outros
animais
não podem
viajar de
volta no
tempo nas
suas próprias
mentes. A
primeira
distinção
proposta
por Tulving corresponde a uma
taxonomia de
capacidades de
memória
em
termos das
características
funcionais dos
fenômenos:
episódica,
semântica e
memória de
habilidades perceptuais e motoras.
As duas primeiras
são de
caráter proposicional (mais
recentemente chamado declarativo) e
a
última, procedural.
Enquanto a
capacidade de
memória procedural permite a
um
sujeito “lembrar
como”
realizar
certa
tarefa, e a
memória
semântica permite “saber
que”
algo aconteceu, a
memória
semântica possibilita ao
indivíduo “lembrar
que”
um
determinado
evento aconteceu e faz
parte do
seu
passado (Wheeler, Stuss & Tulving,
1997).
Memória
episódica e
semântica
são
funcionalmente
diferentes, e representam
sistemas separados,
mas relacionados. A
memória
episódica relaciona-se a
conhecimento de
acontecimentos e
ações;
memória
semântica
trata de
conhecimento do
mundo,
que ao
contrário da
primeira é
independente do
passado
pessoal do
sujeito. Diferem
em
termos do
tipo de
informação
que processam, das
características das
suas
operações, e das
aplicações a
que se prestam na
vida
real e no
laboratório. Uma das
mais
relevantes
características da recordação de
eventos
passados é o
senso
subjetivo de
lembrança,
pelo
qual o
sujeito reconhece a
experiência
atual
como
lembrança, sabe
que
ela se refere a
um
evento
passado, e acredita
que
ela seja verdadeira. A
unidade
básica do
funcionamento da
memória
episódica é o
ato
individual de recordação
que inicia
com a
experiência
ou o
testemunho de
um
evento, e termina
com a
sua recordação
subjetivamente experienciada
como
tal.
Tulving e colaboradores introduziram
mais
adiante o
conceito de
consciência autonoética,
referente à
capacidade de
representar
mentalmente e
ficar
ciente de se
ter
experiências no
passado,
presente, e
futuro, e
também
discernir
entre umas e outras (Wheeler e col.,
1997). Eram
postulados
dois
tipos de
processos de
conhecimento: os noéticos,
que permitem
conhecer o
mundo, e os autonoéticos,
que permitem
conhecer a
si
mesmo. Os
processos autonoéticos,
isto é, de
conhecimento de
si, dividem-se
em duas
classes: uma
consciência do
tempo
subjetivo (autonoetic
consciousness), e
um
conhecimento dos
estados
subjetivos (autonoetic awareness).
A
consciência autonoética está
ligada à
capacidade
que o
sujeito tem de “viajar
no
tempo”, experimentando no
presente
vivências
que fazem
parte do
seu
passado (Tulving, 2002). A
característica
fundamental
que distingue a
memória
episódica é a
sua
dependência de
um
tipo
especial de
consciência, a autonoética,
capacidade
que permite a
humanos
adultos
representar
mentalmente e
ter
noção da
sua
própria
existência
através do
tempo
subjetivamente experienciado. A
manifestação da
consciência autonoética é
experienciada
quando o
sujeito focaliza a
atenção
sobre
suas próprias
experiências subjetivas.
Distingue-se
assim da
consciência noética,
que se
experimenta
quando se
pensa
objetivamente
sobre
algo
que se conhece e existe no
mundo.
Em uma das
suas
mais
recentes
contribuições, Tulving (2002)
aponta
que o
conceito de
memória
episódica, 30
anos
após a
sua
introdução, é
um
sistema neurocognitivo, de
evolução filogenética
recente,
desenvolvimento ontogenético
tardio,
vulnerável à
disfunção neuronal e
deterioração
com envelhecimento, e provavelmente
único à
espécie
humana.
Esse
sistema é orientado ao
passado
como nenhuma
outra
capacidade cognitiva. O
tipo de
evidência
que
primeiro indicou a
dissociação neurocognitiva foi o
prejuízo
seletivo
que
certas
lesões
cerebrais provocavam, impedindo
algumas
habilidades de
lembrança
enquanto outras permaneciam
intactas,
quando se acreditava
que
distúrbios
amnésicos prejudicavam a
memória de
maneira
global (Squire, 1992).
Desde a
dissociação
fundamental introduzida
por Tulving (1983; 2002)
entre
memória
semântica e
episódica, a fenomenologia do
estado de
lembrança
consciente,
ou
consciência autonoética (Wheeler e
col., 1997), passou a
receber
atenção dos
pesquisadores. O
exame das
características
fenomenais da
lembrança de
eventos é
um
componente
necessário à
explicação dos
processos de
memória
autobiográfica (Johnson, Foley,
Suengas & Raye, 1988). Nesse
sentido, Damásio (2000) enfatiza
que
dados de
descrições
fenomenais devem
ser considerados,
em
articulação
com
observações comportamentais e
medidas da
atividade
cerebral
por neuroimagem, na
investigação da
experiência
consciente.
Assim
como
processos cognitivos têm correlatos
neurais identificáveis,
eles devem
ter correlatos
fenomenais úteis à
sua
explicação (Brewer, 1995).
A
experiência de
recordar na
memória
autobiográfica
O construto
memória
autobiográfica refere-se à
habilidade de
recordar
conscientemente de
experiências
individuais vividas no
passado.
Memória
autobiográfica envolve várias
capacidades cognitivas,
desde aquela
que permite
lembrar
um
fato
pessoal
como o
caminho de
casa ao
trabalho,
até a de
escrever o
livro da
história da
minha
vida,
mas a recordação de
eventos
pessoais é o
seu
objeto de
estudo
por
excelência (Brewer, 1986; Rubin,
1998).
Dentre a
miríade de
eventos
específicos
que acontecem ao
longo de uma
vida,
nem
todos ocasionam
registros
duradouros a
ponto de serem lembrados
em
longo
prazo (Westbury & Dennett, 2000).
Dos
episódios
que experienciamos
pessoalmente e
cuja
memória é
duradoura,
alguns
são lembrados
com
grande
facilidade,
mais
até do
que
outros
eventos
que se repetiram inúmeras
vezes.
Mesmo
que tenha ocorrido uma
única
vez,
esses
episódios podem
ser recordados de
forma detalhada e
vívida
após
anos e
décadas. Estas
memórias
pessoalmente
importantes têm sido
freqüentemente tratadas na
literatura, sendo operacionalizados
como
eventos
marcantes (Pillemer, 1998),
episódios
nucleares (McAdams, 1985),
memórias definidoras do self
(Singer & Salovey, 1993),
ou
memórias vívidas (Rubin & Kozin,
1984; Thomsen & Berntsen, 2003).
Não
obstante
eventuais
diferenças, as
definições apresentadas tratam de
memórias
pessoalmente
importantes e duradouras, revividas
com
qualidades quase-sensoriais (Conway,
2001).
A
habilidade de
acessar
fluentemente
alguns
eventos
marcantes e a
habilidade relacionada de
expressá-los
em
contexto
social cumprem uma
série de
funções psicológicas (Pillemer,
2003). Do
ponto de
vista adaptativo,
lembrar de
eventos
altamente
emocionais,
positivos
ou
negativos, pode ajudar-nos a
prevenir
situações
ruins e a
tomar a
direção do
sucesso (Damásio, 2003; McGaugh,
2003). Ao
mesmo
tempo,
não
dispor de
todos os
eventos
irrelevantes do
cotidiano
como
memórias
altamente
acessíveis
também é
útil ao
funcionamento cognitivo
normal e ao
comportamento adequado ao
ambiente.
Por
outro
lado,
disfunções da
memória
autobiográfica estão
ligadas a
transtornos
mentais.
Estudos apontam
para uma
possível
relação
entre a
falta de
habilidade de
prover
memórias específicas e a
presença de
transtornos depressivos (Williams &
Broadbent, 1986), e a
doença de Alzheimer (Dall’Ora,
Della
Sala & Spinnler, 1989).
Ademais, a intrusão
involuntária
com revivência
vívida de
memórias indesejadas assinala
um dos
eixos
diagnósticos do
Transtorno de
Estresse Pós-Traumático (Ehlers & Clark, 2000;
Berntsen, Willert & Rubin, 2003). Do
ponto de
vista do
desenvolvimento
humano,
memórias de
eventos
marcantes proporcionam
lições e insights
em
direção ao
crescimento,
especialmente
quando
são compartilhados
socialmente (Thorne, McLean &
Lawrence, 2004). A modelagem da
memória
autobiográfica
em
psicologia cognitiva integra-se
com a
compreensão do
desenvolvimento
psicológico
em diversas
etapas ao
longo do
ciclo de
vida, relacionando-se,
por
exemplo,
com o
final da
amnésia
infantil (Rubin, 2000),
com o
desenvolvimento da
identidade na
adolescência e adultez
jovem (Rubin, Rahhal & Poon, 1998),
e
com o envelhecimento
bem-sucedido (Wong &
Watt, 1991).
A
mesma
importância apresenta-se no
campo da
identidade
pessoal,
eventos
marcantes constituem
marcos
determinantes na
organização da
história de
vida do
indivíduo.
Assim,
eles permitem ao
sujeito
definir a
si
mesmo, se
reconhecer na
sua
própria
experiência, e se
expressar a
respeito da
sua
trajetória
singular (Singer & Salovey, 1993;
Blagov & Singer, 2004). Numa
outra
perspectiva de
estudo da
personalidade,
aspectos da
experiência de
memória
autobiográfica têm se relacionado a
dimensões de
inventários de
personalidade,
como
abertura
para
sentimentos e
altruísmo (Rubin & Siegler, 2004).
Eventos
marcantes refletem
padrões de
expectativas culturais permitindo
ao
indivíduo
verificar a
maior
ou
menor
adequação da
sua
própria
trajetória
individual às
convenções
sociais de
quais
são os
eventos
que tipicamente fazem
parte de uma
história de
vida (Berntsen & Rubin, 2004). Do
ponto de
vista
social, as
práticas de
reminiscência, pelas
quais se compartilham as
memórias de
eventos
com outras
pessoas, servem ao
estabelecimento de
intimidade e à
veiculação de
mensagens de
crescimento (Thorne e col., 2004).
A
memória
autobiográfica é a
capacidade de
experienciar
conscientemente uma
representação
mental,
por
exemplo
um
evento
específico no
passado (Wheeler Stuss & Tulving,
1997);
julgar o
evento
como
real e
não imaginado (Johnson e col.,
1993);
construir
imagens
visuais e auditivas do
evento (Rubin e col., 2003);
experimentar no
momento
presente da recordação o
estado
afetivo
em
que
nos encontrávamos no
momento do
acontecimento
original (Pasupathi, 2003; Destun &
Kuiper, 1999); e
relatar o
evento
através de
palavras e
histórias –
linguagem e
narrativa (Greenberg & Rubin). A
memória
autobiográfica
lida
tanto
com
informação de
natureza
episódica e proposicional (eventos
específicos),
quanto
semântica e procedural (fatos,
procedimentos, e
conhecimento
tácito) (Tulving, 1983).
Por
exemplo, sabemos o
nosso
endereço, e
isto é
um
fato
autobiográfico,
mas
não lembramos
distintamente de
cada uma das
vezes
em
que o fornecemos a
alguém,
embora
cada uma dessas
ocasiões fosse
candidata
potencial a
formar uma
memória
duradoura.
Por
outro
lado, lembramos
vividamente da
primeira
vez
em
que
com
grande
alegria dissemos ao
nosso
melhor
amigo
que
nos mudamos e
que esperávamos a
sua
visita naquele
que, há 10
anos
atrás,
era
nosso
novo
endereço, e
isto é
um
evento
autobiográfico.
O
processo de recordação
consciente de
eventos
pessoais caracteriza-se
por uma
série de
qualidades
amplamente documentadas na
literatura
sobre
memória
autobiográfica. O
indivíduo costuma
experimentar
emoções (McGaugh, 2003;
Labouvie-Vief, Lumley, Jain & Heinze, 2003; Pasupathi, 2003; Schaefer &
Philippot, 2005);
imagens vívidas, sejam
elas
visuais, auditivas, etc. (Rubin &
Kozin, 1984); os
sentimentos
fenomenais de
reviver o
acontecimento
original e de
viajar de
volta ao
tempo
em
que
ele ocorreu (Tulving, 1983; Wheeler
e col., 1997).
Por
outro
lado, o
sujeito
que recorda pode
efetuar uma
série de
julgamentos,
mais
ou
menos
reflexivos,
sobre
propriedades dos
eventos e das
memórias:
avaliar a
importância do
evento
para
sua
vida;
estimar a
data
em
que ocorreu e quantas
vezes pensou
ou falou
sobre
ele;
indicar o
quanto
específica é a
memória; e
apontar
conseqüências
pessoais
que o
evento acarretou,
entre outras
propriedades (Thomsen & Berntsen,
2003). Coincidentemente, os
eventos
que
são lembrados de
forma
mais
vívida e
que despertam
mais
emoções, costumam
ser
aqueles avaliados
como
mais
importantes (McGaugh, 2003). Nesse
ponto identifica-se
um
processo
relevante
pelo
qual o
sistema atrela
emoção,
memória e
significado
pessoal atribuído de
forma
reflexiva. As
memórias vívidas de
eventos
pessoais
específicos,
que se mantêm
com
certa
consistência ao
longo de
períodos
tão
longos
quanto
anos e
décadas,
são
evidências de
que a efetividade da aprendizagem,
ao
menos
em
seres
humanos,
não se restringe a
situações de
repetição
exaustiva e
treinamento
sistemático (McGaugh, 2003). As
emoções e
seus
processos hormonais e
neurais relacionados parecem
mediar
em
grande
medida a
consolidação de
memórias duradouras de
eventos
significativos.
Esses
mecanismos permitem
que
seres
humanos aprendam
em uma
única
instância (Brewer, 1986).
O
funcionamento da
memória
autobiográfica organiza-se
em
três
níveis
hierárquicos (Conway, 1996). No
nível
mais
baixo, encontra-se a
informação
relativa a
eventos
específicos;
por
exemplo, lembro-me de
ter cometido
um
pênalti na
final do
campeonato de
futebol de
meu
colégio no
último
ano.
Qualquer
evento contextualizado no
tempo e no
espaço inclui-se nessa
categoria. O
nível
intermediário consiste nas
memórias
gerais de
eventos
que se repetiram a
ponto de serem lembrados
como
hábitos
ou
costumes;
por
exemplo, lembro-me de
que
eu costumava
jogar
futebol
nos
tempos de
colégio, e
que
esse é o
meu
esporte
predileto
desde aquela
época. No
nível
mais
alto da
hierarquia, os
períodos
extensos de
vida agrupam e contextualizam
tanto
memórias
gerais
que ocorriam
quanto
eventos
específicos
que ocorreram
nos
respectivos
períodos. Os 12
anos
durante os
quais freqüentei o
mesmo
colégio
certamente configuram uma
importante
etapa
em
minha
vida, e contextualizam as
lembranças daquela
época.
Esse
intervalo caracteriza
um
período
geral, ao
qual
eu relaciono
certos
hábitos e
costumes (memórias
gerais),
bem
como
eventos
específicos.
Períodos
extensos incluem
também
critérios de
organização
temática e
contextual,
como relacionamentos (por
exemplo,
quando se esteve namorando
alguém),
habitação (quando
se morou numa
determinada
cidade),
trabalho (quando
se trabalhava
em
certa
empresa),
ou
educação (período
em
que se cursou a
faculdade). Os
três
níveis de
organização da
memória
autobiográfica –
eventos
específicos,
memórias
gerais, e
períodos de
vida – interatuam na
organização da
memória
autobiográfica a
partir de
informações de
diversos
sistemas de
memória e
pensamento. Essa
organização clarifica os
contextos dos
eventos, o
que facilita a
atribuição de
significados a
eles, e contribui
para a
construção de
memórias autobiográficas
como
representações discretas de
eventos
específicos reconhecidos
como
pessoalmente experienciados. Dessa
forma
também se podem
articular os
eventos
como
partes de
um
todo
que é a
história de
vida.
Memória
autobiográfica
não equivale ao
sistema de
memória
episódica,
embora a
recuperação
episódica seja
um dos
seus
componentes cognitivos (Greenberg &
Rubin, 2003; Rubin e col., 2003; Tulving, 1983).
Tampouco
memória
autobiográfica é o
mesmo
que
reminiscência,
entendida
como a
expressão
social de
memórias
pessoais,
embora os
eventos
comunicados sejam
primeiramente recordados
como
tais (Welze & Markowitsch, 2005).
Todavia, se a
memória
autobiográfica for
definida
como a
lembrança de
eventos
relevantes na
história de
vida do
indivíduo, o
mais
provável é
que
ela seja
um
processo de
interação
entre
memória
episódica e
memória
semântica (Dall’Ora
e col., 1989). Nesse
sentido, as
experiências
pessoais
relevantes constituiriam
um
repertório de
eventos
com
significados
pessoais,
ou seja,
nem
todos os
eventos
que aconteceram e acontecem
comigo fariam
parte da
minha
autobiografia.
Segundo
esses
autores, a
história de
vida
em
que consiste a
autobiografia é
composta
por
eventos
pessoais (aspecto
episódico),
mas
apenas
por
alguns deles,
selecionados
por terem
significado
pessoal (aspecto
semântico). No
mesmo
sentido, a
memória
autobiográfica pode
ser
mais
bem compreendida
não
como
um
sistema cognitivo
específico,
mas
como
um
modo de
interação
entre
cognição e
emoção (Wenzel & Rubin, 2005).
Sua
função,
mais do
que
reter
informação
relativa a
eventos, pode
ser a de
selecionar os
eventos
importantes e organizá-los de
modo
que componham uma
totalidade
mais
ou
menos coesa, na
forma de
história de
vida.
Epílogo
Aristóteles e James insistiram
em
caracterizar a recordação
consciente, acompanhada de
senso de
passagem do
tempo,
como a
memória propriamente
dita,
ou a
única
manifestação da
capacidade de
lembrar
que diferencia
seres
humanos de
animais.
Entre
outros
autores, Russell
também ressaltou a
memória de
eventos
como “memória
verdadeira” (Brewer, 1986). Entende-se
que a
noção de
memória é
muito
mais abrangente,
como na
definição
geral de Bunge (1985),
segundo a
qual
qualquer sistema
s tem
memória
em
um momento
t
de
algum de
seus
estados
passados se o
estado de
s
no momento
t
é
função de
algum dos
estados
passados. Dessa
forma,
todos os
organismos
vivos (pelo
menos os
vivos) conservam
memória, seja
pela
hereditariedade biológica, seja
pela
capacidade de
poder se
comportar
em reposta ao
que ocorre no
ambiente. No
campo da
psicologia cognitiva
humana, a
memória
igualmente
abarca uma
variedade de
capacidades e
fenômenos
que
não se restringem à recordação de
eventos,
como a
aquisição de
habilidades motoras e a
pré-ativação perceptual,
apenas
para
citar
alguns (Squire, 1992; Tulving,
1983).
Outrossim, é interessante
notar
que
esses
autores estabelecem a
importância da
memória de
eventos
únicos
como o
parâmetro do
debate epistemológico e
psicológico
sobre a
relação
entre
memória e
consciência.
Memória
autobiográfica pode
ser
definida de
forma abrangente
como a
lembrança
consciente (conscious
recollection) de uma
experiência
pessoalmente
vivida
ou testemunhada, acompanhada de
um
senso de re-experiência do
evento
original, e da
crença de
que o
episódio
realmente aconteceu (Rubin e col.,
2003; Tulving, 1983). A
experiência dessas
qualidades é o
que permite a
um
indivíduo
distinguir
entre a
lembrança
autobiográfica de
um
evento
passado e
outros
estados
conscientes
como o
sonho e a
imaginação. Os
mesmos
aspectos
fenomenais da
experiência de
lembrança diferenciam de outras
manifestações de
capacidades mnêmicas,
como
reconhecer
fatos
gerais
sobre
si
mesmo e
sobre o
mundo,
ou
saber
como
executar
um
movimento aprendido.
Outras
teorias
que postularam
sistemas
distintos de
memória
também foram influentes,
como a
divisão
clássica de Atkinson e Schiffrin
em
três armazenamentos –
sensorial, de
longo e de
curto
prazo (Sternberg, 2000).
Contudo, a
lógica da
dissociação de
sistemas neurocognitivos
introduzida
por Tulving desdobrou
sua
influência
em duas
frentes: a do
estudo da
memória e a da
ciência cognitiva. No
campo da
memória,
estudos de
dissociação,
aliados a
avanços de
técnicas de neuroimagem, procuram
identificar
sistemas
independentes e especializados
responsáveis
por
habilidades
particulares de
memória. A
síntese de Squire (1992), dando
conta de
três
sistemas de
memória de
longo
prazo – procedural,
semântica, e
episódica –
amplamente aceita na
atualidade, é
bastante influenciada pelas
evidências colhidas a
partir do
trabalho de Tulving.
Mais
recentemente, Conway (2001)
enfatiza a
qualidade
quase
sensorial dos
estados de
lembrança
autobiográfica. Rubin e Siegler
(2004) ressaltam a
imaginação
visual
como o
mais
importante
processo cognitivo
entre os
que compõem as
capacidades de
memória
autobiográfica.
Memória
autobiográfica pode
ser
definida de
forma abrangente
como a
lembrança
consciente (conscious
recollection) de uma
experiência
pessoalmente
vivida
ou testemunhada, acompanhada de
um
senso de re-experiência do
evento
original, e da
crença de
que o
episódio
realmente aconteceu (Rubin e col.,
2003; Tulving, 1983). A
experiência dessas
qualidades é o
que permite a
um
indivíduo
distinguir
entre a
lembrança
autobiográfica de
um
evento
passado e
outros
estados
conscientes
como o
sonho e a
imaginação. Os
mesmos
aspectos
fenomenais da
experiência de
lembrança diferenciam de outras
manifestações de
capacidades mnêmicas,
como
reconhecer
fatos
gerais
sobre
si
mesmo e
sobre o
mundo,
ou
saber
como
executar
um
movimento aprendido.
As variações
que o
interesse
pela
experiência
consciente recebeu ao
longo da
história do
pensamento
são
surpreendentes. É
lícito
afirmar
que
esse
interesse foi
muito
baixo
quando do
início da
psicologia
científica (Wundt) e dos
primeiros
desenvolvimentos experimentais (Ebbinghaus),
até a
consolidação do comportamentalismo
como
teoria
dominante na
pesquisa e
aplicação.
Em
psicologia cognitiva, o
interesse parece
ter permanecido
baixo
até as
contribuições de Tulving (1983;
2002),
com o
conceito de
memória
episódica, e de
abordagens ecológicas,
como a da
memória
cotidiana de Ulric Neisser
(1982/2000).
Contudo, dos filósofos
clássicos a Tulving, a
explicação da
capacidade de
recordar
eventos
únicos e experienciá-los
como
referentes ao
passado
passa
em
grande
medida
por
processos
presentes de
sentimentos
fenomenais e
julgamentos e
atribuições, e
não
por
atributos dos
eventos
em
si,
tampouco no
conteúdo das
memórias.
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Nota
(1) Nossa
tradução a
partir do
excerto
original: Memory proper (...) is
the knowledge of a former state of mind after it has already once dropped
from consciousness; or rather it is the knowledge of an event, or fact,
which meantime we have not been thinking, with the additional
consciousness that we have though or experienced it before. [volta]
Nota
sobre os
autores
Gustavo Gauer
é
psicólogo,
Doutor
em
Psicologia
pela
Universidade
Federal do
Rio
Grande do
Sul (UFRGS),
Porto
Alegre, RS.
Enquanto
doutorando, recebeu
bolsa da CAPES
para
um
estágio de
seis meses na Duke University,
onde trabalhou
com o
Professor David Rubin.
Após o
doutorado assumiu a
coordenação do
Curso de
Graduação
em
Psicologia da
Faculdade da
Serra
Gaúcha,
em
Caxias do
Sul, RS. Gauer leciona as
disciplinas de
Processos
Psicológicos
Básicos (percepção,
memória,
pensamento e
linguagem), e tem exercido
atividades de
pesquisa nas
áreas de
história da
psicologia e
psicologia cognitiva –
memória,
consciência e
julgamento. Contato:
gauerg@fafich.ufmg.br
William Barbosa
Gomes é
psicólogo,
Doutor
pela Southern Illinois University –
Carbondale;
Professor
Adjunto do
Instituto de
Psicologia da
Universidade
Federal do
Rio
Grande do
Sul (UFRGS),
responsável
pela
disciplina
obrigatória de
História da
Psicologia;
professor
fundador do
Programa de
Pós-Graduação
em
Psicologia da
mesma
universidade,
responsável pelas
disciplinas de
Epistemologia da
Psicologia,
Métodos
Qualitativos
em
Psicologia, e
Estudos da
Consciência;
membro da
Academia
Paulista de
Psicologia;
pesquisador 1-B do CNPq;
Coordenador do
Laboratório de Fenomenologia
Experimental e
Cognição no
Instituto de
Psicologia da UFRGS; Coordenador do
MuseuPsi -
Museu de
Virtual de
Psicologia (www.ufrgs.br/museupsi).
Mantém
linhas de
pesquisa
em
história da
psicologia no Brasil e no
Rio
Grande do
Sul,
em
psicologia da
personalidade, e na
interface
entre fenomenologia e
processos cognitivos. Contato:
Rua Ramiro Barcelos, 2600/113; CEP 90035-003, Porto Alegre - RS, Brasil.
E-mail: gomesw@ufrgs.br
Data de recebimento: 21/12/2005
Data de aceite: 10/05/2006
-
-
Memorandum 11, out/2006
Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP
-
ISSN 1676-1669
-
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a11/gauergomes01.htm