Escrever a História significa
conferir fisionomia às datas
(Walter Benjamin)
Este
texto tem como objetivo tecer algumas reflexões sobre relação entre
memória e narração como possibilidade metodológica na constituição da
história da Psicologia no Brasil. Ambas, permitem deixar o âmbito do
individual e do privado para virem compor uma narrativa coletiva e pública
da experiência de psicólogos no Brasil.
Escrever e lembrar são atividades solitárias se não deixarem o âmbito de
sua origem. Para ganharem a força do coletivo, é preciso, ao escrever,
recorrer a um amontoado de livros pelos quais se perambula a procura de
pontos de apoio e de proteção para que o escritor sinta-se seguro e
aquecido na convivência com os outros, pois a palavra individual deve ser
fortificada pela autoridade dos que se debruçaram sobre um assunto, que
pesquisaram empírica ou teoricamente sobre ele. Ao lembrar é necessário
fazer apelo a pontos de referência que existem fora de nós e que sempre
são fixados cultural e socialmente pois o mundo dos objetos, da cultura e
das ações políticas tem maior durabilidade que a vida do homem concreto.
Tais atividades são tecidas a partir de vários pontos de apoio e de
referência que possibilitam trazer, ao aqui e agora, uma situação, um fato
ou um acontecimento, tornando-se essenciais na elaboração da experiência e
do conhecimento, seja ele de que nível ou tipo for.
Carlo Ginzburg (1996) escreveu algo que foi o fio condutor da minha
dissertação de mestrado (1) que reconstruiu uma parte da história e da
memória do Curso de Psicologia da Universidade de Mogi das Cruzes:
No passado, podiam-se acusar os historiadores de querer conhecer somente
as “gestas dos reis”. Hoje, é claro, não é mais assim. Cada vez mais se
interessam pelo que seus predecessores haviam ocultado, deixado de lado ou
simplesmente ignorado. “Quem construiu Tebas das sete portas?” –
perguntava o “leitor operário” de Brecht. As fontes não nos contam nada
daqueles pedreiros anônimos, mas a pergunta conserva todo seu peso.
(p.15).
Como uma psicóloga, aprendiz de historiadora, fui em busca das “gestas dos
reis” e dei-me conta de que a Instituição não preservara sua história
oficialmente. Então, como “operária” construtora, perguntei:— Quem
construiu o curso de Psicologia da UMC?, — Quais foram os ‘pedreiros
anônimos’ não registrados nas fontes oficiais que poderiam ajudar-me na
re-construção da história do Curso?
Entretanto, para chegar a essas perguntas e obter possíveis respostas para
elas, foi fundamental libertar-me das “armaduras” e das “bulas” que tolhem
os que pretendem produzir algum conhecimento. Queria seguir um caminho
(método) diferente, pois achava que os disponíveis eram insuficientes para
iluminarem o que gostaria de trilhar. Encontrei esse caminho nos
historiadores da História Nova (2) os quais evitaram o reducionismo da
História a um único sentido — como ciência — e deslocaram o olhar do
historiador para inúmeras descobertas.
A partir dos
Annales
a História como objeto da historiografia (3) não pôde mais ser pensada
como totalidade ou mundo histórico, como o absoluto dos historiadores do
passado. Ao não se reconhecer uma historiografia universal que tenha como
ponto de partida o plano providencial (4) desemboca-se numa historiografia
que reconhece a pluralidade das formas do conhecimento histórico e a sua
dependência em relação ao material documentário disponível e aos
princípios orientadores da escolha do historiador, ficando sem sentido
falar em progresso ou decadência de modo absoluto.
Ao novo olhar, o conhecimento histórico passa a dizer respeito a um tema
de investigação, único e irrepetível, com parâmetros cronológicos e
geográficos específicos e sempre articulado às condições contextuais. Isso
permitiu não desconsiderar diferenças e peculiaridades próprias, as
identidades individuais, sociais e culturais.
Um dos grandes ensinamentos desses novos historiadores foi perceberem que
as sociedades históricas funcionam com base na memória e que isso inclui
seu fluxo e refluxo, seu recolhimento e sua dispersão. Sabe-se, desde
Hesíodo, que Mnemosine, uma das doze filhas de Urano (Céu) e Gaia (Terra)
unidos pela força de Eros, é a memória universal, a lembrança conservada
tanto nos monumentos quanto na alma dos Homens.
A memória, seja ela entendida como o sentimento e a experiência do tempo
como alguma coisa que passou ou como o passado se presentificando, seja
entendida como o registro subjetivo dos acontecimentos pela significação
que tiveram para a pessoa, pode oferecer uma contribuição que possibilita
uma compreensão complementar ao registro oficial e voluntário dos
acontecimentos fixados nos documentos reconhecidos pela História como
organização e sistematização de fatos feitos para lembrar. Cabe lembrar
que os fatos, apesar de revestidos de um caráter de verdade, nunca são
isentos de ideologia (5).
Na Psicologia e na historiografia da Psicologia
tradicional, a tendência tem sido “apagar as pegadas!” (6), apagar as
marcas deixadas pelos que nos antecederam sem considerar a riqueza da
cultura psi no Brasil dita pré-científica, valorizando ou superestimando
aquilo que vem de fora. Ao esquecer as raízes, proibir a memória, ao
ficarmos incapacitados de viver relacionamentos estáveis e significativos,
de ouvir o outro e a nós mesmos, ficamos empobrecidos de “experiências
intercambiáveis” (Benjamin, 1985) e duvidamos acerca do valor e da
necessidade de comunicá-las.
Acredito que para reverter tal situação, uma das possibilidades seja o
resgate da narração cujo cerne é a retomada péla palavra do passado que
poderia desaparecer no silêncio e no esquecimento.
Narrar é contar uma história que pode ser real ou imaginária ou ambas as
coisas ao mesmo tempo, relacionando personagens e ações e considerando
circunstâncias de tempo e espaço. Mas a narrativa não comunica informações
nem é mero relato de fatos, pois seu núcleo é a nomeação por meio da
palavra que no fluxo narrativo conduzido pela memória descongela o
inominado e se abre para novas direções e significações.
A narrativa não pede abreviação, nem conclusão, nem explicação; nela nada
se consuma, tudo pode acontecer novamente. Benjamin (1985, p.215) diz que
“os narradores movem-se para cima e para baixo nos degraus de sua
experiência, como numa escada” e que a arte de narrar está caminhando para
o fim, pois hoje não se trocam mais experiências, fonte de onde sorvem os
narradores. Com o advento do romance na era moderna e também com a nova
forma de comunicação, que é a informação, a narrativa entrou em declínio.
A prevalência da linguagem instrumental pautada pela novidade, pela
brevidade, pela inteligibilidade fácil e pela desarticulação proposital
entre uma notícia e outra caracteriza a linguagem da informação, que
exclui a experiência do ouvinte ou do leitor e que não se circunscreve
apenas ao âmbito da informação, mas atinge praticamente todos os
discursos.
O sentido da cultura contemporânea é o presente, sem história e sem
memória. Utilizando a metáfora dos pichis (7) “colônia de sobreviventes da
qual desapareceram todos os valores exceto aqueles que podem reverter em
ações que permitam conservar a vida (...)” e citando Rouanet (8), Cardoso
(1997) diz:
No ‘puro presente’ não há lugar para a narrativa de uma história. Na
vivência reduzida à relação com o imediato e com o existente, à
autoconservação, sem temporalidade, sem configuração do passado e do
futuro, a possibilidade de narrar a própria história sequer se coloca como
questão. Na ausência de uma história à qual se referir, na submissão à
‘facticidade bruta do existente’, a cultura se reduz a ser uma ‘comunidade
prática’ caracterizada pela ‘miséria simbólica’. Nela os seus
‘personagens’ sofrem os efeitos do que lhes acontece, mas não percebem ‘a
origem daquilo que lhes acontece’. Embora ‘hábeis para lidar com os
efeitos imediatos’ não podem se constituir numa ‘comunidade simbólica’
porque são incapazes de se ancorar em alguma história constitutiva de si
próprios. Esta incapacidade é também, conseqüentemente, a de narrar esta
história’. (p.171).
A narrativa, porém, não se reduz ao instante e nem se exaure com o tempo,
assemelhando-se aos grãos de semente que durante milênios ficaram
hermeticamente fechados nas câmaras dos faraós nas pirâmides egípcias,
conservando até hoje a sua força de germinação. As sementes existem e
precisam ser germinadas. É responsabilidade de cada psicólogo no Brasil
achar as brechas para resgatar sua experiência que pressupõe sabedoria,
tradição e um tempo de elaboração e, assim, distingui-la da mera vivência,
deixada num registro meramente automático, sem possibilidade de resgatar a
memória como um ensinamento a ser re-utilizado.
Ao contar sua história, cada psicólogo vai se dar conta de que o relato
vai se desenrolar entre um início e um fim que não lhe pertence, pois a
sua história depende de ações e de narrações de outros e que, portanto,
não há nem começo nem fim absoluto em sua narração. A narrativa do seu
fazer e do seu saber em diferentes contextos, ancorada na memória, pode
ser uma possibilidade que se constitui em documento útil para a
reconstrução da história da Psicologia no Brasil.
Apesar dos debates entre a história exercida na oralidade, geralmente
considerada sem valor histórico porque memorialística, carregada de
subjetividade e por isso mesmo não confiável e a história como organização
e sistematização de fatos considerada como científica e verdadeira, os
estudiosos da historia da Psicologia no Brasil têm recorrido às narrativas
dos personagens que construíram parte desta história. A história oral (9)
pode dar grandes contribuições ao resgate da história da Psicologia no
Brasil, gerando documentos importantes para revelar e conhecer a
originalidade dos fazeres e saberes mesmo que tais documentos sejam
prenhes de erros, mentiras e lendas (os quais são também fatos históricos
e precisam ser analisados como tais) (Portelli,1998).
Thompson (1992), um dos pioneiros na utilização da história oral como
método para o registro histórico, disse que há um acervo inesgotável de
material oculto nas experiências e vivências pessoais que se tornam
documentos e, por tal razão, podem ser arrolados como testemunhos trazendo
uma nova dimensão para a história:
Uma vez que a experiência de vida das pessoas de todo tipo pode ser
utilizada como matéria prima, os historiadores orais podem escolher
exatamente a quem entrevistar e a respeito de que perguntar... podem
pensar como se fossem eles próprios, editores: imaginar qual a evidência
de que precisam, ir procura-la e obtê-la. (p. 25).
Esses documentos involuntários podem ser os fios que interminavelmente
tecem a história, embora não sejam instituídos oficialmente como
documentos-monumentos. ((10))
Esta possibilidade metodológica e documental
pode fazer um contraponto ou dar contribuições no sentido de não reduzir a
complexidade do real à aridez dos números e dos documentos escritos,
trazendo uma opulência de detalhes, de ângulos e de caminhos que só podem
enriquecer o conhecimento e a história da Psicologia no Brasil, numa
lógica muito diferente da suposta objetividade do historiador historicista
(11), despertando, por um lado, pontos de vista que foram calados pela
visão oficial, permitindo re-encontrar qualidades perdidas, objetos de
valor inestimável, lugares onde aconteceram experiências marcantes de
relacionamentos e de movimentos sócio-políticos belos ou horrendos,
dependendo da perspectiva do sujeito que os testemunhou. Por um lado, o
fluxo da memória pode deixar-nos desconcertados quando se recupera algo do
passado que se perdeu no presente (12) mas, por outro, pode dar coragem e
força para organizar o pensamento e as lutas atuais das pessoas
envolvidas. (13)
A escolha e a responsabilidade de cada psicólogo e de cada psicóloga na
re-construção de sua história passa por buscar as raízes e vislumbrar a
possibilidade de interromper o caráter aparentemente irreparável e
irreversível dos acontecimentos que assolam principalmente o ensino da
Psicologia no Brasil (14) e comprometem a atuação profissional. Através do
resgate de vozes de alguma forma silenciadas pelo discurso hegemônico, é
preciso recuperar a ética e não mais discutir a veracidade ou caráter
científico dos fazeres e dos saberes de psicólogos no Brasil, dando a
esses “aprendizes de feiticeiros” a possibilidade de interromper sua
própria feitiçaria e fazendo retornar às suas mãos a responsabilidade e o
fazer histórico. (15)
Creio que este seja um dos grandes desafios dos psicólogos no Brasil, quer
atuem na docência, na pesquisa ou como profissionais da saúde: buscar as
raízes da Psicologia que aqui tem sido feita para que possamos construir
uma nova psicologia que, de fato, seja uma psicologia que cuide do humano
e tenha compaixão pela terra (Boff, 1999) e não apenas os mencione por ser
politicamente correta.
Para isso é preciso ir em busca de uma psicologia que consiga se
desvencilhar do “labirinto racionalista” ou que esteja nele aprisionada
pelo fio de Ariadne que auxiliou Teseu a sair dele e a fugir do Minotauro
sem se perder, mesmo que isso signifique que sem esse fio não há caminhos
previstos (Matos, 1992) a seguir e que, portanto, há riscos e desafios.
Talvez o grande desafio nos remeta ao confronto com a racionalidade
instrumental cravada na sociedade brasileira, mas não exclusiva dela (16)
nem da psicologia no Brasil, que nos leva a confundir negativamente
passado e atraso, passado e obsoleto, ultrapassado, desprestigiado —
persistência a ser vencida!
Gostaria de colocar ainda algumas questões metodológicas implicadas que
devem ser consideradas quando se opta por este caminho.
No dizer de Queiroz (1988) a narrativa é uma solidificação ou
cristalização da experiência, que é “indizível”. O avanço tecnológico
permitiu conservar a narração (relato oral) através de inúmeras formas e
assim manter a vivacidade da voz do narrador, suas entonações, suas
pausas, vai-vens, silêncios, que são dados preciosos. Nova cristalização
ocorre quando se traduz ou se transcreve a palavra falada em um signo
(desenho ou escrita).
Nestas condições, introduz-se entre o narrador e o
ouvinte/público — elementos que sempre existiram na transmissão e difusão
do saber oral — um terceiro elemento, mediador entre o relato e o ouvinte:
o pesquisador ou o autor da pesquisa.
Este é um aspecto fascinante deste tipo de pesquisa: o eu narrador. Quem é
ele? A quem nos referimos quando apresentamos a história na primeira
pessoa do singular?
Estamos nos referindo ao eu do narrador aquele que é o condutor da
história que relata partes ou toda sua vida e dá a sua versão de algum
fato ou é o eu do autor da pesquisa, aquele que cria o produto final da
entrevista?
Meihy (1996) diz que essa dupla identidade é aparente pois o poder de quem
deu o testemunho prevalece sobre o de quem o colheu até a conclusão de sua
história. O resultado final é do autor do trabalho. Trata-se de passar
responsabilidades e direitos e o autor do trabalho deve anular sua
mediação em favor do destaque do entrevistado.
Em suma, os fios para iniciar a tecedura da história, qualquer que seja
ela, podem ser buscados na memória dos que a fizeram, lembrando que a
narrativa final é sempre fruto de um momento, de um encontro e de um
recorte feito, não podendo ser considerada como absoluta e definitiva, mas
como algo relativo à versão de cada um contada numa experiência
compartilhada feita de muitas e muitas vozes que falam e que silenciam
também, podendo “gerar muitas outras, cujos fios se cruzem, prolongando o
original puxado por outros dedos”, como nos ensinou Bosi (1994).
Referências bibliográficas
Benjamin, W. (1985) Sobre o conceito de história. Em W. Benjamin.
Obras escolhidas.
V.1 Magia e Técnica, Arte e Política. (S. P. Rouanet, Trad. e Org.).
(pp.197-221). São Paulo: Brasiliense. (Originalmente publicado em 1972).
Boff, L. (1999).
Saber cuidar: ética do humano: compaixão pela terra.
Petrópolis: Rio Janeiro: Vozes.
Bosi, E. (1994).
Memória e sociedade: lembranças de velhos.
3ª ed. São Paulo: Companhia das Letras. (Originalmente publicado em 1983).
Cardoso, I. (1997).
Utopia e mal estar na cultura: perspectivas psicanalíticas.
São Paulo: Companhia das Letras.
Ginzburg, C. (1996).
O
queijo e os vermes:
o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição.
(M. B. Amoroso, Trad.).
São Paulo: Companhia das Letras. (Originalmente publicado em 1976).
Matos, O. C. F. (1992). Memória e história.
A
terceira idade, 4
(6), 5-15.
Meihy, J. C. S. B. (1996).
Manual de história oral.
São Paulo: Edições Loyola.
Oliveira, R. C. (1998).
O
Trabalho do antropólogo.
São Paulo: UNESP; Paralelo 15.
Portelli, A.(1998, 7 de junho).
Ciência do indivíduo.
Entrevista free-lance para o Jornal
A
Folha de São Paulo,
Mais!.
Queiroz, M. I. P. (1988). Relatos orais: do “indivízivel” ao “dizível”.
Em O. M. von Simson (Org.).
Experimentos com história de vida (Itália-Brasil).
(pp.14-42). São Paulo: Vértice; Editora Revista dos Tribunais.
(Enciclopédia Aberta de Ciências Sociais, v.5).
Thompson, P. (1992).
A
voz do passado: história oral.
(L. L. Oliveira, Trad.). Rio de Janeiro: Paz e Terra. (Originalmente
publicado em 1978).
Notas
(5)
Cf. Le Goff, J. (1982).
Reflexões sobre a história:
entrevista de Francesco Maiello. (A. J. P. Ribeiro, Trad.). Lisboa:
Edições 70. (Coleção O lugar da história, 19). (Originalmente publicado em
1982). Ler especialmente o Capítulo III – A Nova História, p. 83-89 em que
o autor discute a questão da veracidade-falsidade dos documentos e a
necessidade de reconhecer que um documento falso também é uma verdade
histórica.(volta)
(7) A partir do relato que Beatriz Sarlo faz do romance de Fogwill:
Los
Pichi-ciegos.
Buenos Aires: Sudamericana, 1994.(volta)
(8) Cf. Rouanet, S. P. (1986).
As
razões do Iluminismo.
São Paulo: Companhia das Letras, p.103.(volta)
(9)
Podemos falar numa história oral brasileira que se utiliza basicamente de
entrevistas como fonte histórica. A invenção do gravador facilitou a
realização de entrevistas e possibilitou a criação de arquivos de fontes
orais. No Brasil temos o Centro de Pesquisa e Documentação da História
Contemporânea do Brasil e o Museu da Imagem e do Som e tem crescido muito
o trabalho com esta modalidade de pesquisa. O Projeto Memória dos
Pioneiros da Psicologia no Brasil, tem trazido importantes contribuições
para a história da Psicologia no Brasil.(volta)
(11) Benjamin, W. (1985) denomina a historiografia convencional de
historicista na medida em que acredita que o passado é exatamente o que
foi e o eterniza através dos monumentos a serem reconhecidos pelas
gerações na sucessão do tempo.(volta)
(13) Cf. Bueno, B. O. e outros (1993). Docência, memória e gênero: estudos
alternativos sobre a formação de professores.
Psicologia USP, 4 (1/2), 299-318. As autoras discutem como a memória individual adquire
sentido quando compartilhada, na medida em que a narração do passado é
provocada e se elabora em torno de referências e de pontos em comum com a
memória de outros, definindo um patrimônio cultural comum, reforçando o
sentimento de pertença e cimentando a coesão necessária ao estabelecimento
de identidades, quer de indivíduos, grupos ou nações.(volta)
(14) Refiro-me especificamente às
discussões curriculares pautadas pelas Diretrizes Curriculares propostas
pelo MEC e amplamente discutidas pelo CFP-CRP’s e Entidades de Nacionais
da Psicologia Brasileira, bem como pelo Sistema Nacional de Avaliação de
Cursos, enfim, à toda problemática que assola o ensino no terceiro grau a
qual tem reduzido o ensino da Psicologia a um amontoado de habilidades e
competências.(volta)
(15) Cf. Figueiredo, L. C.
(1995). Revisitando as psicologias.
São Paulo: Educ; Petrópolis: Vozes, especialmente no
capítulo III - Ética, Saúde e Práticas Alternativas em que discute a
questão da multiplicidade e dispersão teórica da Psicologia e a esperança
de alcançar a unidade doutrinária e metodológica e do crescente
desinteresse do autor pelas questões epistemológicas e metodológicas,
retoras e juízas do conhecimento, para deslocar-se para a questão ética
das práticas e dos discursos psicológicos. Também Carlos Alberto Drawin,
na abertura do I Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão
em 2002, traz um alerta contundente a respeito do império da tecnociência
e mostra a direção que os psicólogos brasileiros podem tomar na construção
coletiva de uma ética que referencie o trabalho dos psicólogos com
crianças, com o povo das ruas, com os doentes, com os aidéticos, com os
leprosos, com a massa de excluídos, com os sem-futuro.(volta)
(16) Na realidade a racionalidade instrumental impregna toda e qualquer
área ou campo de saber, mas especialmente é no campo educacional que mais
se presentifica e é perigosa.(volta)
Nota sobre a autora
Jozélia
Regina Díaz Olmos é doutoranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo e psicóloga clínica. Foi professora da disciplina Psicologia
Existencial Fenomenológica e supervisora de estágio em Psicologia Clínica
na mesma abordagem para o Curso de Psicologia na Universidade de Mogi das
Cruzes.
Endereço para contato: Rua Joaquim Martins Coelho, 202, Mogi das
Cruzes, São Paulo, Brasil, CEP 08790-650; e-mail: segabi@uol.com.br
Data de
recebimento: 25/01/2003
Data de aceite: 14/04/2003
Memorandum 4, Abr/2003
Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP.
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos04/olmos01.htm