Entre os dias 19 e 20 de novembro, o Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública (EME/UFMG) realizou o “Compartilha na UFMG”. O evento foi planejado para reunir todos pesquisadores, professores e estudantes participantes como forma de marcar o encerramento das atividades de campo realizadas pelo projeto Compartilha em escolas públicas de Minas Gerais. O EME recebeu cerca de 300 adolescentes que participaram do Compartilha no auditório do CAD2 da UFMG. Na ocasião, foram apresentados os resultados parciais do projeto, uma palestra interativa sobre física, além de performances culturais das turmas envolvidas no projeto.
“Desde 2018 realizamos este projeto de pesquisa e intervenção social nas escolas, com a intenção de testar as habilidades deliberativas dos participantes e ensinar um pouco sobre os princípios da deliberação. Desenvolvemos um material didático lúdico e inovador para trabalhar esses conceitos. Mas como sempre somos nós quem levamos essas propostas às escolas, achamos que nesta fase final do trabalho de campo era necessário trazer os alunos e professores à UFMG e oferecer protagonismo a eles. Foi incrível ver o engajamento deles nesta proposta”, destaca a pesquisadora do EME Fernanda Sanglard.
Apesar de o projeto Compartilha ser realizado em dois estados, Minas Gerais e Pará, o evento na UFMG envolveu a participação apenas das escolas mineiras. Outro evento será realizado em breve em Belém, envolvendo os paraenses. A oportunidade de reunir os participantes de Minas também permitiu apresentar às escolas os resultados preliminares do Compartilha, projeto que começou a ser desenvolvido em 2018. “Nossa parceria com a escola Laurita de Melo Moreira começou ainda em 2018, quando realizamos cinco encontros com uma turma do 1º ano do ensino médio. Foi uma oportunidade muito valiosa, pois testamos nosso material didático e, também, nos colocamos à prova, para conseguirmos alinhar as oficinas e a nossa equipe”, destaca a pesquisadora do EME Érica Anita.
O evento contou com a participação de professores e estudantes das escolas estaduais Dr. Lucas Monteiro Machado, Francisco Menezes Filho, Laurita de Mello Moreira e Madre Carmelita. Também estiveram presentes os integrantes do Grupo EME, representantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), como a Pró-reitora de extensão, Cláudia Mayorga e o chefe do Departamento de Comunicação, Elton Antunes, do Departamento de Física e do Grupo de Orientação Afirmativa (OA), além de representantes da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE) e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O evento também se propôs a mostrar um pouco mais sobre a universidade aos alunos. Para isso, o professor Elmo Salomão Alves, do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (Icex), realizou experimentos lúdicos e didáticos do projeto “Sala de Demonstrações de Física”. No tom de um bate-papo, os estudantes aprenderam sobre movimentos rotatórios e magnetismo. Já os integrantes do Grupo de Orientação Afirmativa discutiram a importância da inserção de estudantes negros na universidade, especialmente na pós-graduação.
Posteriormente, os professores das escolas participantes tiveram espaço para falar sobre a experiência do Projeto Compartilha e os benefícios da ação. Para o professor de português Zaquel Lopes, da Madre Carmelita, a inclusão da escola no projeto proporcionou uma experiência enriquecedora sobre ideias democráticas, deliberação e debate com reflexão sobre diversos pontos de vista. “A diversidade, a multiplicidade, a variedade, precisam existir e coexistir com a minha própria realidade. O projeto compartilha deveria ser currículo obrigatório”, declarou o professor. Os alunos e as alunas participantes dos dois dias de evento tiveram a oportunidade de expor suas apresentações culturais, que foram elaboradas durante as últimas semanas especialmente para o evento.
No primeiro dia de Compartilha na UFMG, os estudantes da Madre Carmelita apresentaram uma dança coletiva com diversos estilos musicais. Os representantes da Laurita De Mello realizaram uma performance com poesia política e os talentos da Francisco Menezes interpretaram canções, envolvendo os estilos gospel, internacional, autoral e sertanejo. Por fim, uma representante da Doutor Lucas recitou um poema sobre empatia e reciprocidade.
Já no segundo dia, as outras turmas das escolas Madre Carmelita e Laurita apresentaram, respectivamente, vídeos sobre o aprendizado com o projeto e uma encenação teatral sobre os papéis desempenhados pelos indivíduos na sociedade e sua ligação com a deliberação.
Segundo a professora e coordenadora do Grupo EME, Rousiley Maia, o próximo passo do projeto é “procurar construir reflexões consistentes sobre os diversos dados coletados, através de artigos e livros, para mostrar as inovações do projeto. No momento, estamos, também, sistematizando o que aprendemos com essa experiência para ampla divulgação e, ainda, organizando o material didático para a replicação da experiência em outras escolas. Estamos produzindo um documentário muito interessante com as equipes da UFMG e da UFPA e os estudantes e professores das escolas públicas parceiras”.