Interfaces

A aliança entre o discurso cientificista e tecnológico, que etiqueta formas de ser, aliada ao discurso capitalista, que promove a ilusão de satisfação no encontro com o objeto, promovem uma nova forma de dominação no laço social. Nele, a judicialização dos conflitos, a intolerância realizada nas mais diversas formas de violência e a objetalização da alteridade, produzem a exigência de uma retomada da interface entre Psicanálise e Direito.

Daí a proposta do Núcleo Interfaces ­ Programa Interdisciplinar de Psicanálise e Direito que, ao renovar essa interface, busca atualizar sua presença e seu impacto na realidade que atravessa as duas disciplinas, produzindo novos encontros que permitam, ao cernir um novo objeto, produzir novas formas de pensar e de fazer. Os problemas contemporâneos que enfrentamos hoje diferem estruturalmente daqueles com que se deparou Freud e que se anunciaram para Lacan em seus primórdios.

Apostar numa solução que resgata o sujeito e o valor de sua palavra, nesse sentido, é menos uma aposta nostálgica de recuperação da ordem, e mais uma abertura ao horizonte de uma condição de subjetividade e de cidadania. Pois, como já lembrava Aristóteles e recupera Agamben (2012, p. 10), “a política humana é distinguida daquela dos outros viventes porque fundada através de um suplemento de politização ligado à linguagem”. Fazer acontecer o sujeito político, sem excluir sua singularidade radical e não integralizável pelo sistema é o desafio que a universalidade do Direito e a clínica psicanalítica buscarão realizar nesse projeto, cuja interdisciplinaridade em ato se efetivará a cada ação acadêmica.

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Coordenação: Andréa Guerra, Camila Nicácio, Marina Otoni e Paula Dias

 

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