O espaço Criança Esperança de Belo Horizonte e a campanha Criança
                                            Esperança: as imagens, os produtos midiáticos e a relação destes com o cotidiano

Raquel Duarte Freitas


Introdução

O presente trabalho busca expor e discutir alguns achados empíricos que apontam para a percepção que representantes de alguns segmentos dos públicos do Espaço Criança Esperança de Belo Horizonte (Criesp-BH), retratados durante a campanha nacional de arrecadação de recursos “Criança Esperança 2005”, têm de si mesmos através da contemplação das imagens dos produtos midiáticos dos quais foram personagens. Aqui, algumas implicações metodológicas  apontam para possíveis respostas à seguinte pergunta: As imagens utilizadas nos produtos midiáticos durante a campanha de arrecadação anual, levando-se em consideração o processo de ressignificação operado pela mídia, levam ao auto-reconhecimento ou identificação dos representantes dos públicos do Criesp BH retratados nos mesmos?

Para isso, entende-se por identificação, como coloca Castels (2003) a concordância por parte dos públicos, com a atribuição de significado a todo um conjunto de experiências da vida individual (1), coletivizado através das mensagens midiáticas para mobilização da sociedade. Com base no Mapa Tridimensional (2), proposto por Braga, Henriques e Mafra (2002:54), buscou-se dividir os públicos do Criesp-BH em quatro categorias: Beneficiados (diretos e indiretos), Legitimadores e Gestores. Para esta divisão, estabeleceram-se, a priori, critérios adotados pelos autores como localização geográfica, no caso específico o Aglomerado da Serra; informação desses públicos sobre o Criesp BH; julgamento sobre a inserção do mesmo naquela comunidade; a capacidade de agência ou colaboração desses públicos em relação às ações do Espaço; Coesão; Continuidade; Co-responsabilidade e Participação Institucional.Também, o estabelecimento de níveis de vinculação e ou sensação de pertencimento, desses públicos em relação ao Criesp-BH, elegendo, desta maneira, um representante de  cada categoria   que tenha participado de diferentes ações da Campanha Criança Esperança 2005. Somada a isso, deve-se considerar a atuação da autora, enquanto integrante da Assessoria de Comunicação e Marketing do Criesp-BH, por mais de dois anos, além de uma análise minuciosa dos relatos da experiência por eles vivida, e o acompanhamento das mesmas pela autora, responsável pelo levantamento das histórias de vida e apoio na produção dos anúncios impressos, vt’s e ações da Campanha. Deste modo, o corpus deste trabalho é composto por entrevistas em profundidade com Rúbia, Reinaldo, Juliana e Bruna, quatro representantes de diferentes segmentos do público do Criesp-BH que participaram de ações da Campanha 2005 e da análise destes: um anúncio impresso (3); as imagens do Programa Altas Horas (4); dois vt’s (5), exibidos durante toda a campanha e as imagens do 4º bloco do Show Criança Esperança (6) .

A relação imagens e comunicação e os processos de interação e vinculação Social

Às imagens, César Guimarães (2002) atribui três acepções. A primeira relacionada à manifestação de sentido encarnada em signos visuais emoldurados por suportes materiais distintos (7). A segunda, por representação que emerge de um discurso verbal e que denota ou conota, sinteticamente, um ou mais significados (8) e a terceira, a um conjunto de representações e de regimes de sentido produzidos por domínios simbólicos especializados e diferenciados e alcança o vasto conjunto de imagens, imaginações e símbolos que constituem a vida social (9).  Aqui, levaremos em consideração a terceira concepção, já que o objeto analisado relaciona-se aos produtos midiáticos e aos lugares de pertencimento a que as imagens utilizadas remetem. Nos vt’s e anúncios impressos produzidos para a Campanha de Arrecadação 2005, veiculados a partir do mês de junho, desse ano, buscou-se, através de uma materialidade simbólica, ancorada em histórias de vida dos jovens beneficiados pelo Projeto e da importância deste em suas vidas, provar que o Criança Esperança transforma a vida de crianças e jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social. Além, é claro, de convocar o leitor/ telespectador a contribuir, através de sua doação, para que essa transformação possa ocorrer de fato. Neste contexto, os contribuintes, aqueles (as) que fizeram ou farão uma doação, são convocados como co-responsáveis por essa transformação, por permitirem, através do financiamento ou doação, que as ações que levam à mudança possam ser efetivadas. Mudança esta, representada pelos personagens das mensagens midiáticas, cujo o enfoque é direcionado pelas experiências de vida dos jovens beneficiados, vinculadas ao grupo de pertencimento destes, remetendo, em grande medida, a um estereótipo ou tipo social legitimado como aquele que precisa de ajuda para mudar.

Para isso, alguns casos de crianças e adolescentes de diversos locais do País, donde destacamos aqueles pertencentes ao Criesp-BH, que tiveram suas trajetórias de vida alteradas, após o ingresso nos Espaços Criança Esperança e ou projetos apoiados pela campanha, foram levantados. Após triagem, esses casos reais foram transformados em anúncios impressos, vt´s, e inserções em programas que compõem a grade de programação da Rede Globo de Televisão.

Tanto no vt institucional no qual Juliana é retratada, quanto do vt que simula a produção da carta pela adolescente Bruna e no anúncio de qual Rúbia foi personagem, além das imagens que ilustraram a participação do Reinaldo no programa Altas Horas, a imagem dos personagens enquanto representante de jovens atendidos pelo Projeto, está vinculada a materialidade simbólica descrita acima.

De modo geral, essa vinculação, se pensarmos a realidade transmitida pelo produto midiático, dificulta a percepção, por parte do leitor/espectador, da exclusão e o contexto a que de fato os jovens atendidos pelo Criesp-BH estão inseridos. Os Espaços Criança Esperança não necessariamente operam na mesma lógica dos projetos sociais beneficiados pela Campanha e nem estão diretamente ligados a essa rede de significação convocada para mobilização. Apesar dos cortes e enquadramentos, tanto a produção da carta como a história de vida de Rúbia e Juliana , exploradas no anúncio e vt, bem como a participação do Reinaldo no Programa Altas Horas e sua percepção da relevância do Criesp-BH para os Grupos Culturais do Aglomerado, são reais. Como coloca Jost (2004), remetendo à concepção platônica, as imagens não são inventadas, são reproduzidas a partir do que é visível. Remetendo ao telejornal, o autor coloca que embora este pretenda falar da realidade, observa-se, freqüentemente, que ele a reduziu ao visível, ao ponto de a existência dos acontecimentos depender de sua capacidade de ser visualizado (10).   De fato a Bruna escreveu por livre e espontânea vontade a parte da carta que lhe coube e Rúbia, assim como a Juliana e  Reinaldo tiveram suas vidas modificadas após a inserção do Criesp BH naquela comunidade. Mas, apesar disso as imagens que aparecem na televisão e na revista dos brasileiros, de um projeto “que salva”, parece não permitir que o receptor, apesar de constituinte da mensagem, se reconheça no que vê.

A representação utilizada como ficcional, como ponderou Rúbia durante a entrevista, o que pode ser atribuído à redução do processo vivido por eles às imagens  transportadas pelo meio técnico e a forma como é decodificada pelo grande público a que essa mensagem é direcionada. Assim. o enunciado passa a ser questionado pela forma de enunciação, próprios dos produtos midiáticos, do qual o público se apropria, como sustenta Eco (1984). “Vale menos a verdade do enunciado e mais a verdade da enunciação (11)”.

“Que menina é essa?”, perguntou Rúbia após se ver na revista. “Eu fiquei tão diferente. Na TV fico mais bonita.”, disse Bruna à autora após a produção do vt que simula a escrita da carta pela mesma. Também declarou Reinaldo quando questionado sobre a exibição do programa:
 

“As pessoas falaram que eu falei bonito e tal, eu não falei nada bonito lá, eu falei o que tinha que falar. (..) E outros falaram só da imagem... nó eu vi você na televisão, mas nem ouviram o que eu falei. Tem esses dois lados, (...)quando eu estava lá na fala eu consegui me identificar, mas quando eu vi na televisão eu me vi dentro da campanha (...)”.
Para Benjamin, “a natureza que fala à câmara não é a mesma que fala ao olhar; é outra, especialmente porque substitui um espaço trabalhado conscientemente pelo homem, um espaço que ele percorre inconscientemente” (12). Mas, para além dessa diferença de percepção proporcionada pelo meio técnico, a conseqüente aproximação espaço-temporal além dão aumento da disseminação de informações e imagens através da mídia e dos meios simbólicos de comunicação, a imagem assume a função de permitir o reconhecimento e ou o auto-reconhecimento, seja por aceitação ou resistência. Também, como escreve Guimarães (2002) a imagem reflete traços das experiências históricas, sociais e culturais dos indivíduos e nos leva ora a reconhecer, por força da identificação, ora a estranhar, por força da surpresa ou da denegação (13). Ainda, como destaca Hall (1998), à medida que o indivíduo tem contato com estes conteúdos diversos reproduzidos pelos meios técnicos, a formação de sua identidade passa a ser então influenciada positiva ou negativamente por esse apanhado de referências e formas de subjetivação. Neste processo, osujeito não adere somente a causas e imagens do lugar onde convive, tendo a formação de sua identidade constantemente influenciada pela apreensão de informações e material simbólico, donde destacamos as imagens disseminadas pelos meios de comunicação. Nesse sentido, Juliana fez um relato interessante de sua experiência quando entrevistada:
 
“Se você viesse no Espaço (Criesp - BH) você saberia do trabalho que vocês fazem aqui, beleza. E em uma hora não dá nem pra você saber. Mas a campanha, o show e tudo mais, eu acho que mostra uma coisa compacta a todo o País, o trabalho como um todo(...) e, assim, o show consegue mobilizar a massa. E o Espaço, algumas pessoas que visitam, se identificam com o trabalho. ... Mas  não dá pra todo mundo que assiste o show visitar o espaço...”.
Isso explicaria o fato de que os sujeitos se permitem conhecer, através dos meios de comunicação, coisas ou pessoas que os são familiares e acabam por estranhar parte desse familiar, como expressaram Rúbia, Bruna e Reinaldo através de seus depoimentos, ou se identificar com estas, como no caso de Juliana, mesmo estando inseridas dentro do mesmo espaço e tempo dos primeiros. Daí a pergunta que impulsionou a reflexão aqui proposta ganha uma nova configuração. Diante dos depoimentos, percebe-se que existe uma identificação parcial e não total, da maioria dos entrevistados e que a exceção aplica-se a uma entrevistada que se dedica à compreensão de processos e técnicas audiovisuais. Será que a identificação parcial está ligada à não compreensão do processo de codificação e decodificação operado pelos meios de comunicação na construção das mensagens?

Braga e Calazans (2001) apontam para comunicação enquanto característica humana, essencial para o estabelecimento de uma vida em sociedade Daí a definição do objeto do Campo da Comunicação, relativo ao processo de se examinar as formas e modos como a sociedade e os indivíduos que a compõem interagem, ou interação social. Sendo a Interação Comunicacional um processo simbólico que organiza a troca entre os humanos, viabilizando a ação, a co-participação. Assim,o processo comunicativo seria uma espécie de estratégia racional de inserção do indivíduo na sociedade, sendo esta determinante do surgimento das tecnologias midiáticas. Por essas razões, os meios de comunicação e seus produtos passam a ser o sistema material produtor e circulador de informação na sociedade moderna. Na verdade, o que observamos é uma sociedade moderna ampliando e diversificando suas possibilidades de interação, midiatizada desde a segunda metade do século XIX (14) .E, recentemente, observamos, a apropriação dessas possibilidades, por projetos e movimentos sociais,  para a convocação de sujeitos e a disseminação de seus objetivos.

Durante o Show Esperança temos, de um lado, a imagem dos sujeitos que conquistaram a fama, o sucesso, espaço na esfera pública midiatizada e que podem usufruir dos benefícios que as recompensas financeiras por estas conquistas lhes permitem. De outro, os indivíduos que tiveram negligenciados os seus interesses durante os processos decisórios e convivem diariamente com as conseqüências dessa negligência.Estas características, utilizadas para a configuração desses últimos enquanto públicos de projetos sociais, como o Criança Esperança, somadas à aceitação pública dos artistas constituem outros dois importantes elementos utilizados durante a campanha de arrecadação. O primeiro refere-se ao campo de pertencimento e ao referencial simbólico carregados pelos artistas e o segundo às características e vivências de crianças e adolescentes que vivem em vulnerabilidade social. Ambos apesar de diferentes, diversos e até antagônicos, se é que podemos dizer isso, são convocados, através das falas e vt’s durante a campanha, em prol de um objetivo específico: levar o telespectador a contribuir, através da ligação e doação, com a causa defendida.

Porém, essa estrutura, apesar de eficaz, se pensarmos os mais de 130 milhões arrecadados desde sua implantação, não contempla as diferenças existentes nos contextos locais em que essas crianças e adolescentes estão inseridos, deixando de fornecer, desta forma, levando-se em consideração a formação da identidade diretamente ligada a esses contextos e imagens diversos, elementos suficientes para a identificação total de determinados públicos. Neste ponto, talvez esteja um dos fatores que levam ao não reconhecimento, se vislumbrarmos a centralidade da produção de sentidos e a comunicação nos processos de identificação social.

A Campanha Criança Esperança e o Espaço Criança Esperança em Belo Horizonte

A distinção entre a campanha nacional de arrecadação, “Campanha Criança Esperança”, e os Espaços Criança Esperança é fundamental para o entendimento da questão proposta.A expressão Campanha Criança Esperança refere-se a uma gama de ações, promovida pela Rede Globo de Televisão, para arrecadação de recursos destinados a projetos sociais que visam o beneficiamento de crianças e adolescentes.  A Campanha, que completou, em 2005, 20 anos de existência e teve início em 22 de julho, com término em 20 de agosto, consiste na organização de um grande show, além de inserções de vt’s e anúncios em mídia televisiva e impressa, com a presença de artistas e atores de destaque nacional .

O Show acontece anualmente e é veiculado pela Rede Globo e afiliadas em cadeia nacional. Em 2005, o espetáculo aconteceu, sábado, dia 06/08, coma a apresentação de Renato Aragão e domingo, 07/08, apresentado por Ana Maria Braga e Luciano Huck no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.Programas como Caldeirão do Huck, Altas Horas, entre outros, além dos telejornais locais e nacionais, abordaram os 20 anos de Criança Esperança. Os programas mostraram algumas das atividades desenvolvidas nos Espaços e contaram histórias de jovens que participam de projetos apoiados No total, as doações ultrapassaram R$ 11 milhões.

Todo recurso é repassado à Unesco que distribui aos diversos projetos, eleitos por esta instituição e apoiados pela campanha, como exemplo, a Pastoral da Criança e do Adolescente, dentre outros. Já os Espaços Criança Esperança são de fato projetos coogeridos pelos parceiros nacionais, Rede Globo e Unesco, em parceria de instituições locais, que variam. Atualmente, existem quatro Espaços: Olinda, Belo Horizonte e dois deles no Rio de Janeiro.   Em Belo Horizonte, o Criesp é fruto da parceria entre a Globo, a Unesco, a Prefeitura e a PUC Minas, sendo a última responsável pela coordenação e execução das ações. Em Minas, público-alvo direto é composto por adolescentes entre 12 e 18 anos e o indireto por crianças, famílias, grupos culturais e a comunidade em geral, moradores Aglomerado da Serra, localizado na região Centro-Sul da Capital Mineira, que comporta mais de 40 mil habitantes (15), onde moram Bruna, Rúbia, Reinaldo e Juliana.

Então, a partir das referências conceituais citadas e da experiência descrita é que surgiu a questão que motiva este trabalho: As imagens utilizadas nos produtos midiáticos durante a campanha de arrecadação anual, levando-se em consideração o processo de ressignificação operado pela mídia, levam ao auto-reconhecimento ou identificação dos representantes dos públicos do Criesp BH retratados nos mesmos? Ou seja, diante da transformação de suas experiências de vida em mensagens midiáticas para mobilização, na transformação da realidade ao visível, pela mediação técnica, como se dá a identificação desses públicos com o que vêm e ou lêem?

Diante dessas questões tomamos como objeto de estudo a relação imagem/comunicação e os processos de interação e vinculação sociais desencadeados por esta mediação. Para isso, partiu-se para uma análise da participação de quatro integrantes do Espaço Criança Esperança de Belo Horizonte e a percepção destes sobre as mensagens midiáticas dos quais foram personagens, como relatado na introdução deste trabalho.  A partir dos níveis de vinculação desses integrantes com o Criesp-BH , a priori definidos pelas experiências e ou histórico de atuação no projeto (co-responsabilidade, legitimação, tempo de permanência, continuidade das ações, colaboração, etc), o que levou à escolha dos mesmos enquanto personagens da campanha, e a posteriori a adaptação do Modelo de Mapeamento Tridimensional dos Públicos proposto por Braga, Henriques e Mafra (2002:54),  buscou-se, com base nos perfis dos personagens, contemplar os públicos do Criesp-BH, dividindo-os  em quatro categorias: Beneficiados (diretos e indiretos), Legitimadores e Gestores.

O modelo de mapeamento foi aplicado para que pudéssemos distinguir e proporcionar uma visualização dos diferentes públicos que compõem o Criesp-BH e dos níveis de vinculação/aproximação dos mesmos.  Por Beneficiados, como colocam os autores, pode-se definir todas as pessoas e instituições que podem ser localizadas dentro do âmbito espacial que o projeto delimita sua atuação. Na pesquisa atual, definiu-se como critério para pertencimento a este segmento o fato de ser público direto do Criesp-BH, ou seja, ter entre 12 e 18 anos, ser morador do Aglomerado da Serra e freqüentar alguma das oficinas oferecidas pelo Criesp-BH. Por Beneficiado indireto, entende-se o público que de alguma forma, apesar de não se encaixar no perfil do público atendido diretamente, participou de alguma atividade oferecida pelo projeto, e a partir daí passou a estabelecer vínculo com o mesmo. Já os legitimadores, são representados por pessoas que integram a comunidade e participam de atividades realizadas pelo projeto,( como eventos, feiras e etc) e os geradores por pessoas da comunidade que de fato integram a equipe do Criesp-BH.

Cotidiano e Mediação: personagens ou moradores do Aglomerado da Serra?

Bruna e o Show

Bruna de 12 anos, nasceu em, em Belo Horizonte, mora no Aglomerado da Serra e freqüenta as oficinas de esporte, lazer e arte em miçangas, oferecidas pelo Criesp- BH, há 8 meses. Sua faixa etária e o fato de a adolescente compor o público alvo das ações do Criesp BH, faz dela uma representante do Público Beneficiado Direto, ou seja, daquele publico que recebe atendimento direto do Criesp BH. A adolescente divide quatro cômodos com a mãe e outros três irmãos  Bruna não conhece o pai e atualmente, todos vivem do trabalho da mãe, às quartas e quintas, como diarista. Em Agosto de 2005, Bruna foi escolhida , junto de outras quatro crianças de outros estados, para escrever uma carta de agradecimento pelos 20 anos do Criança Esperança. A carta foi elaborada, por todos os adolescentes nos projetos a que pertenciam. Bruna escreveu:
 

“oi, eu Bruna Luiza Santos da Silva queria agradecer ao criança esperança por tudo o que ele fez pra mim e pra outras crianças do Criesp-BH e também falar que a gente deve sempre acreditar em Deus e no Criança Esperança que eu sei que vai tirar muito mais crianças das ruas” .


Porém, para compor a produção do show, um roteiro para filmagem da simulação de cada um dos jovens escrevendo a carta foi proposto, já que as imagens reais que traduziriam de fato a produção da carta, não foram captadas. Em Belo Horizonte, foram produzidas imagens da jovem Bruna Escrevendo a carta na Praça da Liberdade,um dos pontos turísticos da cidade, seguindo um roteiro estipulado.

Durante o quarto bloco do show de domingo, enquanto a apresentadora Ana Maria Braga dizia: Nesses 20 anos de existência, o criança Esperança mudou a vida de mais de 3 milhões de crianças e adolescentes. Por isso, nós pedimos que cinco crianças de várias partes do Brasil escrevessem juntas, uma carta de agradecimento, um vt editado conforme o roteiro sugerido das crianças escrevendo as cartas é exibido no telão. Depois disso, a apresentadora convida a atriz Christiane Torloni a subir ao palco para ler a carta final (17) dos pequenos autores: Bruna, Danielle (Pastoral da Criança do Paraná), Rauana (Espaço Criança Esperança de Olinda - PE), Raiara (Instituto Cultural Flauta Mágica, Cuiabá - MT) e Tiago (Instituto Palavra Mágica, Ribeirão Preto - SP). Depois da Leitura, as cinco crianças, que passaram por uma maratona de ensaios, entram no palco e respondem a algumas perguntas feitas pelos apresentadores (18).

Rúbia e os Anúncios Impressos

Desde o dia 17 de Junho de 2005, os principais jornais e revistas do País começaram a veicular a campanha publicitária impressa do projeto Criança Esperança. Para contabilizar os resultados obtidos ao longo desses 20 anos, a série de anúncios (16) deixa os números de lado e conta histórias de crianças que tiveram suas vidas transformadas pelas ações do projeto.

Ao todo, a série contou com a produção de sete peças publicadas até o final de julho, dentre as quais Rúbia foi uma das personagens. Rúbia, de 17 anos, participa da oficina de dança oferecida pelo Criesp BH desde a inauguração, há dois anos e atualmente passou pelo curso “Competências Básicas para o Trabalho”, sendo escolhida, junto a outros 14 adolescentes do Aglomerado da Serra, para atuar como Monitora, recebendo para isso uma bolsa-auxílio no valor de R$130,00. Por esse perfil, além de uma trajetória de vida marcada por privações, Rúbia foi escolhida para compor um dos anúncios e representa o público Gerador do Criesp BH, que contempla a equipe que integra o Espaço. Veiculado na Revista Veja, o anúncio com o título “Ela tinha que escolher em acreditar no destino ou nela mesma”, conta, através de um discurso publicitário, a história relatada acima com base no seguinte depoimento dado pela jovem durante entrevistas feitas pela autora para indicação de personagens :
 

“Depois que eu entrei no projeto mudou tudo na minha vida. Eu conheci mais pessoas, fiz mais amigos, aumentei as minhas expectativas de vida e o meu senso de responsabilidade. Agora, com a bolsa de Monitora, pretendo pagar o meu cursinho pré-vestibular para tentar uma universidade de enfermagem no fim do ano”.


Reinaldo e o “Altas Horas”

Reinaldo nasceu e mora no Aglomerado da Serra e desde moleque, como ele mesmo diz, ouve Rap. E foi essa identificação com o estilo musical que o levou a buscar na música uma profissão. Em 2000, Reinaldo associou-se ao Grupo Vozes do Rap (VDR), composto, na época, por outros três integrantes: Sidney, Edmar e Jéferson. A partir daí, o grupo começou a se encontrar periodicamente para produzir as letras. “Na época ninguém trabalhava, aí nós entrava pro barraco e ficava escrevendo as letras. Buscando, através da música, fazer as reivindicações com base no nosso quotidiano”, relatou durante entrevista à autora. Em 2002 Jéferson, um dos integrantes do grupo, foi assassinado na comunidade, vítima da violência. A partir daí, o grupo buscou sua reestruturação e em homenagem ao amigo criou um a letra. “Nós falamos da nossa realidade nas letras, mas é uma realidade compartilhada por um bocado de nêgo que vive em favela”, diz.

O Rapper, aqui eleito como representante do público Legitimador do Criesp BH, integra também o CRIART, Comunidade Interagindo Com a Arte, um grupo de articulação cultural facilitado e apoiado pelo Criesp BH, que busca a potencialização e a integração dos grupos e produtores culturais do Aglomerado da Serra. Em muitas das ações do Criesp BH o Criart, bem como os grupos culturais, são convidados a participar enquanto Co-responsáveis, o que justifica a postura do Rapper enquanto público legitimador do Criesp- BH, que por vezes é convidado à ação e dela participa de forma co-responsável.

Durante a Campanha Criança Esperança 2005, Reinaldo participou da Gravação do Programa Altas Horas no dia 30/06/05 que, após edição, foi ao ar no dia 30/07/05. Na ocasião, Reinaldo cantou, usando do Criança Esperança,  ao lado do também Rapper Rapin Hood, um dos principais representantes do movimento Hip Hop Nacional.

Juliana e o Vídeo Tape

Juliana, de 22 anos, passou a integrar os jovens beneficiados pelo Projeto em Julho de 2003, quando foi convidada a participar de uma das primeiras oficinas ministradas pelo Projeto, a Oficina de Vídeo. Fruto de uma parceria entre o Projeto, a Ong Oficina de Imagens e o Curso de Comunicação Integrada, da PUC Minas São Gabriel, a oficina, de seis meses de duração, teve como objetivo promover a formação de 15 jovens do Aglomerado Serra focando na produção audiovisual. Durante o processo, quatro vídeos foram produzidos e posteriormente exibidos para a comunidade e à cidade. Dentre eles, destacou-se o vídeo produzido por Juliana, “Janelas do Aglomerado”, durante o III Festival de Cinema Universitário de Belo Horizonte (FESTICINE) que recebeu dos organizadores o prêmio na categoria Melhor Vídeo, aberta aos jovens de aglomerados da cidade, premiada por júri popular.  Juliana participou e participa esporadicamente de Seminários, Palestras e eventos na comunidade, mas atualmente não desenvolve nenhuma atividade diretamente ligada  ao Criesp-BH, apesar de nutrir gratidão e grande simpatia pelo mesmo. Esses atributos, fazem dela uma representante do Público Beneficiado Indiretamente pelo Criesp BH. Personagem de uma série de vt´s institucionais sobre os 20 anos do Criança Esperança.  ela dizia: “Se a gente correr atrás, se a gente batalhar não há quem segure”. E em outro: “Eu produzi um documentário chamado Janelas do Aglomerado”. Os Vvt’s sempre são iniciados com imagens e depoimentos de celebridades resgatadas de campanhas anteriores, as iniciais, e depois exibem uma série de recortes com imagens e trechos de depoimentos de jovens de diferentes idades, etnia e lugares do País.

“Show Esperança”: perdas e ganhos

As adesões em projetos que visam à mobilização social acontecem através da formação de vínculos como sustenta Henriques (2004). Para o autor a principal função da comunicação em um projeto de mobilização social é gerar e manter vínculos entre os movimentos e seus públicos, o que se dá através do reconhecimento da existência e importância de cada um e do compartilhamento de sentidos e valores.

Por tudo isso, os projetos sociais ou grupos que buscam a mobilização social e a disseminação de suas reivindicações, precisam, diante de uma sociedade cada vez mais midiatizada, fazer-se ver e ouvir (17), ou seja, disseminar através dos meios de comunicação o conteúdo de suas reivindicações, para que estas sejam conhecidas e que possam, em alguma medida, provocar a ação ou o desejo de as aceitarem, ou não, naqueles que as conhecerem.

Desta forma, podemos dizer que o Show Esperança e a Campanha de Arrecadação são importantes, não apenas para gerar a visibilidade do projeto Criança Esperança e pautar a cobertura da mídia, mas para estimular os receptores ou públicos dessas mensagens de modo a sensibilizá-los com as causas dos projetos contemplados e levando-os a agir em benefício destas causas. No momento em que as reivindicações dos projetos sociais são socializadas através das imagens mostradas pela televisão, bem como na mídia impressa, e elementos que identificam tais reivindicações são embutidos nessa mensagem, pode haver uma apropriação desses elementos por parte do público telespectador levando à formação de uma identidade coletiva como sustenta Castells (2001).

O autor trabalha com o conceito de ator coletivo, entendendo este como integrante de algum projeto de mobilização social. De forma que um indivíduo, ao fazer parte de um projeto social, assume uma realidade que condiz e revela a identidade do próprio movimento. Essa identidade, segundo o autor, é determinada coletivamente e é construída através das trocas simbólicas, instigada por quem elaborou seu conteúdo simbólico perante os que se identificam ou não com tais elementos.Mas, ao colocar que toda construção de identidade social envolve relação de poder, Castells (2001) propõe três modelos de construção da identidade, dentre elas o que nomeia identidade de resistência entendendo esta por aquela que se forma em indivíduos ou grupos que estão em posição desfavorável em relação ao grupo dominante. Se os convidados para facilitar a mobilização são pessoas que estão relacionadas ao sucesso e à fama, e aqui me refiro aos artistas e atores, em benefício de pessoas referentes a um outro grupo de pertencimento, crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social, sem grandes esforços podemos apontar este último como o grupo desfavorável.

 Desta reflexão, somada às proposições de Castells, podemos pensar que ao mesmo tempo em que a as imagens utilizadas durante a campanha fornecem elementos para a construção de uma identidade coletiva, elas também acabam alimentando a possibilidade da construção de identidades de resistência. Como colocamos aqui, os processos que levam à construção de identidades são híbridos e por conseqüência, também os seus produtos os são em decorrência das múltiplas possibilidades de apropriação, assim como a realidade, se pensarmos a imagem enquanto signo, não se pode considerá-la sob um único ângulo de relação com o mundo (18). Nesse sentido, o que é ou não é real parte do julgamento de cada indivíduo com relação a determinado signo.

Conclusão

É provável, que a utilização de imagens, entendidas como um conjunto de representações e de regimes de sentido produzidos por domínios simbólicos especializados e um possível sentido de identidade comum de determinado projeto social de alcance nacional, como exemplo o Criança Esperança, norteiem as ações dos comunicólogos que servem a esses projetos, buscando, através destes advogar cobertura, buscar visibilidade e ao mesmo tempo sensibilizar o público para a ação, como foi dito aqui.  Mas, apesar das características técnicas dos produtos midiáticos, respeitar as diferenças, expressas nos contextos locais, as micro-estruturas que compõem o projeto, através da criação de instrumentos para que estas sejam contempladas, é, de fato, um desafio. “A identidade e a diferença tem que ser ativamente produzidas. Elas não são criaturas de um mundo natural ou transcendental, mas do mundo cultural e social”, (Silva, 2000: 76). Para esse tipo de processo, como coloca Silva, fruto de uma produção simbólica e discursiva, estreitamente ligado às relações de poder, não existe um modelo pronto ou uma receita. Mas sabe-se, contudo, que as imagens e o material simbólico operado pelos meios de comunicação, dentre outros fatores, como a compreensão dos processos midiáticos eou de mediação, interferem no processo de identificação. “A imagem assume a função de religar os fatos individuais aos fatos sociais, permeando a rede de interações comunicativas que começa pela casa e alcança a cidade” (Guimarães, 2002: 18). O que nos leva a pensar que esse processo de criação e manutenção de vínculos, como ressalta Henriques (2004), não se dá, de maneira efetiva, sem a contemplação das diferenças e que talvez o fato dessas não serem representadas, através das imagens veiculadas  durante a campanha de arrecadação, somada à dificuldade de compreensão das novas formas de interação social, estabelecida pelos meios de comunicação, levem à identificação parcial ao invés de uma completa identificação dos representantes dos públicos do Criesp BH, aqui analisados.

Não é possível, porém, neste trabalho, elencar pontualmente, ou diagnosticar que isto ou aquilo isoladamente seria responsável pelo desencadeamento da aceitação e ou resistência. Buscou-se problematizar a relação mídia e cotidiano, apontando para elementos que dizem da força das imagens em provocar a atração e ou a estranheza na construção de um sentimento de pertença, aceitação e resistência, relacionando essas questões aos públicos do Espaço Criança Esperança de Belo Horizonte e as especificidades da campanha da arrecadação de recursos Para o entendimento dos desdobramentos dos processos comunicativos na teia do social, o que importa, como sustenta Castro(1997:21) é “o reconhecimento de relações que nos afetam e que se construíram como desafio tanto no plano da reflexão quanto no plano da ação”.

Notas

(1)   CASTELLS, 1999.

(2)   BRAGA, Clara S.; HENRIQUES, Márcio S.; MAFRA, Rennan L. M. O planejamento da comunicação para a mobilização social: em busca da co-responsabilidade. In: HENRIQUES,Márcio S. (org.). Comunicação e estratégias de mobilização social. Pará de Minas/MG: Gênesis, 2002.

(3)   Revista Veja, Editora Abril, Edição 1914, ano 38, no 29, julho de 2005.

(4)   Altas Horas exibido pela Rede Globo de Televisão em 30/07/05.

(5)   Vídeo Tapes dos quais foi personagem  Juliana Celestino, exibidos pela Rede Globo em jul e ago 2005.

(6)   Bloco 4, do  Show Criança Esperança 2005, exibido pela rede Globo de Televisão em 07/08/05.

(7)   GUIMARÃES, 2002. p 17.

(8)   Ibidem.

(9)   Ibidem..

(10)   JOST, 2002. p 83.

(11)  ECO, 1984. p 183.

(12)  BENJAMIN,1998. p 94.

(13)  GUIMARÃES, 2002. p 18.

(14)  BRAGA E CALAZANS, 2001. p. 19.

(15)  Conforme diagnosticou a equipe de Monitoramento e Avaliação do Criança Esperança, em 2003, com base no último Censo levantado pelo IBGE, o Aglomerado da Serra comporta 5 vilas e  uma população estimada de 41.872 mil habitantes, numa das regiões com os maiores índices de vulnerabilidade social do município de Belo Horizonte. As famílias têm renda média entre 1 e 3 salários mínimos, a infra-estrutura urbana básica é precária, faltam equipamentos públicos esportivos e culturais, a densidade populacional por moradia é alta.

(16)  A criação dos anúncios é de Eduardo Castro e Rosana Braem e a direção de criação de Marcos Pedrosa.

(17)  HENRIQUES, 2004. p 21.

(18)  JOST, 2002.p 88.

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