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atualizado: 31 janeiro de 2012

VI. O Espírito. B – O Espírito Alienado de Si Mesmo. A Cultura

II. O iluminismo (Aufkärung)

(PhG, 37 parágrafos; FE, parágrafos 538 a 573; nesta página: 556-574)

[Atenção! A edição crítica distingue os parágrafos 540 e 541, ao passo que a tradução de Meneses aglutina-os em um único parágrafo: 540. Na sequência, mantenho a divisão de parágrafos da edição crítica. Portanto, a numeração dos parágrafos nesta página e nas subsequentes estará um parágrafo adiantado em relação à tradução de Meneses].

[Atenção: Arquivos de som no formato m4a]


Par. 556 e 557 > 01o203

O terceiro momento: o agir (Tun; culto e sacrifício) da consciência crente como a mediação que faz a união entre a consciência-de-si e a essência.

Neste agir, o iluminismo não compreende a conformidade entre meios e fim, bem como não entende o próprio fim do agir da fé.

O iluminismo e sua crítica à conformidade entre meios e fim: gozo, prazer e propriedade.

O iluminismo como intenção impura e fraude.

Autonegação do iluminismo como pura intelecção e pura intenção.


Par. 558, 559, 560 > 01o203

Os três momentos da verdade positiva do iluminismo.

O primeiro momento da verdade positiva do iluminismo: a determinidade como finitude e a essência absoluta como o vazio.

O segundo momento da verdade positiva do iluminismo: a singularidade como absoluto ser-em-si-e-para-si.

O terceiro momento da verdade positiva do iluminismo: a relação entre a singularidade e a essência absoluta como sendo uma relação marcada pela forma, a saber, o negativo em-si e, portanto, o oposto a si, de tal modo que essência e singularidade se relacionam com base no ser (e, neste caso, a singularidade é o em-si absoluto) e não-ser (e, neste caso, a singularidade não é o em-si absoluto, mas para um outro).


Par. 561, 562 e 563 > 01o2030405

A noção de utilidade derivada da relação entre consciência singular e a essência absoluta.

A religião é “a utilidade pura mesma”.

Por que o iluminismo se apresenta como abominação para a fé? 1) A essência absoluta interpretada como o vazio; 2) todo ser-aí imediato é tomado como em-si e bom e 3) a religião, interpretada como a utilidade suprema, esgota a relação da consciência singular com a essência absoluta.

A banalidade do iluminismo aos olhos da fé: ele interpreta o ser supremo como vazio e o saber sobre a finitude como saber verdadeiro e supremo.


Par. 564 > 01

O direito divino (direito da absoluta igualdade-consigo-mesma) da fé e o direito humano (direito da desigualdade) do iluminismo

O direito do iluminismo pertence à natureza da consciência-de-si como tal. Consequentemente, este direito se torno o direito absoluto, a saber, o direito do iluminismo e também direito da fé, embora ambos, como iguais direitos do espírito, permaneçam na condição de opostos.


Par. 565 > 01

O iluminismo critica a fé com base em princípios próprios à consciência crente.

Ele sabe apontar os momentos opostos próprios do pensamento da fé, mantidos, contudo, por esta mesma fé na forma de uma dissociação, de tal forma que ela não sabe reuni-los em uma unidade dialética.

Consequentemente, a fé considera o iluminismo como promotor de deturpação e mentira, embora ele tenha mostrado a ela o movimento do conceito: a unidade indiferenciada, a diferenciação dos opostos e a unidade diferenciada dos opostos.


Par. 566 > 01

O iluminismo, contudo, é também pouco esclarecido sobre si mesmo.

O iluminismo não reconhece a si mesmo no conteúdo da fé e não consegue reunir este conteúdo com seu próprio pensamento.

Ao não reunir estes dois pensamentos, o iluminismo repete o erro da fé apontado no parágrafo imediatamente anterior. Por isso, então, ele se encontra na contradição destes dois momentos do pensamento.

O iluminismo, de fato, leva a cabo o movimento do conceito, mas é “a pura atividade do conceito ainda carente-de-consciência”.

O direito de poder (Gewalt) exercido pelo iluminismo sobre a fé.

Par. 567 > 0102

a) A deficiência do iluminismo na interpretação da fé consiste em isolar o momento do agir e, com isso, ele qualifica a essência absoluta da fé como um objeto produzido pela consciência mesma, sem qualquer traço de eventual independência e transcendência da essência absoluta.

b) A fé, contudo, vê na essência absoluta aquilo em que ela se encontra.

No entanto, há também a posição contrária tanto no âmbito da própria fé quanto naquele do iluminismo:

c) o ser-outro da essência absoluta para a consciência da fé faz com que a essência absoluta seja uma realidade totalmente estranha e desconhecida para a fé, assevera o iluminismo [oposição ao item a];

d) a fé, por sua vez, também considera a essência absoluta como inescrutável em seus caminhos e inacessível em seu ser, [oposição ao item b].


Par. 568 > 01

A consciência crente, carente de conceito e orientada pela lógica da representação, não consegue unificar dialeticamente o aquém e o além.

O iluminismo, também não compreendendo o movimento do conceito, interpreta a efetividade como abandonada pelo espírito e substancializa a finitude, pois não considera-a como um momento evanescente do espírito efetivo.

A finitude é fincada fortemente em sua limitação e seu aspecto provisório e precário é negligenciado.


Par. 569 > 01

O saber contingente da fé: o saber da fé é contingente, porque sua inessencialidade se mostra na representação finita da essência infinita, mas esquece este lado inessencial por ocasião do saber imediato da essência absoluta, pois, neste último tipo de saber, a fé se vê como portadora de um saber essencial.

O saber contingente do iluminismo: este tipo de saber pensa o inessencial, isto é, a mediação entre o infinito e o finito é pensada como uma relação exteriorizada entre o infinito e o finito e deixa de lado o essencial: a mediação entre o infinito e o finito como uma relação interna entre finito e infinito.


Par. 570 > 01

A injustiça no agir da fé, segundo o iluminismo: dúbia atitude da fé diante da posse e do gozo.


Par. 571 > 01

A não-conformidade-ao-fim no agir da fé, segundo o iluminismo: contradição entre a meta universal e a execução singular.


Par. 572 > 01

O iluminismo não sabe articular o interior com o exterior.


Par. 573 > 01

O iluminismo, em um primeiro momento, parece poluir e denigrir a fé, mas, na verdade, é a suprassunção da separação entre o além e o aquém, carente-de-pensamento e carente-de-conceito, promovida pela fé.


Par. 574 > 01

A perda do conteúdo da fé, a queda na finitude e a efetividade abandonada pelo espírito.

A fé tornou-se o mesmo que o iluminismo, com uma diferença, no entanto: a fé é o iluminismo insatisfeito, ao passo que o iluminismo está satisfeito consigo mesmo.

A problemática satisfação do iluminismo: uma satisfação, no fundo, insatisfeita.


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