Tradicionalmente,
a Saudade tem sido considerada tema menor na produção das Ciências Sociais
no Brasil. De forma paradoxal, o termo é largamente utilizado no cotidiano
dos falantes da língua portuguesa. É muito difícil imaginar que possa
existir algum brasileiro que não tenha ouvido, desde criança, os adultos à
sua volta conversarem sobre acontecimentos e experiências de momentos
passados de suas vidas sem mencionarem "como era bom naquele tempo", sem
concluírem a respeito do "tempo bom que não volta mais", sem lamentarem o
fato de que "nada mais é como antes" e sem suspirarem de saudade em
relação a um "tempo no qual a vida era mais fácil de viver". Esse tempo
tão cheio de recordações também está retratado em inúmeras
manifestações culturais brasileiras, sugerindo que estamos diante de um
tema que marca profundamente a construção das nossas biografias.
Entretanto,
considerado muitas vezes como elemento diretamente relacionado a uma forma
mais idealizada de se ver o passado e, portanto, encobridora de elementos
que remeteriam a uma avaliação mais “concreta” dos fatos vividos, uma
espécie de ruído no discurso de memorialistas, o saudosismo tem raramente
sido encarado como elemento crucial para a própria articulação social da
memória brasileira.
Primeiro as possíveis distinções entre
Memória Social e Saudade.
Memória social
Não é possível conceber o surgimento e a
continuidade de culturas humanas sem tomar como condição indispensável a
possibilidade dos indivíduos armazenarem e comunicarem informações. Por
isso, as tentativas de compreensão de processos como a memorização, por
exemplo, sempre caracterizaram os grupos humanos que atingiram um nível de
conhecimento que constituísse base concreta para investigações e
especulações construídas com algum método.
Segundo Stoetzel (1976), no âmbito da
psicologia, os estudos pioneiros sobre a memória não fugiram da concepção,
então hegemônica, de procurar desenvolver investigações que eliminassem,
tão extensamente quanto possível, fatores que pudessem representar
interferência no processo investigado e, portanto, perturbação na
compreensão precisa das relações de causalidade, entre esses fatores os
sociais.
Um dos pioneiros no estabelecimento de
uma concepção que iniciou a transformação desse quadro foi o inglês
Bartlett, a partir do final da década de 1920 (Stoetzel, 1976). Três de
suas contribuições mais importantes podem ser assim resumidas: 1) No
processo de memorização e recapitulação da informação os hábitos sociais e
as interpretações pessoais desempenham função de influência importante
desde o primeiro momento, função essa que se prolonga no tempo atuando na
reestruturação do sentido da informação, o que altera continuamente a
configuração com que as informações são memorizadas; 2) Dados obtidos em
diferentes grupos étnicos mostram que a cultura desempenha papel
fundamental na maior ou menor probabilidade de fixação de conteúdos; 3) A
memorização não é independente de processos emocionais e as lembranças são
narradas, muitas vezes, associadas a uma carga emocional que as acompanha,
e em cuja origem também está implicada a cultura. Stoetzel (1976) resume
dizendo que Bartlett chamou a atenção para os fatos de “que o significado
é essencial à lembrança e, além disso, [de] que é fornecido pela cultura”
(p. 130).
Entretanto, só a partir da década de
1970 observa-se um aumento no interesse de se estudar a memória numa
perspectiva que a considera eminentemente um objeto social, coletivo. Em
grande parte, tal fato está relacionado à retomada do conjunto de estudos
desenvolvidos entre 1920 e 1940 por Maurice Halbwachs, retomada essa que
proporcionou nesses últimos 35 anos a proposição de novos problemas
teóricos para as áreas da história, da sociologia, da antropologia e da
psicologia social, entre outras. Stoetzel (1976), por exemplo, já afirmava
que “a originalidade e o mérito de Halbwachs só agora começam a ser
reconhecidos, no âmbito internacional, no que concerne às sua obras sobre
a memória coletiva” (p. 133).
A literatura sobre a memória nessa
perspectiva aponta para uma variabilidade considerável tanto de objetos de
estudo, quanto de denominações dessa memória. Pode-se, entretanto, avaliar
que, de longe, as duas denominações mais comumente usadas são “Memória
Coletiva”, como em Halbwachs (1990), e “Memória Social” (Olick e Robbins,
1998). Deve-se notar que, na maior parte das vezes, as duas denominações
não refletem formas fundamentalmente diferentes de se pensar os processos
mnemônicos, estando relacionadas, sobretudo, às particularidades das
abordagens de diferentes pesquisadores ou áreas. Nesse sentido, Jedlowski
(2001) procura definir memória da seguinte forma:
a palavra “memória”
na linguagem científica e cotidiana refere-se a um vasto conjunto de
fenômenos não completamente homogêneos. Em largo sentido, memória pode ser
considerada como a capacidade de um sistema (vivo ou artificial) responder
a eventos acumulando a informação resultante e modificando sua estrutura
de modo que a resposta a eventos subseqüentes é afetada por aquisições
prévias. Em um sentido mais estreito, memória significa a faculdade humana
de, preservando certos traços de experiências passadas, dar acesso a esses
– ao menos em parte – através de lembranças (p. 29).
Mesmo com termos
tão amplos, uma tentativa, certamente válida, de definir um processo
bastante complexo expõe uma dificuldade central na construção do campo
teórico da Memória Social: a quantidade de fenômenos considerados, tanto
no senso comum quanto nas áreas acadêmicas, como efetivamente relacionados
ao que se chama indiscriminadamente Memória.
Numa tentativa de
discernir, a título de introdução, os vários tipos de Memória, Connerton
(1999) propõe a seguinte divisão:
a)
Memórias Pessoais:
dizem respeito
àqueles atos de recordação que tomam como objeto a história de vida de
cada um. Falamos delas como memórias pessoais porque se localizam num
passado pessoal e a ele se referem. As minhas memórias pessoais podem
exprimir-se desta forma: eu fiz isto e aquilo, em tal e tal altura, em tal
e tal lugar. Assim, ao recordar um acontecimento estou também preocupado
comigo próprio (p. 25).
b)
Memórias cognitivas:
Abrange[m] as
utilizações do verbo “recordar” em que se pode dizer que recordamos o
significado de palavras, de linhas de um poema, de anedotas, de histórias,
do traçado de uma cidade, de equações matemá-ticas,
de princípios da lógica, ou de fatos sobre o futuro. Para existir uma
memória deste tipo o nosso conhecimento pressupõe, de algum modo, a
ocorrência anterior de um estado pessoal cognitivo ou sensorial (pp.
25-26).
c)
Memória-hábito:
Consiste pura e
simplesmente na nossa capacidade de reproduzir uma determinada ação. Deste
modo, recordar como se lê, escreve ou anda de bicicleta é, em cada um dos
casos, uma questão de sermos capazes de fazer estas coisas, de forma mais
ou menos eficiente, quando tal necessidade surge (p. 26).
A classificação de
diferentes tipos de memória, baseada também na “utilidade” da recordação,
não esconde a percepção de que mesmo essa divisão é determinada
socialmente (Fentress e Wickham, 1992). Ainda assim, nos deteremos mais
especificamente no primeiro tipo de memórias: aquelas a que chamamos
memórias pessoais. Sobretudo, nos interessará como essas memórias são
eminentemente partilhadas.
Tanto Fentress e
Wickham (1992) quanto Lowenthal (1998) identificam como função principal
da memória dar sentido ao presente de um grupo ou de um indivíduo, sentido
esse que deve ser continuamente construído, uma vez que a memória não é
estática, pois na base da sua formação encontra-se a negociação entre as
lembranças do sujeito ou grupo e as dos outros grupos ou sujeitos.
Halbwachs (1990) aponta essa característica como a condição fundamental
para que as lembranças sobrevivam: quando lembramos, mesmo que nos achemos
sozinhos, o lembrar implica inserção em um meio social que o possibilita.
Mais do que contexto, lembrar implica partilhar lembranças.
Segundo Halbwachs,
Para que nossa
memória se auxilie com a dos outros, não basta que eles nos tragam seus
depoimentos: é necessário ainda que ela não tenha cessado de concordar com
suas memórias e que haja bastante pontos de contato entre uma e as outras
para que a lembrança que nos recordam possa ser reconstruída sobre um
fundamento comum. Não é suficiente reconstruir peça por peça a imagem de
um acontecimento do passado para se obter uma lembrança. É necessário que
esta reconstrução se opere a partir de dados ou de noções comuns que se
encontram tanto no nosso espírito como no dos outros, porque elas passam
incessan-temente desses para aquele, e
reciprocamente, o que só é possível se fizeram e continuam a fazer parte
de uma mesma sociedade. Somente assim podemos compreender que uma
lembrança possa ser ao mesmo tempo reconhecida e construída (p. 34).
É nesse
sentido também que Lowenthal (1998) afirma que as lembranças dos outros
têm, para nós, a função de confirmar e dar continuidade às nossas próprias
lembranças. Essa confirmação não se relaciona propriamente à veracidade do
fato lembrado. Certamente não se afirma que a memória ou mesmo grande
parte dela seja formada exclusivamente por eventos que não presenciamos,
mas que nos foram contados, as “lembranças por tabela” (Pollak, 1992) ou
as “lembranças de lembranças” (Lowenthal, 1998). Por outro lado, parece
inegável que muito do que recordamos está relacionado aos grupos dos quais
fazemos parte e que servem de parâmetros para nossas lembranças.
Admite-se, sobretudo, que nas lembranças mais remotas, mas não só nelas,
há um enfumaçado que nos obriga muitas vezes a duvidar explicitamente de
que essa ou aquela lembrança seja “real”. A literatura memorialística, por
exemplo, trata recorrentemente dessa nebulosa que são as primeiras
lembranças. Três dos principais escritores brasileiros começaram assim
seus livros de memórias da infância:
A primeira coisa que
guardei na memória foi um vaso de louça vidrada, cheio de pitombas,
escondido atrás de uma porta. Ignoro onde o vi, quando o vi, e se uma
parte do caso remoto não desaguasse noutro posterior, julgá-lo-ia sonho.
Talvez nem me recorde bem do vaso: é possível que a imagem, brilhante e
esguia, permaneça por eu a ter comunicado a pessoas que a confirmaram.
Assim, não conservo a lembrança de uma alfaia esquisita, mas a reprodução
dela, corroborada por indivíduos que lhe fixaram o conteúdo e a forma
(Graciliano Ramos, Infância, 1976, p. 9).
Tanto me contaram a
história que ela se transformou na minha primeira recordação da infância.
Revejo ainda hoje a minha mãe deitada na cama branca, a sua fisionomia de
olhos compridos, o quarto cheio de gente e uma voz sumida que dizia: -
Maria, deixa ele engatinhar para eu ver (José Lins do Rego, Meus Verdes
Anos, 1993, p. 5).
De tanto ouvir minha
mãe contar, a cena se tornou viva e real como se eu houvesse guardado
memória do acontecido: a égua tombando morta, meu pai lavado em sangue,
erguendo-me do chão (Jorge Amado, Menino Grapiúna, 1996, p. 11).
Todas as
lembranças acima possuem claramente a família como o grupo ao qual podemos
relacioná-las. Entretanto, no cotidiano, estamos inseridos em vários
grupos. Pode-se daí depreender que, se um conjunto de lembranças possui
como esteio um grupo ao qual elas se relacionam, caso o grupo mude, mudam
as lembranças. Mudam, não se apagam. Se considerarmos, como acima
dissemos, que a memória não é estática e que ela se produz enquanto a
relatamos, conforme o contexto no qual ela é articulada (Pollak, 1992),
devemos admitir que a memória é um processo incessante de adaptação de
informações ao meio.
O meio no qual se
escoram nossas lembranças não é somente o conjunto das nossas relações nos
diversos grupos nos quais no inserimos. Ele é também, e, principalmente,
para Halbwachs (1990), o quadro espacial no qual convivem pessoas e
grupos:
Não há memória
coletiva que não se desenvolva num quadro espacial. Ora, o espaço é uma
realidade que dura: nossas impressões se sucedem, uma à outra, nada
permanece em nosso espírito, e não seria possível compreender que
pudéssemos recuperar o passado, se ele não se conservasse, com efeito, no
meio material que nos cerca. É sobre o espaço, sobre o nosso espaço —
aquele que ocupamos, por onde sempre passamos, ao qual sempre temos
acesso, e que em todo o caso, nossa imaginação ou nosso pensamento, é a
cada momento capaz de reconstruir — que devemos voltar nossa atenção; é
sobre ele que nosso pensamento deve se fixar, para que reapareça esta ou
aquela categoria de lembranças (p. 143).
Se a memória
desempenha o papel fundamental de dar coerência à história de um grupo, e
se admitirmos que comumente percebemos o passado como fixo, ainda que
nossa memória não o seja, uma mudança no que chamamos quadro espacial
implica uma nova configuração que ameaça a própria identidade do grupo,
uma vez que lhe priva dos marcos concretos da recordação. Considerando-se
o processo acelerado de mudanças urbanas no ocidente, sobretudo a partir
do Século XIX, pode-se entender porque Jedlowski (2001) aponta três
fenômenos relacionados de forma explícita à modernidade: a consolidação de
um conhecimento especificamente histórico, o crescimento do sentimento
nostálgico e o aumento considerável de antiquários, casas de restauração e
museus - segundo Nora (1993), essencialmente lugares de memória.
Consideradas em
linhas bastante gerais algumas das características do que chamamos Memória
Social, é necessário que nos detenhamos nos aspectos mais particulares da
sua produção e em como esses aspectos condicionam a produção de Memórias
Autobiográficas.
Halbwachs (1990)
afirma que quanto mais distantes os fatos recordados, maior a
probabilidade de que nos venham à lembrança em conjunto. Nesse conjunto,
sobressaem-se claramente as similitudes dos eventos, mais do que a sua
diferenciação. Tal informação está de acordo com o que estudos posteriores
apontam. Fentress e Wickham (1992) identificam uma tendência à
simplificação e à esquematização na memória. Essa tendência é considerada
fundamental para a transformação de informações em conceitos. Isso
possibilita que o conteúdo mnemônico seja articulado em linguagem e possa
ser transmitido, “pois os conceitos são mais fáceis de recordar do que as
representações completas” (pp. 48-49). Deve-se considerar que é central
nesse processo, como afirma Pollak (1989), “uma exigência de credibilidade
que depende da coerência dos discursos sucessivos” (p. 10). Já havíamos
indicado acima que, para Lowenthal (1998), o princípio de
confirmação/coerência muitas vezes sobrepõe-se ao da veracidade. Deve-se
entender aqui que esse critério é o que articula a estabilidade de
identidades tanto grupais quanto individuais. É necessário que vejamos
nosso passado e o dos grupos em que estamos inseridos como coerente com o
que somos, nós e nossos grupos, hoje. Para isso, compartilhamos da
percepção de que se mudamos, mudamos muito lentamente ao longo dos anos e,
principalmente, essas mudanças não nos impossibilitaram de continuarmos
nos reconhecendo. Entretanto, obviamente, a coerência só é possível se, na
atualização coletiva de nossas lembranças, chegamos a um repertório
consensual do que deve ser lembrado: “a memória social não é estável como
informação; mas é-o ao nível dos significados partilhados e das imagens
recordadas” (Fentress e Wickham, 1992, p. 79). Estabilidade não implica, é
bom que se diga, imutabilidade. A Memória Social é “viva”, se adapta, pois
é constantemente confrontada com outras memórias. Nesse sentido, a
negociação entre as memórias de diferentes grupos não se dá, como se sabe,
de forma sempre harmoniosa. Numa comparação intergrupos, diversas vezes
uma coerência pode custar a outra. Num nível mais abrangente de construção
da Memória Social de uma nação, o conteúdo dessa Memória será
necessariamente resultante de um conflito entre grupos com interesses
diversos, pois também, assim como no nível dos grupos e do indivíduo, a
Memória dá significado ao presente, projetando esse mesmo presente para
possíveis futuros (Jedlowski, 2001).
Se a própria
dinâmica da Memória possibilita que negociemos continuamente no passado
nosso presente e nossas expectativas quanto a um futuro deles decorrente,
mantendo nessa negociação uma coerência que nos é tão cara, por que se tem
insistido tanto numa “cristalização” do passado na forma de
autobiografias?
Nora (1993)
identifica no fim do Século XIX, num contexto de desagregação de
tradições, o processo de substituição definitiva de parte de uma memória
mais dispersa e mais socialmente dinâmica por um discurso eminentemente
historiográfico que valorizou sobremaneira a emergência das memórias
privadas, apontando assim para a necessidade de que cada indivíduo fosse
“um historiador de si” (p. 17).
É possível se pensar, entretanto, que o
acréscimo no interesse pela produção de relatos autobiográficos
proporcionou ao investigador social a possibilidade de acesso a novas
fontes que podem viabilizar a investigação da memória “por dentro”,
tendência também claramente relacionada ao contexto acima descrito. Nesse
sentido, por exemplo, e também de acordo com uma progressiva valorização
do “sentimento da infância” a partir dos Séculos XVI e XVII na Europa (Ariès,
1981), a avaliação de que a própria vida merecia ser contada produziu uma
quantidade razoável de relatos sobre os “tempos de menino”. Em grande
parte desses relatos encontramos saudosismo.
O elemento saudoso presente em diversas
falas sobre a infância aponta que os sujeitos, ainda que de forma
diferente, avaliam e tomam partido hoje na disputa entre o seu passado,
mesmo que duro, e o presente, mesmo que incerto. Esse elemento que conjuga
lembrar e sentir e que é recorrente no discurso sobre a infância, por
exemplo, tem sido relegado no estudo da Memória Social no Brasil. Segundo
Lowenthal (1998), “ao contrário do panorama esquematizado da memória
funcional, acontecimentos recordados com paixão são com freqüência mais
enfáticos do que quando geralmente experimentados” (p. 99). Apesar disso,
a produção acadêmica brasileira tem tratado a influência do componente
saudoso, que é indicativo de um tratamento também afetivo do conteúdo da
memória, como um tema menor ou como característica de um sentimento
nostálgico que já está desde sempre entendido.
Saudade
Os termos saudade e memória não são sinônimos. Ao mesmo tempo em que se
tem subestimado o componente saudoso no discurso memorialista, raramente
trata-se a Memória e suas características de funcionamento como fatores
relevantes para o entendimento do que se chama Saudade.
Desde D. Duarte e o seu Leal
Conselheiro (Século XV) a discussão em torno da palavra saudade tem
acirrado ânimos, principalmente os d’Além-mar. Discutiu-se se a palavra
Saudade era indicativa de algo que só sentiam os portugueses (D. Duarte,
Séc.XV/1986; Leão, 1606/1986; Pascoaes, 1912/1986a) e, por essa razão,
intraduzível. Mostraram-nos Sérgio (1913/1986), Vasconcelos (1914/1996) e
Carvalho (1952/1998b) que o sentimento saudoso não só está presente em
outros povos, como esses mesmos povos também possuem um vocábulo que o
representa, ainda que esse vocábulo não corresponda inteiramente ao da
língua portuguesa (Vasconcelos, 1914/1996) e, mais, não possua a sombra da
importância que ele adquiriu para os portugueses (Carvalho, 1952/1998b;
Vasconcelos, 1914/1996; Pascoaes, 1952/1986d). Segundo o poeta e filósofo
Teixeira de Pascoaes (1952/1986d), “a Saudade é um sentimento universal;
mas, só na alma lusitana, atinge as alturas supremas da Poesia -, contendo
uma concepção da vida e da existência” (p. 139).
Sentimento moldado pelo contexto de
ausência da terra e do amor português, alicerces das navegações de
expansão de Portugal (Melo, 1660/1986; Coimbra, 1923/1986), a Saudade
identificada por Pascoaes (1912/1986a) como “essência da alma portuguesa”
vai ser alçada, no início do Século XX, à condição de peça chave para o
futuro daquele país. Capitaneado por Pascoaes, o Saudosismo nasce com a
intenção de fazer da Saudade um Projeto para Portugal (Pascoaes,
1913/1986b, 1913/1986c), lançando-lhe as bases estética, religiosa e
política com as quais “o espírito lusitano abrirá na História uma nova
Era” (Pascoaes, 1912/1986a, p. 26). Pode-se supor que num contexto europeu
francamente apontado para o futuro, tanto científica quanto culturalmente,
relacionou-se, mesmo em Portugal, tal movimento a um desejo de imobilismo,
a um medo da mudança (Sérgio, 1913/1986). Acompanhando o debate que se deu
entre Teixeira de Pascoaes e Antônio Sérgio através das páginas da revista
A Águia, entre 1913 e 1914 (Botelho e Teixeira, 1986), é possível
se sentir a força do confronto entre o discurso eminentemente racional de
Sérgio, que argumentava que o florescimento do sentimento saudoso em
Portugal devia ser considerado em seu contexto e que, naquele momento,
década de 1910, tratava-se já de um sentimento deslocado, e o lançamento
das bases da metafísica da saudade de Pascoaes, para quem havia uma linha
que ligava a Saudade dos antigos poetas e do povo àquela por ele proposta
(o título de uma das cartas de António Sérgio a Pascoaes é Explicações
Necessárias do homem da espada de pau ao arcanjo da espada dum relâmpago).
Pascoaes parece ter vencido a peleja e ter realmente lançado as bases do
que se constituiria no Portugal do Século XX como uma Filosofia da
Saudade.
Eminentemente metafísica, com exceção
feita para a abordagem fenomenológica de Joaquim de Carvalho (1950/1998a,
1952/1998b), a discussão sobre a Saudade em Portugal conduziu-a
diretamente à divindade, como, por exemplo, no texto de Coimbra
(1923/1986) que define a Saudade como “lembrança da Pátria com o desejo do
regresso” (p. 183), esclarecendo que “o Éden era a Pátria, donde o homem
foi escorraçado como conseqüência da revolta da sua vontade contra a união
amorosa com o Deus criador” (p.190), ou ao nada, como em Piñeiro
(1951/1986a, 1953/1986b), que defende a caracterização da saudade como um
sentimento sem objeto, um sentimento puro.
Segundo Lourenço (1999),
habitados a tal
ponto pela saudade, os portugueses renun-ciaram
a defini-la. Da saudade fizeram uma espécie de enigma, essência do seu
sentimento da existência, a ponto de a transformarem num ‘mito’. É essa
mitificação de um senti-mento universal que dá à
estranha melancolia sem tragé-dia que é o seu
verdadeiro conteúdo cultural, e faz dela o brasão da sensibilidade portuguesa
(p. 31).
Isso é em parte correto. O que se pode
perceber na leitura de alguns textos portugueses que tratam da saudade é
uma intenção explícita de não abordá-la racionalmente; se ela é
fundamentalmente mística ou/ e se caracteriza por ser um sentimento puro,
torna-se evidente que não caiba em modelos. Entretanto, desde D. Duarte,
que procura, pela comparação com outros sentimentos como o nojo e o pesar,
traçar-lhe as especificidades, é possível encontramos, em alguns dos
textos, informações que possibilitam minimamente uma caracterização geral
da Saudade. A primeira definição, no sentido estrito do termo, é a de
Duarte Nunes Leão (1606/1986), para quem saudade é: “lembrança de alguma
coisa com o desejo dela” (p. 18). Em trabalho de leitura obrigatória para
o tema, Vasconcelos (1914/1996) identifica os desdobramentos de sentido do
vocábulo ao longo da história. A citação longa pode ser esclarecedora:
Soedade
designava um lugar ermo; o estado da pessoa que está só ou
solitária sem companhia, quer no meio do mundo, quer apartada do
mundo. Mas também significava isolamento, em abstrato.
Visto que sempre
houve e há quem ame a solidão cingindo-se ao ditado antes só do
que mal acompanhado, compreende-se que à soedade muita vez se
apusessem qualificativos como amena e deleitosa, conquanto
para a grande maioria fosse e seja triste.
Das acepções
fundamentais de soedade há vestígios ainda na soidade do
século XVI.
Recorrendo ao
Poeta d’Os Lusíadas vejo que ele emprega soidade como
equivalente de lugar vasto, ermo e solitário, p. ex. onde diz
Lá numa soidade, onde estendida
A vista polo
campo desfalece.
Do sentido
isolamento derivaram muito cedo outros empregos abstratos: o de
ausência, abandono, falta, míngua, carência,
não só de pessoas, mas também de coisas necessárias ou desejadas, e o de
desamparo, tristeza, melancolia. – Finalmente
chegamos àquele dó de alma que se costuma apoderar de quem está só
e senheiro. Por extensão designa o mal de ausência, a nostalgia.
(Heimweh, o desejo de ver o home, sweet home). Todos os
desabrimentos, cuidados, e desejos de solidão, a mágoa (conforme já defini
a saudade) de já não se gozar um bem de que em tempos se fruía, a
vontade de volver a desfrutá-lo no futuro, e mesmo a de possuir aquilo que
nunca se possui: a bem aventurança, o céu (pp. 53-54).
Pode-se, na grande variedade de sentidos
que comporta, apontar como fundamental a estreita ligação da Saudade com a
percepção da passagem do tempo e com as implicações trazidas por essa
passagem na consciência saudosa. Tanto Carvalho (1950/1998a) quanto
Ferreira (1963/1986) apontam como central nessa consciência o contraste
percebido entre passado e presente avaliados afetivamente:
O estar saudoso
exprime psicologicamente um estado em que a consciência opõe ao que lhe é
dado na experiência patente a preferência de algo já vivido e ausente. O
passado é representado em conexão de algo atual e presente cuja dimensão
afetiva é inferior à dimensão afetiva do passado representado (Carvalho,
1950/1998a, p. 62).
Como elementos desse passado de dimensão
afetiva superior, talvez seja possível dizer como objetos da Saudade,
temos:
todos os objetos que
podem ser sujeitos de paixões e de afeição: todos os que foram testemunhas
do afeto pessoal e individual; e que de algum modo estão ligados à emoção,
à memória, à inteligência, e nos quais se fixou a atenção de alguém. A
casinha onde se nasceu, o berço, o cantinho onde se brincou, o jardim que
se tratou, os brinquedos, o rio da terra natal, o vale, a montanha íngreme
e despida, o outeiro, as veigas verdes e bucólicas, a névoa misteriosa que
nos ocasionaram tantas emoções e interrogações, a bandeira, o hino e a
grandeza da Pátria, o eido nativo, as falas e costumes típicos, as pessoas
que conviveram conosco na infância, as badaladas do sino da nossa aldeia,
os velhos contos ouvidos à lareira, os carinhos maternos, as amizades de
infância, os namoros de adolescente, os velhos tempos passados e espaços
possuídos, as cantigas populares que trauteávamos, e outras situações e
circunstâncias ligadas ao nosso passado e à nossa pessoa, que são com que
terra desprendida do nosso ser e que agora, em tempo presente, demandamos
retrotensos com uma intenção de mistério (Ferreira, 1963/1986, p. 349).
Talvez tenha sido mesmo essa quantidade
de objetos aos quais podemos relacionar nossas Saudades, e certamente há
outros mais, o que fez com que Coimbra (1923/1986) afirmasse: “a minha
Memória é um eco de saudades” (p. 162).
De forma paralela àquela atribuída ao
lembrar mais geral, Lourenço (1999) aponta o “regresso” da Saudade como
algo que atribui um sentido ao passado. Sentido que, segundo ele,
ultrapassa um simples ajuste aos acontecimentos do presente: “Com a
saudade, não recuperamos apenas o passado como paraíso: inventamo-lo”
(p. 14). Talvez seja essa percepção dada pela Saudade de que o tempo pode
voltar melhor, ao menos na imaginação, o que caracterize um tempo da
saudade (DaMatta, 1993), ou um tempo humano (Lourenço, 1999), que se
contraponha ao tempo dos relógios e da correria do dia-a-dia,
irremediavelmente fora das nossas mãos.
É possível que reconheçamos na
literatura portuguesa sobre a Saudade várias das características que
poderíamos atribuir também à nossa. Entretanto, Orico (s/d) adverte que a
Saudade brasileira difere de forma considerável da portuguesa. Para ele,
Portugal nos
transmitiu a civilização, a cruz e a língua, mas não poderia dar a
correspondência exata de sentimentos gerados pela sua maneira de ser e de
viver. Os brasileiros, portanto, não sen-tem nem
traduzem a palavra como o fazem portugueses. A nossa saudade é já
um sentimento misturado por outras concepções da vida, uma saudade que se
libertou da influência das cantigas de mor-rer
de amor ou das serranilhas que de ‘gran soêdade’ tornavam os olhos
cativos (p. 44).
Mesmo que incorra no erro, segundo
Bastide (1983), de misturar o banzo à saudade portuguesa, Orico tem o
mérito de ter sido o único autor brasileiro a dedicar toda uma obra à
problemática da Saudade no Brasil. Talvez seja de espantar que um tema tão
presente no discurso cotidiano tenha repercutido tão pouco na produção das
Ciências Humanas e Sociais no país. Lages (2002) aponta o que
provavelmente foi a causa desse silêncio:
o tema da
brasilidade ligada à produção artística fora um dos fios condutores da
reflexão dos modernistas brasileiros, que procuraram justamente livrar a
arte e a reflexão sobre a arte do peso da tradição portuguesa demasiado
identificável com uma atitude excessivamente sentimental e saudosista (p.
47).
Talvez estejamos, desde então, ao lado
de Antônio Sérgio, brandindo, com ele, nossas espadas de pau contra os
sentimentalismos.
Em texto publicado em 1993, Roberto
DaMatta procura apontar o quanto o tema da Saudade é pertinente ao
entendimento da sociedade brasileira. Retomando alguns dos clássicos,
propõe uma inversão crucial para a transformação da Saudade em objeto de
estudo legítimo das Ciências Sociais. Segundo ele, a Saudade não pode ser
entendida como um sentimento que se estende a objetos. Ela deve ser
considerada, contrariamente, como uma categoria a qual objetos são
relacionados. Nesse sentido, não é o sentimento que produz a categoria e
sim a categoria é que produz o sentimento: “como brasileiros falantes de
português e membros de uma comunidade histórica luso-brasileira,
aprendemos a sentir saudade, como aprendemos a brincar carnaval e a
comer feijoada...” (DaMatta, 1993, p. 23).
Aqui é possível que digamos: sendo
fundamental para a Memória Social a partilha tanto de significados quanto
de imagens, e se a Memória é componente fundamental da Saudade, não seria
também razoável supor que no próprio aprendizado da Saudade estaria já
embutida uma gama de elementos a serem valorizados socialmente como
saudosos? Ou será por acaso que os relatos dos trabalhos sobre memórias de
infância, por exemplo, apontam sentimentos saudosos para os mesmo objetos
(Bosi, 1999; Caldana; 1998; Silva, Garcia e Ferrari, 1989)? Se a saudade é
aprendida, e se aprendemos também o que lembrar, de que forma essas duas
podem se conjugar em lembrança saudosa de um evento específico?
Discussão: memória
social & saudade
O sentimento
saudoso não é por princípio escapista. Mais do que uma fuga para um
passado idealizado, ele permite ao sujeito saudoso, via comparação entre
passado e presente, e conseqüentemente na forma como essa comparação abre
perspectivas para um possível futuro, avaliar qualitativamente a sua
própria história. Também não é essencialmente conformista. A crença em uma
situação mais satisfatória, ainda que essa situação esteja localizada no
passado, como na saudade da infância, sustenta ainda a possibilidade de um
futuro se não tão satisfatório quanto, pelo menos mais próximo de um grau
de satisfação anterior. Nesse sentido, perceba-se que a idéia que dá
suporte ao argumento do presente menos feliz, fundamental no sentimento
saudoso, também decorre da percepção social da passagem do tempo como
“queda”, como perda de ilusões, de sonhos, de alegria e de vitalidade.
Assim, saudade não pode ser entendida simplesmente como falta de.
Como vimos acima,
é considerável a quantidade de objetos aos quais podemos dirigir nossas
Saudades. Entretanto, pode-se argumentar que a utilização da palavra
Saudade relacionada a objetos não tradicionais, como “saudade de dinheiro”
ou “saudade do marido agressor”, só é possível em tom jocoso ou
eminentemente reprovador. Tal fato pode dar indicativos da sua não
equivalência completa ao sentido de falta, de querer de volta. Mesmo com
essa última acepção, é preciso se observar que a variação entre o que é
possível se ter de volta, como um amor ausente, e o que está
definitivamente perdido, como a mocidade, impõe à compreensão do
sentimento saudoso uma gradação de sentido que só o particulariza na
dependência de seu objeto. É evidente que a complexidade das “saudades lá
de casa” difere de forma significativa das saudades da infância em termos
da possibilidade concreta de se voltar. Por outro lado, podemos
identificar a recorrência de determinadas classes de objetos para a maior
parte das saudades. Por exemplo, amigos, família, relacionamentos
amorosos, que podem ser inseridos na categoria sociabilidade, estão
presentes nas saudades de casa, da infância, da mocidade, da São Paulo dos
lampiões de gás..., indicando a possível existência de um fio a conduzir
essa multiplicidade de objetos.
Pode-se admitir
com algum grau de segurança que se o conteúdo saudoso é socialmente
compartilhado, sendo esse conteúdo indissociável da própria categoria
saudade, a lembrança saudosa expõe não só o problema do que deve ser
lembrado como qualitativamente melhor, mas, por outro lado, a questão do
que não se deve ter saudade. Sendo a memória social um processo
eminentemente ativo, onde o que é lembrado pode, e deve, ser corrigido a
partir da situação atual do memorialista, não há por que supormos que o
esquecimento também não o seja. Nesse aspecto, é possível pensarmos que
numa gradação entre o que é lembrado com saudade e o que deve ser
esquecido/silenciado encontra-se o que é lembrado sem saudade, uma
categoria de elementos com carga afetiva menor do que as dos pólos
citados, mas que é fundamental para a articulação desses, uma vez que
proporciona coerência ao conjunto total do que é lembrado pelos sujeitos
ou grupos.
Na interconexão
entre essas três categorias possíveis de recordações, que por certo não
são as únicas e, principalmente, não são consideradas aqui como
auto-excludentes, os sujeitos ou grupos demarcam através de uma
diferenciação de valores as bases do discurso memorialista e, por
extensão, do próprio discurso saudoso. Sob essa lógica, a caracterização
de um relato saudoso considerado indicativo de uma avaliação dos próprios
sujeitos ou grupos sobre os fatos recordados mais do que ocultar o
“concreto”, revela o que é eminentemente partilhado socialmente. Assim,
pode-se supor que há lógicas discursivas que sustentam tanto o que deve
ser calado quanto aquilo que é saudosamente recordado, indicando o saudoso
como articulador de um determinado discurso, e não como uma simples
adjetivação possível desse mesmo discurso.
A própria
caracterização social de um relato como saudoso pode indicar sua
especificidade no conjunto do discurso mnemônico. Vimos na breve revisão
acima que saudade e memória não são sinônimos. Nem por isso estão
desarticuladas no ato da lembrança. Depreende-se dessa constatação que ao
mesmo tempo em que o discurso saudoso deve ser entendido em sua
particularidade, como articulação qualitativa e afetiva de conteúdos, ele
também está sob parâmetros mais gerais do funcionamento da memória social,
por exemplo em seus aspectos de: a) coerência entre as diversas lembranças
e; b) coerência entre essas lembranças e a manutenção de uma imagem
integrada dos grupos e sujeitos que recordam.
Se é
característica mais geral da memória a simplificação e a esquematização de
conteúdos, é possível que entendamos a lembrança saudosa como uma
lembrança capaz de ultrapassar o nível daquilo que fez parte da
experiência imediata de sujeitos ou grupos. Assim, ter saudade do Estado
onde se nasceu pode ser elemento partilhado por Amazonenses, Sergipanos ou
Paranaenses migrantes. Pode-se pensar que a própria categoria saudade
fornece a esquematização do seu conteúdo. Nesse sentido, Nascimento (2004)
procura mostrar em trabalho sobre a saudade da infância em letras da
Música Popular Brasileira que, ainda que haja variação naquilo que é
lembrado, as características essenciais desse discurso saudoso se mantêm
ao longo do Século XX: mais do que, por exemplo, um brinquedo específico,
recorda-se com Saudade do próprio brincar, relacionado à falta de
compromissos “sérios” e à liberdade.
É possível que essa aparente quase não
variabilidade de características essenciais do discurso saudoso possa o
relacionar, como geralmente se faz, ao que não é conflituoso, à
estabilidade/imutabilidade. É preciso, entretanto, que se recoloque a
questão lembrando que o próprio conteúdo da memória é palco de
divergências entre grupos e sujeitos. No caso específico da lembrança
saudosa, os conteúdos se integram sob “a percepção individual de
privacidade das lembranças” aliada à “partilha social do sentimento”:
saudades do meu tempo de menino, da minha terra etc.
Talvez seja mesmo essa uma das principais características a unirem a
multiplicidade de sentidos cotidianos da palavra Saudade.
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Nota sobre os autores
Adriano Roberto Afonso do Nascimento
é Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade
Federal do Espírito Santo, Docente do Departamento de Psicologia da
Universidade Federal de Minas Gerais. Contato: Departamento de
Psicologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade
Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6.627, Campus Pampulha, Belo
Horizonte-MG, Brasil. CEP: 31270-901. E-mail: fgian@uol.com.br
Paulo Rogério Meira Menandro
é Doutor em Psicologia pela USP, Docente do Departamento de Psicologia
Social e do Desenvolvimento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da Universidade Federal do Espírito Santo. Contato: Departamento de
Psicologia Social e do Desenvolvimento, Universidade Federal do Espírito
Santo, Av. Fernando Ferrari, s/n, Goiabeiras, Vitória-ES, Brasil. CEP:
29060-900. E-mail: paulomenandro@uol.com.br
Data de
recebimento: 22/01/2005
Data de aceite: 26/04/2005
Memorandum 8,
abr/2005
Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP.
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos08/nascimenan01.htm