Ao longo da história da América Latina, as agendas regionais vêm se desenvolvendo de acordo com as necessidades e as transformações sociais, econômicas, culturais e políticas que cada país experimenta.
A igualdade de gênero na representação política – enquanto uma condição necessária, mas não suficiente para se alcançar maior justiça social de gênero – é um tema clássico da agenda feminista internacional que foi se consolidando ao longo do século XX, inicialmente a partir da luta pela conquista ao direito ao voto para as mulheres e, posteriormente, se organizando na luta pela adoção de mecanismos de ação afirmativa que pudessem assegurar níveis crescentes de representação de mulheres, sobretudo no âmbito do Poder Legislativo.
Nas últimas décadas temos assistido a um processo crescente de reconstrução dos projetos democráticos na América Latina e identificamos nos movimentos feministas e organizados de mulheres, uma nova moldura de ação e articulação global, especialmente estimulada e garantida pelo sistema internacional dos Direitos Humanos.
Cada ganho alçando na direção do maior acesso das mulheres à representação política – como um tema recentemente onipresente das agendas de transformação da condição de subordinação das mulheres – é/foi resultante da construção de diferentes processos de aliança entre as organizações de mulheres da região e distintos atores/atrizes de relevância no contexto nacional e também internacional.
Os movimentos feministas e as organizações de mulheres (1), assim como as organizações internacionais de Direitos Humanos (vinculados aos Direitos Humanos das mulheres) ligadas à ONU (2), na região, têm funcionado como uma forte, permanente e continuada força democratizadora e modernizadora.
Caracterização de uma “quarta” onda dos movimentos feministas e de mulheres na região (MATOS, 2010), onde as lutas e as demandas têm convergido para a busca da igualdade/paridade de acesso e permanência nos diferentes espaços de poder e decisão, tendo-se este o efeito de agir como um poderoso motor de renovação da democracia e da conformação/reconstrução dos Estados nacionais na região.
Discussão sobre um conjunto extenso de teorias que têm tratado do tema das mulheres nos espaços de poder, especialmente no espaço da representação política contemporânea:
(1) de teorias sociológicas da modernização: que dão relevo às transformações de cunho sócio-materiais e simbólico-culturais e entendem que as sociedades contemporâneas estariam passando de uma fase materialista para outra “pós-materialista” (NORRIS & INGLEHART, 2000, 2003; BURNS, SCHLOZMAN & VERBA, 1997, 2001), onde as questões identitárias e de reconhecimento passariam a ganhar mais relevo na determinação eleitoral e nas atuações de diferentes atores, inclusive os parlamentares;
(2) de teorias (neo)institucionalistas que reforçam as discussões a respeito do desenho de regras vigentes em um determinado sistema político-eleitoral como sendo determinantes da subrepresentação feminina (LIPJHART, 1994, 1999, 2003; LINZ & STEPAN, 1999; NORRIS, 2004).
(3) perspectivas feministas recentes (YOUNG, 1990, 1987, 1992, 1997; FRASER, 2005a, 2005b, 2007a, 2007b, 2008) que enfatizam a necessidade de compreensão, em simultaneidade, de três dimensões de promoção de justiça (de gênero): redistribuição, reconhecimento e representação política. Tal recorte analítico reforça a compreensão de que todas elas afetariam o desempenho eleitoral feminino.
Desenvolvido por Max Woodbury no Center for Demografic Studies da Duke University, Estados Unidos.
O modelo estatístico que aplica o método GoM na análise de clusters identifica, a partir dos dados dos elementos da amostra, os “perfis extremos” de pertencimento (dois ou mais perfis bem definidos que serão usados como referência para a classificação dos elementos da amostra) e estima as características prováveis desses perfis.
Não somos nós que indicamos os extremos do espectro, é o método que os identifica a partir da apuração dos elementos que distinguem os grupos e da probabilidade de ocorrência das várias categorias em análise nestes grupos. Os elementos da amostra são relacionados a esses perfis pela apuração da ocorrência das categorias em análise e sua comparação com a probabilidade de ocorrência de resposta semelhante nos “perfis extremos”.
Essa relação se expressa nos “graus de pertencimento”. Se um determinado elemento tem um grau de pertencimento de 100% a um perfil o grau de pertencimento aos demais perfis extremos será de 0%.