O QUE É E O QUE DEVE SER
   
Desenvolvido por: Edgar Silva
  Lilian L. Saldanha
  Miguel Alvarenga
  Wesley de Oliveira

Laboratório de Filosofia I - UFMG - 2° Semestre de 2007


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Justificativa do Plano de Aula

 

1º Momento: Buscar a contextualização do tema, abordando o cotidiano dos alunos como foco central da discussão, criando assim uma relação direta entre o conteúdo da disciplina e a vida deles. O primeiro momento deve servir sempre como base para subsidiar as discussões durante toda a execução do plano.

2º Momento: Após esta abordagem numa escala micro, ou seja, mais voltada para a vida dos alunos, passar para uma reflexão sobre coisas mais abragentes, tal como a reflexão sobre o conceito, as noções de certo e errado, e a relação com as experiências pessoais citadas na primeira parte.

3º Momento: A partir dos subsídios fornecidos no primeiro e segundo momento, partir para o estudo de filósofos que abordaram a questão em diferentes perspectivas.

4º Momento: Relacionar tudo o que foi discutido e pontuado até o terceiro momento com a análise de casos, tais como questões raciais, violência, cultura e etc.

5º Momentos: Introduzir dois filósofos e suas respectivas concepções sobre o tema da moral, bem e mal. Contextualizar sempre com tudo o que foi discutido, para facilitar a compreensão dos mesmos.

6º Momentos: Utilizar a dinâmica do júri simulado como elemento motivador para aprofundamento nos textos filosóficos.

 

►  1ª aula – Dinâmica: Explicitando Valores

 

Objetivos:

a) Problematizar sobre a existência de diferentes valores.

b) Buscar a noção conceitual dos valores e contextualizar a experiência pessoal dos alunos.

 

Material Exigido: Papel em branco, lápis ou caneta.

 

Processo:

O professor deve explicar inicialmente o exercício, e a seguir passar no quadro ou distribuir uma folha com frases para cada estudante, para que possam escolher e elencar dentre as várias opções as que acharem mais importantes.

Estas Frases serão elencadas pelo professor, sendo que elas devem se referir a algum tipo de valor presente no cotidiano dos estudantes.

 

Sugestões:

Ter amigos compreensivos (Compreensão)

Livrar-se das normas e das leis (dever e liberdade)

Tratar bem o pai e a mãe (respeito)

Fazer o que quiser sem ter que dar satisfações (Dever e liberdade)

Cultuar Deus (Religiosidade)

Amar o próximo (Fraternidade)

Rezar com freqüência (Religiosidade)

Comprar as coisas que gosta (ter)

Ser bom naquilo que gosta (virtude)

Conseguir um celular mais bacana (ter)

Ser uma pessoa melhor (ser)

Ir a uma festa (Alegria)

Sair com o(a) namorado(a) (Relação Afetiva/ Amor)

Cuidar da irmã caçula (ou irmão) (Cooperação)

Almoçar em família (Respeito Familiar)

Ir visitar parentes (Respeito Familiar)

Sair com amigos (Amizade)

Estudar para uma prova (Responsabilidade)

Fazer trabalho de escola (Responsabilidade)

Ser generoso com as pessoas (Solidariedade)

Ser seu próprio chefe (liberdade)

 

I - Os estudantes utilizando a folha de papel, devem elencar por ordem, o que acharem mais importante, podendo até mesmo deixar algumas frases de fora, caso não achem importante.

 

II – Depois de feito o passo I, formar grupos de 4 a 5 pessoas para que eles possam discutir as diferenças das listas e os motivos das suas escolhas, as prioridades que cada ação tem em sua vida, estabelecendo a comparação com a dos colegas.

 

III – Ao final todos devem se reunir num grande círculo. O professor deve esclarecer os valores que estão em cada uma das frases e tentar contextualizar ao máximo os valores e as experiências dos alunos. O Professor deve ainda pontuar e aprofundar a discussão nas diferenças que surgirem. Ressaltar como os valores podem variar de uma pessoa para para outra, as diferenças de valores de acordo com cada cultura.

É interessante fazer um pequeno balanço estatístico dos valores que mais apareceram no topo das listas, os que menos apareceram e o que não apareceram.

 

IV – Ao final pedir para que os alunos refaçam a tarefa , tendo a seguinte suposição em mente:

 

“Um meteoro irá atingir a terra e todos nós só teremos mais uma semana de vida”.

 

Quais seriam agora as ações e valores prioritários? Observar a reação dos alunos e a possível relativização dos valores.

 

* Entregar o texto de Thomas Nagel para os alunos

 

* Baixe o texto de T. Nagel em formato ou

 

 

►  2ª aula – Conceitos

 

Ética ou Moral?

 

Moral Latim

                                                  Costumes

Ética Grego

 

As duas palavras, apesar da origem distinta, a primeira vem do grego 'ethos' e a segunda do latim 'morale' / 'moris', referem ao domínio comum dos costumes.

 

Ética = Moral

 X

Éticas (ex.: ética médica, ética ambiental, ética jurídica, etc.)

 

Usualmente o termo moral é aplicado aos sistemas, assim temos a moral kantiana (Kant) ou moral cartesiana (Descartes).

 

A Filosofia Moral ou Ética trata de questões axiológicas, ou seja, estudo dos valores, do bem e do mal, da ação correta, do dever, da obrigação, da virtude, da liberdade, da racionalidade, da escolha, etc., tanto de um ponto de vista teórico-conceitual como das suas implicações práticas.

 

Valores

 

A atribuição ou reconhecimento de algo como valor significa eleger esse algo como fator determinante ou orientador das escolhas, ações e decisões. O agir humano é de natureza valorativa. Essa valoração pode ser subjetiva (pessoal) ou objetiva (fundada em razões). São valores: o bem, a felicidade, a virtude, o prazer.

 

Juízo = Ato mental por meio do qual formamos uma opinião sobre algo (Locke)

 

Juízos de fato - são juízos descritivos

                ('é’, ser)

 

Juízos de valor - são juízos prescritivos

                ('deve’, dever-ser)

 

Referências:

- CANTO-SPERBER, Monique. Dicionário de Ética e Filosofia Moral. 1.ed. São Leopoldo: Unisinos, 2003. 2 Vol.


- FERRATER MORA, José. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000. 4 vol.

 

 

►  3ª aula – Certo e Errado

 

Objetivo: Discutir as ações motivadas pelas concepções de certo e errado a partir da leitura do texto de T. Nagel.

 

Por que é certo ou errado agir de uma maneira ou de outra? (por medo de ser punido, por pensar no outro ou por fundamentos religiosos)

 * Exposição do texto de T. Nagel.

 

 

►  4ª aula – Exposição do texto de Hume

 

- Utilizar bibliografia secundária (NÃO DIGITALIZADA)

- Texto de D. Hume

* Baixe o texto de D. Hume em formato ou

 

 

►  5ª Aula – Exposição do texto de Kant

 

- Utilizar bibliografia secundária (NÃO DIGITALIZADA)

- Texto de Kant

* Baixe o texto de Kant em formato ou

 

 

►  6ª Aula

 

Dividir a turma em 3 Grupos. Cada grupo receberá a tarefa de preparar sua linha de argumentação para o júri, debater em grupo o tema, dividir tarefas e produzir um trabalho escrito para ser entregue no final da próxima aula. O Professor deve auxiliar os grupos intensamente, devido a dificuldade dos textos.

 

Grupo 1 – Kant, Metafísica dos Costumes.

Grupo 2 – Hume, Tratado.

Grupo 3 - Kant, Metafísica dos Costumes / Hume, Tratado – Como os jurados não terão que argumentar, eles deverão fazer o trabalho sobre os dois autores.

 

 

►  7ª e 8ª Aulas - Júri simulado


Objetivo: Debater o tema, levando os participantes a tomar um posicionamento; exercitar a expressão e o raciocínio; amadurecer o senso crítico.


Participantes:

 

Juiz: dirige e coordena as intervenções e o andamento do júri. (Professor)

 

1 – Grupo: Jurados- ouvirão todo o processo e no final das exposições, declaram o vencedor, estabelecendo a melhor argumentação e os pontos que foram abordados. Eles devem fazer um resumo do que cada grupo expôs.

 

2 - Grupo - Advogados de defesa: defendem o assunto e respondem às acusações feitas pelos promotores.

 

Promotores (advogados de acusação): devem acusar o assunto, pontuar falhas na argumentação do outro grupo a fim de condená-lo.

 

 3 - Grupo - Advogados de defesa: defendem o assunto e respondem às acusações feitas pelos promotores.

 

Promotores (advogados de acusação): devem acusar o assunto, pontuar falhas na argumentação do outro grupo a fim de condená-lo.

 

Descrição da dinâmica:

1. Dividem-se os participantes, ficando em números iguais os três grupos.

2. Os Advogados de Defesa devem iniciar respondendo a pergunta:

 

“O que fundamenta a moral? As paixões ou a razão?”

   
3. As argumentações devem ser baseadas nos textos passados pelo professor. Cada grupo terá que desenvolver sua linha de raciocínio a fim de convencer os jurados. Para isso, eles terão o tempo de uma aula além do tempo extra-classe.

4. Terminado o tempo das discussões e argumentações dos dois lados, os jurados devem decidir sobre a sentença. Cada jurado deve argumentar, justificando sua decisão.
5. Avaliação e comentários de todos sobre o assunto discutido.

*Obs.: é importante fixar bem o tema, bem como os fatos que serão matéria do julgamento. Para isso poderá haver uma combinação anterior com todas as partes, preparando com antecedência, os argumentos a serem apresentados.

 

Estudos de casos – Estudo complementar.

 

- Texto: A Árvore da Ira

* Baixe o texto A Árvore da Ira em formato ou

 

 

- Texto: Campanha contra homofobia gera polêmica na Itália

* Baixe o texto da Campanha em formato ou

 

 

Bibliografia

 

Primária

- HUME, D. Tratado, Livro III, Parte II, Seção I. Coleção “Os pensadores”. São Paulo, 1998.

- KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. De P. Quintela. Lisboa: Edições 70, 1992

- NAGEL, Thomas. “Certo e errado” In: Uma breve introdução à filosofia. Trad. Silvana Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

 

Secundária

- FESER, James. A filosofia moral de Hume

- GALLYPO, M. A segunda seção da fundamentação da metafísica dos costumes.

- http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2007/07/18/ult580u2570.jhtm

- http://noticias.uol.com.br/bbc/2007/10/24/ult36u46114.jhtm