• Boletim da UFMG

A pesquisa realizada pelo NECC sobre a recepção do Boletim da UFMG resultou de uma demanda do Setor de Comunicação da UFMG que desejava conhecer a recepção do jornal tanto da versão impressa quanto do novo formato digital, considerando os diversos públicos-alvo. A pesquisa foi de natureza quantitativa e qualitativa, buscando identificar: a natureza das noticias veiculadas, o estilo característico, o leitor visado pelo jornal e a finalidade. Com relação à recepção, buscou-se determinar os públicos leitores do jornal: estudantes, funcionários, professores e leitores não universitários ou de fora da comunidade universitária.

A pesquisa teve como ponto de partida uma bateria de entrevistas com a equipe responsável pela edição do Boletim para identificar as intenções do grupo responsável pela edição, projetos definidos pelo grupo e experiências acumuladas. Em segundo lugar, foram analisadas as "cartas dos leitores" recebidas pela equipe responsável pelo boletim. Consideraram-se também as formas de distribuição do boletim, tanto nas unidades da UFMG como fora delas. A seguir, se aplicou um questionário exploratório a uma amostra definida de usuários do site da UFMG, solicitando informações sobe a regularidade da leitura, observações, críticas e sugestões. Foram aplicadas, por outro lado, entrevistas em profundidade com professores, estudantes e funcionários da UFMG para avaliar a recepção do boletim em ambos os formatos. Por fim, uma análise de conteúdo de séries do boletim levou em conta: natureza das informações, estilos empregados, leitores implícitos, finalidade de cada matéria veiculada.

 

  • Pesquisa da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PRMBH): Módulo Capital Cultural

O NECC desenvolveu o Módulo Capital Cultural da Pesquisa da Região Metropolitana de Belo Horizonte realizada pelo Cepeqcs (Centro de Pesquisa Quantitativa em Ciências Sociais da UFMG). Nesse módulo, os pesquisadores estudaram como as desigualdades socioeconômicas geram desigualdades culturais, associadas a distinções simbólicas, estilo de vida e preferências culturais diversas, tais como a freqüência a museus, bibliotecas, espetáculos teatrais, leitura de livros e de jornais e acessos diversos aos meios de informação. A pesquisa demonstrou que a mensuração de capital cultural evolve inúmeras dimensões, bem além dos anos de escolaridade das mães e dos pais – dimensão mais restrita dessa forma de recurso, empregada em outros estudos da coletânea. Construindo um índice de capital cultural, os autores mostraram que a escolaridade própria dos entrevistados é mais determinante de seu capital cultural do que a escolaridade de seus ascendentes. O local de residência é também um importante fator na explicação de desigualdades culturais, uma vez que metrópoles ofertam uma variedade maior de bens culturais do que cidades de menor porte. Ao lado de fatores individuais como nível de escolaridade dos sujeitos é importante considerar fatores estruturais que permitam compreender a disponibilidade de recursos culturais em contextos diversos e o acesso maior que as jovens gerações podem ter sobre a educação formal.

 

  • Avaliação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH: redes sociais e políticas culturais

A pesquisa foi encomendada pela Secretaria de Cultura de Belo Horizonte para uma avaliação dos dez anos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, sob a ótica dos mecanismos de produção e patrocínio. O estudo focou as formas como as relações pessoais estruturam um determinado setor da política pública e como essa estruturação, feita de uma variedade de vínculos entre indivíduos, organizações e grupos, pode influenciar a política estatal de cultura.

Os processos de avaliação e julgamento são procedimentos padronizados que devem ter por objetivo permitir a igualdade a todos os interessados e garantir a atribuição de recursos à melhor proposta, no interesse do Estado e a sociedade que o financia. A pesquisa constatou que na prática nada ocorre dessa forma. As empresas, os produtores e patrocinadores culturais não são intercambiáveis em termos de capacidade ou qualidade. O mercado não é atomizado, ao contrário, se estrutura em redes nas quais as empresas, os produtores culturais e os patrocinadores estão interconectados por relações profissionais, comerciais, de amizade e políticas.

Concluiu-se que por melhores e mais lícitos que sejam os procedimentos de avaliação, julgamento e atribuição de recursos, a igualdade entre os concorrentes pode ser uma ficção jurídica. Pela própria constituição do setor envolvido com a vida cultural da cidade e do Estado, o acesso a informações nunca é igual para todos os atores interessados na produção e captação de recursos para desenvolver atividades culturais, graças à própria comunidade profissional e às suas características de rede. A estrutura dessa rede, que inclui tanto o Estado quanto o setor privado, e a posição relativa dos indivíduos e das entidades nessa malha social, definem em grande parte o acesso a informações e outros bens, e conseqüentemente a condições que poderiam ser consideradas privilegiadas, muitas vezes evidenciadas na concentração de vitórias nas mãos de poucos. A concentração pode ser explicada pela conformação do campo profissional que atua no campo cultural, pela posição dos produtores ou empresas nesses campos e pelo fato de que a informação, assim como inúmeros outros recursos, materiais e imateriais, circula por redes de relações sociais.

O Núcleo de Estudos em Cultura Contemporânea (NECC), do Departamento de Sociologia e Antropologia (SOA), Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é composto por professores, alunos de graduação, pós-graduação e pesquisadores da área. O núcleo desenvolve pesquisas e promove discussões teórico-metodológicas em três linhas temáticas: teoria da cultura, estudo e análise da imagem e políticas culturais, sob a perspectiva da sociologia e da antropologia.