O Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFMG vem a público manifestar seu apoio irrestrito às lideranças do movimento indígena do país, Sônia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas (APIB), Almir Naramayoga Surui, da Associação Metareilá, em virtude da intimidação decorrente da intimação para prestar depoimento à Polícia Federal (PF) por solicitação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Esta intimação é baseada simplesmente nas críticas e opiniões das lideranças indígenas na websérie Maracá, quando expressaram sua indignação diante do descaso do governo federal para com a assistência aos povos indígenas exatamente no momento de sua maior vulnerabilidade diante da pandemia do Covid-19. Na data de hoje, 05/05/2021, já foram confirmadas 53.641 pessoas indígenas com Covid-19, 1.063 mortos e 163 povos afetados.
Mais preocupante ainda é saber que o órgão oficial do Estado brasileiro encarregado de proteger e promover o bem-estar dos povos indígenas, não só manifesta negligência em relação ao seu papel constitucional, como toma seu tempo para atacar aqueles que estão dedicados não só a enfrentar a pandemia como a defender seus direitos, sobretudo ao território, violentamente ameaçados. No mínimo, esta atitude do governo indigenista brasileiro é autoritária, e remonta às práticas de um período recente da ditadura militar, quando não, do mais velho e ignóbil colonialismo.
O PPGAn manifesta sua inteira solidariedade às lideranças indígenas Sônia Guajajara e Almir Surui, solicita respeito e diálogo com todos os povos indígenas do país, respeitando sua autonomia e direitos garantidos na CF de 1988. Sobretudo, neste momento de tanto sofrimento e tantas perdas, precisamos, isto sim, de solidariedade e apoio irrestrito àqueles segmentos que são, hoje e historicamente, os mais vulneráveis.
Coordenação do Programa de Pós-graduação em Antropologia – PPGAn/UFMG