MITO E FILOSOFIA (Grupo 2)
   
Desenvolvido por: Azamor Guedes
  Igor
  Lederson
  Mauro Bittar
  Rafael Sellamano

Laboratório de Filosofia I - UFMG - 2° Semestre de 2007


[ Início ] [ Anterior ] [ Próximo ]


Objetivos gerais:

• Privilegiando-se a análise dos termos mythos e logos, pretendemos explicitar, de modo genérico, as noções de Mito e Filosofia;

• Fomentar a análise sobre a possível ruptura total com o pensamento mítico.

• Instigar os alunos a adotarem uma postura filosófica (crítica) diante diversos gêneros de discurso que lhes forem apresentados.

 

Objetivos específicos:

• Abordando o tema fundamentalmente a partir da análise dos mitos da antiguidade e de idéias da modernidade, teremos por objetivo específico ampliar a visão que os alunos possam ter a respeito do pensamento mítico.

• Levar os alunos a uma postura reflexiva sobre o valor, possíveis significações e características desse tipo de pensamento.

• Apontar algumas características do discurso filosófico.

• Avaliar a possível contraposição entre mito e filosofia, entre mythos e logos, investigando, fundamentalmente, em que medida e sentidos esta contraposição pode ser legitimamente realizada.

• Propiciar aos alunos um olhar crítico em relação ao discurso científico dogmático

• Promover, junto aos alunos, um debate sobre mito, mídia e contemporaneidade. Fomentar a reflexão dos alunos sobre um possível paralelo entre as críticas platônicas ao discurso mítico e a tomada de uma posição filosófica frente ao discurso midiático contemporâneo.

 

Procedimento Didático:

• Aula expositiva

• Análise de material publicitário

 

Recursos didáticos:

• Livro didático

• Recortes de relatos míticos

• Textos filosóficos

• Quadro e pincel atômico.

• Recortes de manchetes de jornais e revistas.

 

Proposta de Avaliação:

Após a apresentação e as considerações acerca do tema, proporemos uma prova dissertativa. 

 

1ª Aula

 

Objetivo Geral:

• Clarificação do objeto (mito). Nesse primeiro momento será fundamental que os alunos compreendam acerca de estamos falando.

 

Objetivos específicos:

• Conceituar, na medida do possível, o pensamento mítico e, a partir da análise de relatos míticos, apontar algumas de suas possíveis características.

• Discutir a possível significação e valor de um mito;

 

Procedimento Didático:

• Aula Expositiva

 

Recursos Didáticos:

Livro Didático[1]

Material literário - Trecho da Ilíada de Homero[2]

 

* Baixe o trecho da Ilíada em formato ou

 

Obs.: Os recursos didáticos deverão ser disponibilizados com antecedência.

 

Considerações a serem feitas na aula expositiva:

Mito – termo de difícil conceituação genérica rigorosa, faremos, por isso, uma clarificação mais simples e, logo após, a partir de exemplos, tentaremos identificar algumas características mais comuns aos relatos míticos.

 

Abordaremos o mito como uma das formas de compreensão e explicação do mundo – mundo natural ou humano. Extirpar a possível confusão de mito com: Fábula (narração popular ou artística de fatos sabidamente imaginados), conto de fadas ou lenda (lobisomem). Mito geralmente se trata de uma narrativa que é vista como literalmente ou simbolicamente verdadeira.

 

Após essas considerações, passa-se à leitura do trecho da Ilíada e, ressaltando-se as partes grifadas do texto, procede-se à análise do contexto cultural que é revelado pelo mito, a saber, de uma sociedade belicosa, com uma dimensão axiológica que privilegia a honra e o respeito aos deuses. É sob esse aspecto que pretendemos ressaltar a significação de um mito, ou seja, lendo-o para além de sua mera literalidade, lendo-o como um discurso revela o pensamento e estruturas de uma cultura[3].

 

Com vistas na terceira aula, deve-se ressaltar, também, o trecho em que Atenas incentiva Aquiles a insultar Agamenon e o trecho no qual ela promete recompensar o Peleide caso este lhe obedeça.

 

Por fim, deve-se comentar o papel educativo desempenhado pelos poetas e, consequentemente, pelos mitos.[4] Nesse sentido, será importante ressaltar o grande valor que pode ser dado ao discurso mitológico.

 

 

2ª Aula

 

Objetivo Geral:

• Clarificação do objeto, a saber, o discurso filosófico.

 

Objetivo específico:

• Conceituar etimologicamente a Filosofia e, a partir da leitura e análise de um texto filosófico, identificar algumas das possíveis características deste tipo de pensamento.

• Trazer à tona interpretações acerca do conceito logos

 

Procedimento Didático:

• Aula Expositiva

 

Recursos Didáticos:

• Quadro e Pincel

Texto filosófico - Kant[5]

* Baixe o texto de Kant em formato ou

 

Considerações a serem feitas na aula expositiva:

Explicitar os aspectos etimológicos do termo Filosofia, os quais, em nosso entendimento, podem ser remetidos ao amor à ciência, ao saber, ao conhecimento; ou, ainda, à amizade à sabedoria.

 

Indicar o modo tradicional de compreensão do surgimento da filosofia ocidental, isto é, explicitar o contexto no qual a filosofia ocidental aparece de maneira relevante, bem como os elementos que favoreceram este aparecimento. Ressaltar, fundamentalmente, a idéia de que houve uma passagem do pensamento mítico para o filosófico[6], o qual possui a especificidade de pautar-se pelo logos.

 

Indicar um horizonte interpretativo para o termo logos, a saber, a perspectiva epistemológica, a qual o conceito em questão poderá legitimamente ser associado ao discurso racional, isto é, um discurso plausível, coerente, razoável, fundamentado.[7]

 

Após as considerações anteriores, passa-se, então, ao contato direto com um texto filosófico.

 

Nossa opção foi por Kant, especificamente por suas considerações acerca da felicidade, se esta, como é comum supor, constitui o bem supremo para os seres humanos, os quais são dotados de vontade e razão. Ressaltamos que, para que os alunos possam identificar algumas características do discurso filosófico, tais como plausibilidade, coerência etc., é fundamental um breve comentário e explicação deste texto.

 

 

3ª Aula

 

Objetivo Geral:

 

• Avaliar a possível contraposição entre mito e filosofia, entre mythos e logos, investigando, fundamentalmente, em que medida e sentidos esta contraposição pode ser legitimamente realizada.

 

Objetivos Específicos:

• Discutir se realmente houve ruptura entre mito e filosofia.

• Investigar o conceito de ruptura.

 

 

Procedimento Didático:

• Aula Expositiva

 

Recursos Didáticos:

• Quadro e Pincel

Texto filosófico - Platão[8]

* Baixe o texto de Hobbes em formato ou

 

Considerações a serem feitas na aula expositiva:

Como o tema da ruptura foi apenas insinuado anteriormente, será necessário, num primeiro momento, que essa insinuação se torne mais explícita. Nesse sentido, sugerimos que se passe a apontar, em textos filosóficos, possíveis contraposições entre mito e filosofia ou entre mythos e logos. O autor de nossa escolha foi Platão, ele faz várias críticas pontuais ao discurso mítico[9], críticas que, ao menos na República, relacionam-se diretamente com apontamentos feitos na 1ª aula, a saber, com descrições duvidosas acerca dos deuses, e com um sistema moral baseado na expectativa de recompensas em função da prática da virtude.[10] Após esses apontamentos, deve-se ressaltar que Platão, apesar de criticar os mitos, utiliza-se deles na composição de suas obras, isso se constatará, por exemplo, com a leitura de parte[11] do mito de Er.

 

Após essa indicação, acreditamos que o impasse acerca da possível ou não ruptura entre mito e filosofia se tornará patente, e este será o momento propício para a discussão do significado do termo ruptura.

 

Nossa proposta é que se aborde a idéia de ruptura no sentido de declínio[12], isto é, como perda de intensidade ou força, como diminuição, como enfraquecimento, mas não como ausência total.

 

 

4ª Aula

 

Objetivo geral:

• Propiciar aos alunos um olhar crítico em relação ao discurso científico dogmático.

 

Objetivo específico:

• Expor, de modo genérico, os conceitos de positivismo, ciência e cientificismo.

 

Procedimento Didático:

• Aula Expositiva

 

Recursos Didáticos:

• Quadro e Pincel

Texto filosófico - Comte[13]

Texto literário - Fernando Pessoa[14]

Dicionário Filosófico - Japiassú[15]

* Baixe o texto de Comte em formato ou

* Baixe o texto de Fernando Pessoa em formato ou

* Baixe o texto de Japiassú em formato ou

 

Considerações a serem feitas na aula expositiva:

Exposição do texto de Comte, comparando-o com trechos da poesia Ode Triunfal (Fernando Pessoa). Sem ignorar a importância da ciência, deve-se ressaltar o problema do dogmatismo, isto é, a creditar que a Ciência Positiva é o estágio superior e último da evolução humana, tendo como antecessores a teologia e a metafísica. Nesse contexto, expor, de modo genérico, os conceitos de positivismo, ciência e cientificismo.

 

Estabelecer a contraposição entre Comte e Fernando Pessoa.

 

Na poesia Ode Triunfal, o autor faz uma crítica da mecanização do homem, que se torna só mais uma peça para as engrenagens fabris, e da humanização das máquinas.

 

Se pensarmos no Catecismo de Comte, podemos perceber seu dogmatismo, sua fé na ciência. Esta exaltação e fé ingênua são criticadas ironicamente por Fernando Pessoa, Comte defende que a ciência trará coisas boas para os homens. Fernando pessoa satiriza, em sua ode triunfal, a indústria e sua promessa de novo mundo.

 

5ª aula

 

Objetivo:

• Fomentar a reflexão dos alunos sobre um possível paralelo entre as críticas platônicas ao discurso mítico e a tomada de uma posição filosófica frente ao discurso midiático contemporâneo.

 

Objetivo específico:

• Propiciar reflexões e análises sobre o discurso midiático, considerando-o, fundamentalmente, enquanto mecanismo de formação cultural, fato que provavelmente motivará o posicionamento filosófico frente a esse discurso.

 

Procedimento Didático:

• Promoção de debate entre os alunos

 

Recursos didáticos:

Livro didático[16]

Análise de imagens e discursos publicitários:

 

[ Clique para ampliar ]

[ Clique para ampliar ]

[ Clique para ampliar ]

[ Clique para ampliar ]

 

Direcionamento do debate, bem como suas possíveis questões:

Assim como o mito o foi na antiguidade, a mídia pode ser entendida como um importante instrumento de formação educacional? Nesse sentido, caso a resposta seja positiva[17], se seria necessário analisar filosoficamente o seu conteúdo discursivo, ou seja, deveríamos nos questionar sobre sua plausibilidade?

 

Após a segunda pergunta, sugerimos que se mostre e analise discursos publicitários.

 

Alguns destes, escolhidos por nosso grupo, fazem menção à correlação entre felicidade e peso (massa corporal) das pessoas; à realização de sonhos que valem à pena com a compra de tintas; a associação direta entre a marca da sua individualidade e a posse de um determinado cartão de crédito; e, por fim, à possibilidade de aquisição de todos os bens materiais, desde que se realize o empréstimo com determinada instituição.

 

6ª Aula

 

Prova dissertativa:

Responda uma das seguintes questões:

 

O que termo mito pode designar? Cite e comente algumas características do discurso mítico.

 

Baseando-se nos textos estudados, argumente sobre a possível ruptura entre o discurso mítico e o discurso filosófico. Explicite o conceito de ruptura.

 


[1] ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Moderna, 2003.  Cap. 6, itens 1 e 2, e cap. 7, itens 1 e 2.

[2] Homero; VIEIRA, Trajano; CAMPOS, Haroldo de. Ilíada de Homero: volume 1. São Paulo: Mandarim, 2001. Canto I, versos 188 a 222.

[3] Nesse sentido, um importante autor a ser considerado é Levi Strauss, indicamos como obra de referência: LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e significado. Lisboa: Ed. 70, 1978.

[4] A respeito do papel do poeta, bem como do contexto cultural arcaico, indicamos: JAEGER, Werner Wilhelm. Paidéia : a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

[5] KANT, Immanuel. Textos selecionados: Prolegômenos; Fundamentação da metafísica dos costumes; Introdução à crítica do juízo; Analítica do belo; Da arte do gênio; A Religião dentro dos limites da simples razão. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Os pensadores ). Págs. 109 – 112.

[6] Esta idéia, entretanto, deverá ser criticada na 3ª aula.

[7] Outros horizontes possíveis são o metafísico e o teológico, os quais, por nós, foram preteridos deliberadamente. Sobre esses horizontes, ver o termo logos em FERRATER MORA, José. Dicionário de filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.

[8] Fragmentos da República de Platão. Tais fragmentos ficam à escolha do professor, entretanto sugerimos os trechos relacionados à crítica à educação e moralidade gregas (por exemplo: 612b-c; 615a-b; 617d-e; 618c-e). Ressaltamos, ainda, que é imprescindível, por parte do professor, a leitura dos capítulos V, VI, VII e X da República. Referência Bibliográfica: PLATÃO. A republica. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, [1980]

[9] Veja-se, por exemplo. Rep. 376e – 380c;  610a – 621e, dentre outras.

[10] Ainda fazendo-se referência à primeira aula, a crítica platônica poderia ser entendida também como a crítica ao mito enquanto mecanismo de formação educacional, esta interpretação, contudo, não será realizada aqui.

[11] Sugerimos os trechos que se relacionam com as idéias de virtude e justiça expressa por Platão, as quais se contrapõem às pensadas pelos poetas, sob esses aspecto o mito de Er, em nossa perspectiva, constitui um  exemplo de um mito filosófico. Ver República, Cap. X, 611a em diante.

[12] Nesse sentido, veja-se: VERNANT, Jean-Pierre. As Origens do Pensamento Grego. Trad. Ísis Borges B. da Fonsenca – 10ª ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

[13] Utilizaremos como base para as críticas: COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva; Catecismo positivista. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Págs. 119, 120, 121, 122

[14] PESSOA, Fernando; GALHOZ, Maria Aliete. Obra poética. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1969. pg. 364.

[15] JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 3.ed. ver. E ampl. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1996.

[16] ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Moderna, 2003.  Cap. 7, item 6.

[17] Como indicação de leitura para o professor, sugerimos: ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1985.