Pílulas dos acervos do LHTP: Os Diários Associados pedem apoio financeiro aos norte-americanos (1961-62)

O conjunto de documentos datado de março de 1962 é uma conversa confidencial entre o Cônsul Geral dos Estados Unidos em São Paulo e um funcionário do State Department sobre o posicionamento do governo americano em relação a contribuições de empresários estadunidenses ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), e também sobre a ajuda financeira dos Estados Unidos aos Diários Associados, conglomerado midiático fundado por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, que reunia dezenas de jornais, revistas e estações de rádio.

Sobre o primeiro ponto, a posição oficial dos Estados Unidos era de que não poderia haver contribuição financeira a organizações políticas, logo, não era recomendável contribuir diretamente com o IPES. Entretanto, deixam subentendido que contribuições “discretas” poderiam acontecer, já que os objetivos do IPES eram similares aos do governo estadunidense. Sobre os Diários Associados, há um certo receio em liberar o empréstimo solicitado pelo conglomerado midiático, visto que ele não seria mais dirigido pelo fundador. Além disso, os documentos deixam claro haver certa insatisfação pelo possível apoio que os Diários Associados estariam dando à candidatura de Leonel Brizola para o governo do Rio Grande do Sul.

Ainda sobre os Diários Associados, é pertinente destacar outro conjunto documental datado de agosto de 1961, que mostra que o complexo midiático vinha buscando angariar empréstimos do governo dos EUA já havia algum tempo. É interessante destacar, ainda, que houve uma visita de João Calmon e Gilberto Chateaubriand aos EUA para negociar um empréstimo de 5 milhões de dólares, argumentando que o grupo precisava ser salvo para continuar auxiliando o mundo livre e os EUA. Para tornar a proposta mais interessante, eles destacaram a relevância política de manter o grupo funcionando e de aproximá-lo ainda mais aos EUA, já que havia diversos jornais, rádios e canal de televisão importantes que pertenciam ao complexo midiático que era dominante não só no Brasil, mas em outros lugares da América Latina.

É interessante colocar em contraste a atitude desses empresários jornalísticos em 1961-62 com discursos posteriores ao golpe de 1964, quando criticaram o acordo das organizações com o grupo norte-americano Time-Life.

 

 

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