Pesquisas

O trabalho social nas prisões: agentes de pastoral carcerária e membros de conselhos da comunidade (2022)

Este projeto decorre de pesquisas anteriores sobre o trabalho nas prisões, onde buscou-se compreender as repercussões psicossociais de atividades consideradas sem importância ou valor, sujas, estigmatizantes, condenáveis, excludentes ou marginais, aí incluído o trabalho no sistema prisional. Partindo da premissa ergológica de que a atividade de trabalho é fonte ininterrupta de produção de normas e saberes, possui como objetivo geral analisar a atividade de trabalho de trabalhadores sociais nas prisões e a gestão cotidiana das interfaces e tensões que constituem esse trabalho, diante dos desafios de cumprir protocolos e atender as exigências do trabalho real. Será desenvolvido junto a agentes de pastoral carcerária e de membros do conselho da comunidade de Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, onde se localizam o maior nº de unidades prisionais do estado de Minas. Tratam-se de trabalhadores pouco estudados pela Psicologia do Trabalho, em que pese a complexidade dessas atividades e do sistema prisional.

A pesquisa será realizada na perspectiva teórico/metodológica da Ergologia, em dialogo com a Psicossociologia do Trabalho; as noções de trabalho real, atividade, trabalho sujo, negativo psicossocial, implicação, normas e valores serão as orientações iniciais das análises, além de focarmos nossas lentes também na relação trabalho e religião uma vez que a pastoral carcerária é um programa da igreja católica.

Coordenação: Vanessa Andrade de Barros
Participantes: Gabriel Baessa, Mariana Oliveira


Impactos psicossociais do encarceramento no cotidiano das famílias e em sua relação com preso/as e egresso/as (2020)

O universo prisional no Brasil é bem amplo e seus problemas muito complexos, agravados pela falta de políticas efetivas de atenção ao preso, ao egresso do sistema prisional e a seus familiares que, como ouvimos frequentemente em entrevistas, cumprem pena junto com seus próximos. De fato, os efeitos do encarceramento não se restringem aos encarcerados, mas também às suas famílias, como já observamos em nossas investigações junto a familiares nas filas de visita em prisões de Minas Gerais. As vivências desses familiares são múltiplas e ultrapassam os procedimentos burocráticos da prisão: humilhações, estigma, preconceito, vergonha e medo além de sobrecarga financeira. Mas, segundo as mulheres (grande maioria nas filas), elas não podem abandonar seus parentes presos e esperam o dia em que estarão livres. No entanto, como lidar com os impactos do cárcere durante e após o cumprimento de pena? Resultados de pesquisas que realizamos no sistema prisional de Minas Gerais expõem de maneira aclarada enormes dificuldades encontradas pelos familiares e pelo egresso em sua reintegração no mundo do trabalho e na reconstrução de vínculos sociais e afetivos. Como observamos, a prisão deteriora as referências exteriores da vida em liberdade, substituindo-as por elementos e estruturas psicoculturais estranhas ao universo social externo e intimamente relacionado ao ambiente carcerário. Assim, o exercício da liberdade torna-se, em muitos casos, uma difícil tarefa para o ex preso e para seus familiares e amigos/as; na maioria das vezes todos encontram-se sem referências e sem recursos, materiais e simbólicos, para lidar com as adversidades e demais impactos decorrentes da prisão e da carência socioassistencial que enfrentaram intramuros prisionais. Temos constatado, a partir de contatos frequentes com preso/as, egresso/as e seus familiares que conseguir um emprego e mantê-lo é uma difícil empreitada, tanto por aspectos jurídicos: as empresas exigem o atestado de bons antecedentes que os egressos não podem ter; quanto por questões pessoais: falta-lhes muitas vezes a disciplina que o trabalho exige, o corpo não está mais acostumado a uma determinada rotina, o medo assombra o cotidiano, o fantasma de que algo ruim vai acontecer, a sedução da vida com a adrenalina dos atos ilícitos, etc.; o máximo que conseguem são bicos, atividades informais, precárias, sem segurança e sem direitos. Os programas governamentais de referência para egresso/as, por sua vez, não atendem às reais necessidades desse público, não compreendem a realidade de quem passou pela experiência do cárcere e não conseguem intervir de maneira mais efetiva nas situações de vulnerabilidade/precariedade dessas pessoas. Nesse contexto é que propomos esta pesquisa sobre os impactos sócio econômicos, psicossociais e afetivos do encarceramento na vida cotidiana de familiares de pessoas presas e suas repercussões nos processos de reintegração social do/as egresso/as prisionais. Por impactos psicossociais e afetivos referimo-nos às dificuldades, aos transtornos e sofrimentos impostos pela detenção, aí incluída a ausência de assistência social tanto às pessoas presas quanto a seus familiares e às estratégias e recursos utilizados para enfrentar e organizar a vida cotidiana durante e após o cumprimento da pena.

Coordenação: Vanessa Andrade de Barros e Carolyne Reis Barros
Participantes: Cirene de Souza Vespasiano, Daniel Spotorno M. Machado, Dra. Elaine Cristina Pimentel Costa, Dr. Emanuel Meireles Vieira, Dra. Isabella C. Barral Faria Lima, Dr. João Batista Moreira Pinto, Dr. Jorge Tarcísio da Rocha Falcão, Dra. Juliane Venturelli Silva Lima, Kiara Karoline Tardel de Melo, Dra. Liliam Deisy Ghizoni, Lucas Magno Oliveira Porto, Luiza Maximino de Aguiar Peixoto, Mª Constantina Chaves da Silva, Mª Tereza dos Santos, Dr. Nelson Aleixo da Silva Júnior, Rarõ Chaves e Resende, Dra. Renata Monteiro Garcia, Rosemeire Pereira, Mª. Thaísa Vilela Fonseca Amaral, Dra. Thaís Augusta Máximo, Thays C. da Costa Santos, Thiago Antônio de Pádua
Financiamento: Departamento Penitenciário Nacional


Trabalhar nas prisões: o cotidiano de trabalho de agentes carcerários (2014)

O projeto decorre de pesquisas anteriores sobre a relação trabalho e marginalidade, onde buscou-se compreender as repercussões psicossociais de atividades consideradas sem importância ou valor, sujas, estigmatizantes, condenáveis, excludentes ou marginais, aí incluído o trabalho no sistema prisional. Nesse contexto propõe estudar o trabalho dos agentes penitenciários em 08 penitenciárias da região metropolitana de Belo Horizonte, sendo 02 femininas e 6 masculinas. Possui como objetivo geral compreender a realidade de trabalho dos agentes penitenciários, suas repercussões na vida cotidiana e seus impactos psicossociais. Trata-se de categoria profissional pouco estudada pela psicologia do trabalho. Suas condições de trabalho são precárias e padecem de grande sofrimento pelo alto índice de adoecimento físico e mental entre eles relacionado ao trabalho. A pesquisa será realizada na perspectiva teórico/metodológica da Ergologia, em diálogo com a Psicossociologia do Trabalho, onde as noções de trabalho real, atividade, prisionização, trabalho sujo e negativo psicossocial orientarão as análises.

Coordenação: Vanessa Andrade de Barros
Participantes: João Batista Moreira Pinto, Dominique Lhuilier, Xadia Ferreira da Silva, Taina Fernandes Vieira, Marcela Sobreira Silva, Flavia Nunes, Graziele Maia, Lorena de Brito Marcelino Pereira, Mariana Acacio Magalhães, Stephany Santos Miranda.
Financiamento: FAPEMIG
Parcerias Institucionais e Instituições envolvidas no projeto: Secretaria de Estado da Defesa Social de Minas Gerais; Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Direitos Humanos; Instituto DH Pesquisa, Formação e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania

População presa migrante em Minas Gerais: impactos psicossociais do encarceramento e acesso a direitos (2022)

Nesse projeto pretende-se dar seguimento aos estudos realizados neste laboratório sobre migração e encarceramento. As condições desumanas estruturais da prisão são fartamente conhecidas na literatura científica. Em relação à população prisional, poucos dados e ações são direcionados à pessoas presas migrantes, em muitos casos se sabe somente o sexo e a nacionalidade. Em Minas Gerais, são 28 pessoas migrantes presas cumprindo pena em 18 municípios. Diante da ausência de dados, o objetivo desta pesquisa é conhecer as repercussões psicossociais do cárcere na vida de pessoas presas migrantes em Minas Gerais. Os objetivos específicos deste projeto são: descrever a população presa migrante em Minas Gerais; mapear o acesso à direitos desta população e investigar o atendimento realizado por técnicos sociais às pessoas presas migrantes na unidade prisional.

Coordenação: Carolyne Reis Barros
Participantes: Ana Luisa Anjos, Bárbara Faria, Mariana Oliveira
Financiamento:
Parcerias Institucionais e Instituições envolvidas no projeto: Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública


Dinâmicas migratórias dos trabalhadores haitianos em Belo Horizonte: precariedade transnacional (2020)

Neste projeto pretendemos continuar os estudos da relação entre migração e trabalho a partir da condição concreta de vida de trabalhadores haitianos em Belo Horizonte. Estima-se que o Brasil passará a receber cada vez mais migrantes internacionais nos próximos anos, vindo de diferentes localidades (Haiti, Bolívia, Venezuela, Bangladesh). De acordo com dados do Conselho Nacional de Imigração (CNIG) o número de autorizações para trabalhar no Brasil tem aumentado gradativamente desde o ano de 2011.  A nacionalidade haitiana é uma das que configuram um aumento expressivo nas autorizações para trabalhar e viver no Brasil, especialmente após o terremoto de 2010. Minas Gerais, embora não tenha fronteira com outro país, está entre os estados brasileiros que mais recebem haitianos, concentrando-se grande parte na região metropolitana de Belo Horizonte. Nosso objetivo geral é compreender os impactos psicossociais da condição de migrante na trajetória de trabalho dos haitianos em Belo Horizonte. Metodologicamente, pretendemos utilizar entrevistas em profundidade como instrumento de coleta de dados, sendo três mulheres e três homens. Apesar da falta de consenso sobre o objeto de estudo e sobre a definição do fenômeno da migração, existem teorias construídas em diversas disciplinas como a Geografia, Ciências Sociais, Economia e Psicologia que tentam abarcar as diversas perspectivas da migração.  Nosso recorte teórico norteia-se por diálogos entre teorias que tratam da questão migratória para além da questão economicista, que ampliem e percebam os deslocamentos socioespaciais para o trabalho como produtores de sentido, de cotidiano e condições de existência, abarcando assim aspectos psicossociais da migração.

Coordenação: Carolyne Reis Barros
Participantes: Maryana Pereira Jácom, Milena Cristina da Silva Varges, Olívia Helena Cosme Fiorenzano


PLATAFORMA COVID-19 E DIREITOS HUMANOS: SISTEMATIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES E EXPERIÊNCIAS DURANTE A PANDEMIA NAS TEMÁTICAS MIGRAÇÃO E REFÚGIO E SISTEMA PRISIONAL (2020)

Neste projeto pretendemos construir duas plataformas de sistematização de informações e experiências sobre direitos humanos e suas interfaces com os temas da migração e refúgio, e do sistema prisional. São plataformas com públicos diferentes e que possuem em comum a marginalidade diante do acesso aos direitos sociais e a violações sistemática de direitos humanos. Assim, cada plataforma terá informações específicas sobre as informações e experiências de cada temática. A temática sobre migração e refúgio será construída em parceria com o Grupo de Estudos em Cognição, Educação, Imigração e Refúgio (GECEIR/UFMG). A temática sistema prisional será construída pelo Laboratório de Estudos sobre Trabalho, Cárcere e Direitos Humanos (LABTRAB/UFMG). É um projeto de pesquisa-extensão, pois sua dimensão extensionista pretende fornecer informações e divulgar experiências solidárias, possibilitando o acesso à informação e a dimensão da pesquisa pretende avaliar os efeitos das experiências, sistematizar as temáticas debatidas e as orientações teóricas.

Coordenação: Carolyne Reis Barros e Luciane Corrêa Ferreira
Participantes: Jenny Gonzalez, Thays Cristhine da Costa Santos, Yasmin Souki, Mila Moreira


A prisão vista de seu interior: o trabalho dos agentes de segurança penitenciária, dos agentes de pastoral e dos conselhos da comunidade (2016)

Este projeto decorre de pesquisas anteriores sobre a relação trabalho e marginalidade, onde buscou-se compreender as repercussões psicossociais de atividades consideradas sem importância ou valor, sujas, estigmatizantes, condenáveis, excludentes ou marginais, aí incluído o trabalho no sistema prisional. Partindo da premissa ergológica de que a atividade de trabalho é fonte ininterrupta de produção de normas e saberes, possui como objetivo geral analisar a atividade de trabalho de agentes penitenciários e de trabalhadores sociais nas prisões e a gestão cotidiana das interfaces e tensões que constituem esse trabalho, diante dos desafios de cumprir protocolos e atender às exigências do trabalho real. É desenvolvido em 08 penitenciárias da região metropolitana de Belo Horizonte, buscando compreender as interfaces e as tensões inter e intragrupos. Trata-se de categoria de trabalhadores pouco estudadas pela Psicologia do Trabalho em que pese a complexidade dessas atividades e do sistema prisional.

Coordenação: Vanessa Andrade de Barros.
Participantes: João Batista Moreira Pinto, Dominique Lhuilier, Xadia Ferreira da Silva, Thaisa Fonseca do Amaral, Taina Fernandes Vieira, Marcela Sobreira Silva.
Financiamento: CNPQ
Parcerias Institucionais e Instituições envolvidas no projeto:  Instituto DH Pesquisa, Formação e Intervenção em Direitos Humanos e Cidadania; Centro de Apoio Operacional Às Promotorias de Direitos Humanos; Conselho da Comunidade de Belo Horizonte; Pastoral Carcerária de Minas Gerais