Histórico

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGAN-UFMG), criado em 2006 com o curso de Mestrado, e fortalecido em 2014 com a implementação do curso de Doutorado, apresenta uma proposta inovadora no contexto acadêmico brasileiro ao contemplar a interação entre as áreas de Antropologia Social e Arqueologia, estando organizado formalmente a partir dessas duas áreas de concentração. A busca pela interação criativa entre as duas áreas de concentração constitui um diferencial do PPGAN em relação a outros programas de pós-graduação em Antropologia e em Arqueologia no Brasil, usualmente instituídos de forma separada e autônoma.

Essa especificidade interativa advém não somente de uma leitura que reconhece as interfaces entre essas duas áreas na produção do conhecimento acerca da experiência humana enquanto unidade e diversidade, mas também se refere a um histórico específico de desenvolvimento da Antropologia Social e da Arqueologia enquanto disciplinas no âmbito da própria UFMG.

Disciplinas de Antropologia Social são oferecidas na UFMG desde a década de 1960, inicialmente nos cursos de graduação em Ciências Sociais e Sociologia e Política, que funcionavam, respectivamente, na Faculdade de Filosofia e na Faculdade de Ciências Econômicas até o final da década de 1960, quando foi criada a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH), espaço institucional importante para o florescimento da Antropologia na universidade. Na pós-graduação, a Antropologia Social esteve presente – desde a década de 1970 – nos Cursos de Mestrado em Ciência Política e em Sociologia, assim como no Curso de Doutorado em Ciências Humanas: Sociologia e Política, criado em 1993. Através desta atuação, a Antropologia Social na UFMG contribuiu de modo significativo para a formação de gerações de antropólogos, tendo o Bacharelado em Ciências Sociais influenciado o percurso profissional de muitos docentes que hoje compõem o quadro permanente do PPGAN.

Já as disciplinas de Arqueologia têm sido ofertadas na UFMG desde 1975, com o ingresso do professor André Prous na instituição. A primeira atividade realizada foi um curso de especialização em Arqueologia, que formou a primeira geração de arqueólogos profissionais em Minas Gerais, a partir da qual foram contratados mais três pesquisadores. Com seus laboratórios no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, esses quatro pesquisadores, professores do então Departamento de Sociologia e Antropologia, formaram um Setor de Arqueologia articulado à Missão Arqueológica Franco-Brasileira de Minas Gerais. Este setor tornou-se rapidamente em um dos centros de treinamento e pesquisas em Arqueologia mais ativos do país, tendo colaborado de modo muito expressivo para a consolidação desse campo de conhecimento no Brasil.

A inserção institucional por mais de quatro décadas na UFMG, aliada às afinidades temáticas e teóricas, propiciaram uma aproximação dos professores de Arqueologia e de Antropologia Social no âmbito das atividades vinculadas ao então Departamento de Sociologia e Antropologia, levando-os à criação de uma pós-graduação própria em 2006 e, posteriormente, em 2013, a concretizarem o Departamento de Antropologia e Arqueologia (DAA) de forma independente da Sociologia.

Em 2006, a criação do Mestrado em Antropologia com áreas de concentração em Antropologia Social e em Arqueologia decorreu do crescimento e do fortalecimento das duas áreas na UFMG, também expresso pelo incremento do número de docentes, dando um novo impulso ao ensino e à pesquisa neste campo disciplinar no âmbito da UFMG. A consolidação do Programa veio com a criação do Doutorado em 2014, com entrada de 10 alunos e primeiras teses defendidas entre 2018 e 2019 (09 teses no total, sendo 07 da Antropologia Social e 02 da Arqueologia).

A atuação sistemática de docentes em pesquisas variadas permitiu ainda a consolidação de Laboratórios, Grupos e Núcleos de Pesquisa reconhecidos pela UFMG, alguns registrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, a exemplo do GESTA, Laboratório de Arqueologia da FAFICH e GESEX. Os núcleos, grupos e laboratórios têm desenvolvido pesquisas de interesse acadêmico e relevância científica e social, na sua maioria financiadas por agências como CAPES, CNPq e FAPEMIG nas duas áreas de concentração do PPGAN. São eles:

  • Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais – GESTA;
  • Grupo de pesquisa Gênero e Sexualidades – GESEX;
  • Laboratório de Arqueologia da FAFICH;
  • Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sócio-Técnicas – LACS;
  • Núcleo de Estudos de Populações Quilombolas e Tradicionais – NUQ;
  • Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas – LEACH;
  • Laboratório de Ontologias, Sentidos e Afetos– LOSA;
  • Centro Especializado em Arqueologia Pré-Histórica do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (ex-Setor de Arqueologia);
  • Laboratório de Tecnologia Lítica, situado no MHNJB-UFMG;
  • O Laboratório de Etnologia e do Filme Etnográfico (LEFE).