Com profundo pesar recebemos a notícia da partida do nosso amigo e mestre Gregório Baremblitt. Juntamo-nos à linda homenagem escrita por Jorge Bichuetti sobre esse grande guerreiro do devir que nos deixou no dia de hoje:
Gregorio F. Baremblitt, o guerreiro do devir
Jorge Bichuetti
Madrugada de 04/10/2021. Noite silenciosa. Até as lágrimas respeitosamente estão em estado de prece.
Dr. Gregorio F. Baremblitt transvivenciou.
A nossa Terra está mais cinzenta, o céu se intensificou: ele ganhou mais vida, vida que destemida sempre é a coragem da luta e a ousadia do sonho.
É hoje lá, como foi aqui…
Melhor: como é aqui…
Os mestres não passam, os amigos não se ausentam…
Ficam, permanecem… Eternizam-se na potência de suas lições, na boniteza da ternura que lhes marcam a amizade…
Assim, o querido mestre, amado amigo é…
Sempre me encanta vê-lo. Nunca o encontrei longe da fertlidade inventiva. Ou longe da indignação insurgente. Um revolucionário…
Sempre tramando o novo.
Deixa-nos um legado.
O esquizodrama, sim. Mas deixa-nos um jeito de ser… O esquizodrama na vida, sempre… a experimentação da vida… vida que se faz inclusão, liberdade, generosidade, arte, compaixão e solidariedade.
De fato, ele é… Gregorio F Baremblitt, guerreiro do devir, mestre libertário; um amigo, sempre…
Baremblitt, um farol. Sempre corporeando lutas e sonhos, devires amorosos por paz e libertação…
Penso nele toda vez que leio Terra Sonâmbula: “O velho lhe dedica paciências, em paternais maternidades. Sem nunca lhe escapar uma ternura.” Mia Couto.
Assim, é…
Neste momento, dói pensar que ele partiu.
O mundo anda tão cinza, tão medíocre…
O fascismo corrói e cutuca…
Tempos sombrios…
Dói pensar que ele partiu…
Precisamos dele… Precisamos do mestre, do guerreiro… E precisamos muito, muitíssimo, do amigo…
Dói. Em torno, olho e parece um grande campo de concentração…
A necropolítica, o conservadorismo… a miséria… social, existencial, afetiva…
Tempos difíceis.
Será que o infinito não viu nossa realidade?
Respiro, suspiro… No silêncio, calo meus pensamentos. Não é justo deixar o egoísmo nosso de todo dia macular o abraço na hora da partida.
Gregorio vive o momento do passarinho.
E merece voar… Tomar posse da imensidão… Cirandar com as estrelas e dramatizar sonhos e lutas nos territórios sagrados do devir.
O céu do Gregorio é as terras do devir. Como os territórios esquizodramáticos do devir são ilhas do céu no meio do mundo.
Assim, talvez, possamos trafegar por esta dor com serenidade, suavidade.
É partida. E partida com abraço forte, carinho multiplicado… Mas não é adeus.
Temos um ponto de encontro.
Temos caminho que persiste e persistirá sempre como caminho partilhado.
Baremblitt presente!
Vamos estar juntos sempre esquizodramatizando a esperança, multiplicitando o amor, desbravando nos fronts da revolução a paz e a amizade.
Continuaremos… nos encontrando nos portais da realteridade.
E juntos esquizodramaticamente
inventaremos… inventaremos uma nova Terra, novo céu e novo mar…
Uma nova Terra, um novo céu e um novo mar… com o velho e eterno amor, com o devir Baremblitt…
Madrugada, silêncio. Tempo de oração.
Na oração, uma certeza: Gregorio vive…
O amor não morre.
E é com ele que buscaremos canto e prosa para baremblittiar a luta que continua…
Mas agora ainda no aconchego do silêncio apenas uma última palavra:
– Gregorio, leve no carinho deste abraço nossa eterna gratidão!…
E saiba que você ficará… na eternidade da sua obra, no imperecível e cálido ninho que sempre foi e é o devir amoroso do seu revolucionário coração.”
(Via Atahualpa Maciel)