O auditório Carangola é um dos mais recentes auditórios da FAFICH. Até pouco tempo essa era uma sala de aula, mas considerando o tamanho ampliado da sala, foi transformado em auditório, recebendo o nome de Carangola oficialmente em 2018, após uma sugestão dos representantes dos alunos na Congregação da FAFICH.
E por que Carangola? Porque esse era o nome da rua onde antigamente ficava o emblemático prédio da FAFICH.
A FAFICH começou suas atividades em 1939 na antiga Casa de Itália, situada à rua dos Tamoios. Também já ocupou as instalações do Instituto de Educação, quando o governo brasileiro rompeu relações com a Itália, durante a 2ª. Grande Guerra. Depois, foi para o edifício Acaiaca, onde ocupou, por mais de uma década, quatro andares. Finalmente na década de 1960, a Faculdade de Filosofia transferiu-se para o prédio da Rua Carangola, número 288, no bairro Santo Antônio onde ficou até 1990. O predio da rua Carangola foi tombado em 2014 como símbolo da resistência ao regime militar que se instalou no país em 1964 e existe um projeto para abrigar o Memorial da Anistia.
O prédio da rua Carangola guarda muitas histórias e muitos afetos por quem ali passou. Foram 30 anos abrigando os cursos da FAFICH e muitos professores e funcionários que por ali passaram, ainda estão na FAFICH e sempre trazem à tona essas lembranças. O prédio da Carangola foi palco também de resistência durante o período da ditadura militar.
Para quem não sabe, em 5 de outubro de 1968, o predio da Carangola foi cercado pela Polícia Militar que ameaçava entrar para prender o presidente do Diretório Acadêmico (DA) da Fafich, à época o estudante de história Waldo Silva, e outros líderes estudantis, que se encontravam no subsolo do prédio, organizando a viagem ao Congresso da UNE (União Nacional de Estudantes).
Esse foi um dos grandes episódios de resistência política da Universidade à ditadura. Do subsolo, os estudantes foram para os andares mais altos da Fafich (7º e 8º) e, no caminho, montaram barricadas nas rampas internas, com carteiras e mesas recolhidas nas salas de aula. Os elevadores foram desligados e apenas uma linha de telefone foi mantida, para que os entrincheirados pudessem se comunicar. Aos integrantes da União Estadual de Estudantes (UEE) juntaram-se os demais alunos que assistiam às aulas no dia, além de professores e funcionários. Calcula-se que mais de 700 pessoas ficaram sitiadas no prédio. Aos poucos, os parentes dos estudantes começaram a se juntar, do lado de fora, em busca de notícias.
A resistência dos alunos, professores e funcionários e a coragem e habilidade do professor Pedro Parafita de Bessa à época diretor da FAFICH, impediram a invasão. Entre outras coisas, Bessa e os sitiados rejeitaram sumariamente a proposta dos militares de levantar o cerco em troca de Waldo e de outros nove líderes do movimento estudantil. Após muitas negociações e uma carta da direção da Fafich negando a existência da reunião clandestina, o cerco foi levantado. Já era noite em Belo Horizonte quando os estudantes começaram a sair do prédio, ainda temerosos de que tudo não passasse de um truque.
A saída foi emblemática do espírito de solidariedade que unia a comunidade acadêmica contra as ingerências da ditadura na Universidade. Os professores foram os responsáveis por tirar do prédio os alunos mais visados e levá-los para locais seguros.
O professor Bessa, diretor da FAFICH na época, foi fundamental nesse processo de impedir a entrada dos militates.
Provavelmente em razão disso, foi vítima da ditadura militar. Pouco tempo depois dessa tentativa de invasão da Polícia Militar, em 1969, Bessa foi aposentado compulsoriamente pelo governo militar, através do Ato institucional no. 5.