Muitos imaginam que esse auditório pertença à Faculdade de Letras, já que estamos bem aos fundos da cantina da Letras. Porém, esse é um auditório que pertence à FAFICH e na verdade, nem poderia ser diferente, já que Sônia Viegas foi uma professora do curso de Filosofia, entre 1966 a 1985, e foi muito importante e querida para a FAFICH e para a UFMG. Sônia lecionou na UFMG por 22 anos, até sua morte prematura, aos 45 anos, em 1989, causada por um câncer de mama.
Sônia Viegas também foi aluna da FAFICH. Ela concluiu em 1966 o curso de graduação em Filosofia na UFMG, e em 1977 concluiu o mestrado em Filosofia, sob direção do então professor Henrique Claudio de Lima Vaz, o Pe. Vaz. Sua dissertação, intitulada A palavra poética e a palavra filosófica no Grande Sertão: Veredas, foi posteriormente transformada em livro com o título Vereda trágica do Grande Sertão: Veredas (1985). Nesta obra, Sônia examina a estreita relação entre literatura e filosofia e faz emergir, mediante o exame do itinerário de Riobaldo, o caráter trágico da existência humana.
Sua atividade intelectual, assim como a docente, se desenvolveu em diferentes campos da investigação filosófica, e, mais particularmente, nas áreas da Estética e da Filosofia da Arte, da Antropologia e da Fenomenologia. Em diversos tipos de registros, escritos e em aúdio, sua obra constitui um rico acervo de reflexões acerca da cultura em suas mais variadas expressões, compreendendo as artes plásticas, o cinema, o teatro, a dança e a literatura. Os seus cursos na Universidade, sempre muito concorridos, eram frequentados não só por estudantes universitários, mas, também, por pessoas vindas das mais diferentes profissões e segmentos da comunidade de Belo Horizonte.
Para atender à demanda da comunidade externa à universidade, Sônia criou em 1986 o Núcleo de Filosofia, espaço em que ela própria e outros colegas ofereceriam cursos de introdução à Filosofia, historia e filosofia da arte, entre outros. Na década de 90, Sônia criou e foi protagonista do “Cinema Comentado”, evento que foi uma experiência pioneira naquela época, em que, após a projeção de um filme, era apresentado um comentário a partir do qual se convidava os presentes a uma conversa e a uma reflexão sobre os temas e questões suscitados pelo filme. Este evento foi um marco na história cultural de Belo Horizonte. O livro Cinema Comentado reuniu alguns dos comentários apresentados no quadro deste evento. Boa parte de seus escritos foram reunidos em uma coletânea organizada pelo Professor Marcelo Marques e publicada em 3 volumes em 2009. Mais recentemente, um perfil biográfico da professora, de autoria de Miriam Campolina Diniz Peixoto, foi publicado na coleção BH Perfis (2019) com o titulo Sônia Viegas. Uma pensadora da Cultura.
Com todas essas informações a gente pode ver que Sônia Viegas foi uma pessoa muito importante para se pensar a relação entre cultura e filosofia, para estabelecer um diálogo não só com os alunos, mas com toda a comunidade externa à UFMG e por isso não poderia deixar de ser homenageada, dando nome a um dos auditórios da FAFICH.