Luiz de Carvalho Bicalho também foi aluno e professor da FAFICH. Foi estudante quando essa unidade ainda era conhecida como FAFI – Faculdade de Filosofia. Começou os estudos em 1941 e terminou em 1943, o bacharelado em Filosofia.
Bicalho foi militante do Partido Comunista do Brasil no período 1945-1958, tendo no curso dos anos cinquenta integrado o Comitê Regional de Belo Horizonte, e, segundo os registros, chegou a ser Secretário de Massas, com o codinome Pedro, ao qual se somou Badu, este mais “popular” como ele comentava e lembram ainda as pessoas mais chegadas.
Dois anos depois do Relatório Kruschov (1956), ele se afastou do Partido, mas continuou ligado ao ideário de esquerda, evidenciando em suas ações a tentativa de aliar a “indagação filosófica e a práxis política”, como ressaltam seus biógrafos, buscando a companhia de Sartre, para além da de Marx.
Afastado do PCB, passou a dedicar-se à vida acadêmica, tendo acumulado as funções de professor de filosofia do Colégio Aplicação da antiga FAFICH (1959-1962), do Colégio Municipal (1958-1980), da FAFICH num primeiro período (1960-1962), seguido de uma experiência de cerca dois anos na UnB (1962-1963), tendo voltado à UFMG no segundo semestre de 1963, onde permaneceu até se aposentar em 1988.
Ressalte-se ainda, que Bicalho foi um dos fundadores da UnB, integrando a equipe de Darcy Ribeiro, ocasião em que assumiu o cargo de primeiro Diretor da Secretaria Geral dos Cursos, correspondente nos dias de hoje ao de pró-reitor de graduação da UFMG (março de 1962 a agosto de 1963, quando rompeu com Darcy Ribeiro e voltou para Belo Horizonte),
Ao longo de seu trabalho a na UFMG, participou ativamente da implantação do programa de pós-graduação em filosofia (mestrado), com seus cursos sobre O Capital de Marx, em plenos anos de chumbo, atraindo estudantes de várias áreas da UFMG. Paralelamente, foi uma presença constante nas greves e nos movimentos dos professores, quando ajudou a fundar a APUBH. Além de coordenador do mestrado (1980-1982), concorreu em 1982 ao cargo de Diretor da FAFICH, tendo sido o mais votado nas eleições gerais e na Congregação; contudo, não foi indicado pelo Conselho Universitário da UFMG e, portanto, não foi nomeado pela então Ministra da Educação do Governo Figueiredo.
Já aposentado, Luiz de Carvalho Bicalho foi homenageado em 1989 pela Congregação da FAFICH em sessão solene comemorativa do cinquentenário da Faculdade, pela “relevante contribuição a esta casa”.
Em 1994 a Congregação concedeu-lhe o título de professor emérito da Faculdade, tendo sido as saudações publicadas na revista Kriterion em 1995, n. 91.
Muito estimado pelos colegas e estudantes, vivendo cercado por estes nos cursos e nos bares das redondezas da Rua Carangola, onde estava localizada a velha FAFICH, Bicalho era um exemplo de inteligência viva, generosidade intelectual e intelectual público engajado, como nas Diretas-Já, ao seguir os caminhos de Sartre e de Marx, nos quais se espelhava e buscou seus modelos.
O Auditório Luiz de Carvalho Bicalho é mais homenagem da Faculdade à sua memória e ao seu exemplo.