A pesquisa arqueológica com viés antropológico na região Antártida teve início na expedição de 1995-1996, como consequência do descobrimento casual de uma caverna com estruturas e materiais arqueológicos na Península de Byers, Ilha Livingston, por parte da equipe de geólogos do Instituto Antártico Argentino, dentre eles Andrés Zarankin. O professor é atualmente o coordenador do Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas (Leach) da FAFICH-UFMG.
O Leach é um grupo de pesquisas antropológicas e arqueológicas sobre a Antártida que busca analisar e conhecer as estratégias de ocupação humana nesse continente, desde o seu início, com os foqueiros, até o presente.
Em 2006, Zarankin começou a atuar na UFMG e em 2009, a pesquisa antropológica englobada pelo projeto Paisagens em Branco foi iniciada, também dentro na universidade mineira. Logo no ano seguinte foram iniciadas as expedições, financiadas pelo Programa Antártico Brasileiro, o Proantar, do CNPq.
Um dos focos atuais da pesquisa está no estudo das práticas cotidianas dos homens que ocuparam temporariamente essas terras. O Leach detém hoje o maior acervo arqueológico mundial de foqueiros e baleeiros advindos das expedições realizadas no continente Antártico.
O projeto conta, além da participação de arqueólogos e antropólogos, com a participação de estudantes tanto da graduação quanto da pós graduação da UFMG. Dentre as outras áreas que auxiliam o grupo estão alunos das Ciências Sociais e também do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.
Em todos os últimos cinco anos, com exceção apenas de 2013, o projeto realizou expedições para a Antártida e neste ano não será diferente. Um grupo composto por um antropólogo e um aluno da pós-graduação em Antropologia partirá em novembro rumo ao extremo sul do globo com o objetivo de estudar a construção das relações de gênero na Antártida e tem retorno marcado para dezembro. Neste mesmo mês irá também o grupo da Arqueologia, num total de três arqueólogos, dentre eles, Andrés Zarankin, para a exploração de locais não visitados nas Ilhas Shetlhand do Sul em procura de novos sítios arqueológicos. Já em janeiro partirá o último grupo dessa etapa de expedição, para a qual serão enviados quatro arqueólogos, que farão um relevamento em 3D dos sítios arqueológicos na Península Byers, Ilha Livingston, Ilhas Shetlhand do Sul, com retorno previsto para fevereiro de 2016.
Segundo Zarankin devido à união entre um campo de pesquisa que gera grande interesse, Antropologia, e a Antártida, um continente que atrai a todos, o Leach ganhou visibilidade na mídia, aparecendo em diversos veículos nacionais e até mesmo internacionais e mais uma vez temos a oportunidade de dar visibilidade a um projeto de pesquisa de sucesso em um campo até então pouco explorado.
Fotos: Acervo do Leach