Criado em 2005 o NuQ (Núcleo de Estudos em Populações Quilombolas e Tradicionais) é um núcleo de pesquisa, extensão e formação acadêmica vinculado ao Departamento de Antropologia e aos programas de Pós-Graduação em Antropologia e Arqueologia da UFMG, que surgiu a partir do interesse de alunos em criar um grupo de estudos ligado a essa temática aliado a contribuição da professora Deborah Lima.
O NuQ reúne pesquisadores interessados em populações quilombolas e tradicionais (ciganos, ribeirinhos, povos do santo, grupos urbanos afro‐brasileiros, vazanteiros, dentre outros), dentro de uma perspectiva interdisciplinar. O objetivo do NuQ é de ser um espaço de formação, extensão e pesquisa sobre questões sociopolíticas relacionadas a povos etnicamente diferenciados, atuando especialmente no campo das políticas para as comunidades quilombolas e tradicionais.
O NuQ é formado por professores e alunos ligados a área de antropologia e afins, tanto da UFMG, quanto de outras universidades, como a UnB, Unicamp e USP. O grupo se construiu em um caráter mais informal, e atualmente apenas a fundadora está vinculada oficialmente. As reuniões, palestras e encontros são abertos e a participação e a contribuição de acadêmicos e alunos é espontânea. Alguns docentes, no entanto tem uma contribuição mais assídua como os professores Leonardo Fígoli(UFMG), Ana Lúcia Modesto(UFMG) e Daniel Schroeter Simião (UnB).
O grupo ocupa um lugar de destaque nos debates sobre a temática quilombola e é hoje uma das referências nacionais tendo realizado em contrato com o INCRA-MG (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Minas Gerais) quatro Relatórios Antropológicos: das Comunidades de Mumbuca (Jequitinhonha/MG), Marques (Carlos Chagas/MG), Mangueiras (Belo Horizonte/MG) e Luízes (Belo Horizonte).
Atualmente aequipe está trabalhando na criação da coleção Terras de Quilombos, um conjunto de livretos que contém narrativas a respeito da formação, do modo de vida e das lutas travadas por comunidades quilombolas brasileiros para se manter em seus territórios tradicionais. De acordo com o site do projeto a proposta é de divulgar e criar uma linguagem pública sobre as terras de quilombo, que são até hoje pouco conhecidas, apesar de representar um segmento considerável da população brasileira. Além disso, essas comunidades ainda sofrem com uma herança discriminatória e muitas injustiças que vem desde os tempos da escravidão no país. O projeto foi desenvolvido em parceria com INCRA, MDA e o DCP a partir de relatórios antropológicos.
Outro projeto recente foi o Catálogo das Expressões Culturais Afro-Brasileiras de Belo Horizonte que consiste na realização de pesquisa sobre os grupos culturais e religiosos afro da cidade para levantamento quantitativo, histórico, aspectos antropológicos de sua atuação, entre outras informações relevantes para um melhor conhecimento dos mesmos. Estes grupos contribuíram e contribuem ativamente para a preservação da cultura e identidade negra na cidade de Belo Horizonte. Apesar disso, este é um universo pouco pesquisado e, consequentemente, pouco conhecido tanto por pesquisadores quanto pelo poder público.